quarta-feira, 10 de março de 2010

Lendo e Compreendendo Sobre Moisés

Bíblia não diz que a ordem de faraó de matar os filhos homens dos israelitas foi cumprida.

Sifrá e Puá, eram as duas parteiras hebréias a quem Faraó deu esta ordem nefanda. “Quando servirdes de parteiras às hebréias, examinai. Se for filho, matai-o. Mas se for filha, que viva”. (Êxodo 1.16).

As parteiras, porém, temeram a Deus, e desobedeceram aquela ordem. Por causa disto Deus as abençoou muito e lhes concedeu uma bênção especial. “e porque as parteiras temeram a Deus, Ele LHES CONSTITUIU FAMÍLIA”. (Êxodo 1.21).

Por que será que Deus constituiu família para aquelas parteiras? É claro que, se Ele lhes constituiu família, é porque antes elas não tinham famílias.

Seriam por acaso, casadas, mas estéreis? Seriam solteironas que haviam abraçado a profissão de parteira como sublimação? Seriam elas irmãs?

É muito provável que eram ambas casadas, mas estéreis, e que, ao preservarem as crianças hebréias, ganharam do senhor a bênção de terem suas vidas enriquecidas com filhos.

A Bíblia não diz que o cesto onde Moisés foi colocado saiu boiando pelo rio Nilo.

São muitas as pregações e estudos bíblicos que falam do episódio do nascimento de Moisés e de ele ter sido encontrado pela filha de Faraó.

Nestas narrativas em sermões, estudos e livros, contam que Moisés foi colocado em um cesto bem forrado e calafetado e ele foi colocado à deriva no rio.

A filha de Faraó não desceu ao Nilo para tomar banho, uma vez que ele era infestado de crocodilos e isto era um perigo muito grande. A Bíblia diz que ela desceu para lavar-se.

Quando Moisés, com três meses, foi colocado no cesto, a Bíblia não diz que ele foi lançado nas águas. Nossas traduções em português, umas dizem que ele foi colocado em um “carriçal” e a outra diz que ele foi colocado “nos juncos”. Ambas dizem que ele foi colocado À BEIRA DO RIO e não dentro dele. Confira Êxodo 2.1-5 e você terá a confirmação disto.

A Bíblia não diz que Moisés nada sabia de sua ascendência judaica.
Isto é uma deslavada ilusão, pois quem cuidou de Moisés durante os primeiros anos de sua vida foi a própria mãe dele, paga pela filha do Faraó. Em Atos 7.23-25 lemos algo que mostra, com clareza que Moisés conhecia muito bem a sua origem. “E, quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe ao coração ir visitar seus irmãos, os filhos de Israel. E, vendo maltratado um deles, o defendeu, e vingou o ofendido, matando o egípcio. E ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão; mas eles não entenderam”. Em Hebreus 11.24, lemos também: “Pela fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó”.

A Bíblia não diz que Moisés era um dos candidatos ao trono faraônico.

A Bíblia não diz nada a este respeito. Não existe qualquer razão para crer-se que Moisés, pelo fato de ter sido adotado, tornou-se herdeiro da coroa. Como os monarcas naquele tempo geravam muitos filhos, nada indica que faltava algum herdeiro masculino para a coroa.

A Bíblia não diz que Moisés viveu a vida inteira com sua esposa Zípora.

“E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o Senhor o encontrou e o quis matar. Então Zípora tomou uma pedra aguda, circuncidou o prepúcio de seu filho, o lançou a seus pés e disse. Certamente me és um esposo sanguinário. E DESVIOU-SE DELE. Então ela disse. Esposo sanguinário, por causa da circuncisão”. (Êxodo 4.24-26).

Este curto relato parece ter sido algo tremendamente decisivo na vida de Moisés e Zípora, algo que mudou um bocado seus destinos. Depois deste incidente, não vemos mais Zípora seguindo com Moisés para a missão tão grande que ia ser realizada no Egito.

Moisés simplesmente mandou-a de volta para a casa do sogro. Muito tempo depois, já tendo tirado o povo do Egito, Moisés passa novamente por Midiã e ali encontra-se com o sogro. Vamos ver o que aconteceu então.

“Ora, Jetro, sacerdote de Midiã, sogro de Moisés, ouviu todas as cousas que Deus tinha feito a Moisés e a Israel seu povo. Como o Senhor tinha tirado a Israel do Egito. E Jetro, sogro de Moisés, tomou a Zípora, a mulher de Moisés, DEPOIS QUE ELE LHA ENVIARA.

"Veio Jetro, sogro de Moisés, com os filhos e a mulher deste, a Moisés no deserto onde ele se achava acampado, junto ao monte de Deus, e mandou dizer a Moisés. Eu, teu sogro Jetro, venho a ti, com a tua mulher e seus dois filhos”. (Êxodo 18.1-6).

Vemos, pois, sem qualquer sombra de dúvidas, que Moisés tinha mandado Zípora de volta. Depois disto, Moisés fala com Deus no monte Sinai, segue adiante sua jornada e missão, e não vemos mais qualquer referência a Zípora.

Parece, então, que ele a deixou definitivamente. Em outra ocasião vemos que Moisés necessitou de uma companheira e ele simplesmente casou-se novamente. Eis o relato.

“E falaram Miriã e Aarão contra Moisés, por causa da mulher cusita que tomara, porquanto tinha tomado a mulher cusita”. (Números 12.1).

"Cusita”, refere-se ao povo da Etiópia, país da África, de pele negra como o azeviche. Não podemos afirmar que havia, implícita na revolta de Miriã e Aarão contra Moisés, qualquer preconceito racial ou étnico. Talvez estivessem querendo ser mais santos do que Moisés, o que demonstra o contexto.

Recente publicação evangélica, em sua seção de Perguntas e Respostas, respondendo a uma pergunta de certo leitor a respeito deste assunto, afirma que Zípora e a mulher cusita ERAM A MESMA PESSOA!!!

Observando um mapa das terras da Antigüidade, descobrimos que Midiã estava muito distante da Etiópia, sendo totalmente impossível tal possibilidade.

A Bíblia não diz que o Faraó sobreviveu à destruição de seu exército no Mar Vermelho. Isto é uma inverdade completa, pois o faraó e seus soldados morreram ali. Veja o que diz Êxodo 14.28 e o Salmo 136.15. “Porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nenhum deles ficou”. “Mas derrubou a Faraó com o seu exército no Mar Vermelho; porque a sua benignidade dura para sempre”.

A vara de Moisés não virou serpente diante do Faraó.

É muito comum acreditar-se, e até muitos pregam, que Moisés lançou a vara DELE diante de Faraó e ela se transformou em serpente. Isto, porém, JAMAIS ACONTECEU! A vara que se transformou em serpente foi a de Arão e não a de Moisés. Foi Arão quem lançou a vara diante de Faraó, por ordem de Deus, através de Moisés.

O mais incrível, porém verdadeiro, é que foi Arão também quem tocou com a vara nas águas, as quais se transformaram em sangue. Confira com o texto da Bíblia:

"E o Senhor falou a Moisés e a Arão, dizendo: Quando Faraó vos falar, dizendo: Fazei por vós algum milagre, dirás a Arão: Toma a TUA vara, e lança-a diante de Faraó, e se tornará em serpente. E Faraó também chamou os sábios e encantadores e os magos do Egito fizeram também o mesmo com os seus encantamentos. Porque cada um lançou sua vara e tornaram-se em serpentes. mas A VARA DE ARÃO tragou as varas deles.

Disse mais o Senhor a Moisés: Dize a Arão: Toma tu a vara, e estende a tua mão sobre as águas do Egito, sobre as suas correntes, sobre os seus rios, sobre os seus tanques e sobre todo o ajuntamento das suas águas, para que se tornem em sangue. e haja sangue em toda a terra do Egito, assim nos vasos de madeira como nos de pedra.

E Moisés e Arão fizeram assim como o Senhor tinha mandado. e levantou a vara, e feriu as águas que estavam no rio, diante dos olhos de Faraó, e diante dos olhos de seus servos e todas as águas do rio se tornaram em sangue." (Êxodo 8-12,19,20).

Além disso, foi Arão quem, por ordem de Deus, fez vir rãs sobre o Egito e feriu o pó da terra, transformando-o em piolhos.

Moisés esteve presente quando tudo isto aconteceu. Porém, foi pelas mãos de Arão, seu irmão, e com a vara de Arão e não pelas mãos de Moisés e com a vara de Moisés que tais coisas aconteceram. Veja também este texto:

"E disse mais o Senhor a Moisés: Dize a Arão: Estende a tua vara e fere o pó da terra, para que se torne em piolhos por toda a terra do Egito. E fizeram assim: porque Arão estendeu a sua mão com a sua vara e feriu o pó da terra, e havia muitos piolhos nos homens e no gado. todo o pó da terra se tornou em piolhos em toda a terra do Egito." (Êxodo 8:16,17).

Houve uma praga, a das úlceras, sobre os homens e os animais, que foi gerada por cinza do forno, que Moisés e Arão tomaram seus punhos cheios e MOISÉS a lançou para cima. (Êxodo 9:8-10).

As pragas que foram concitadas por Moisés, foram: a das úlceras, conforme vimos acima, a da saraiva (Êxodo 9:23)., a dos gafanhotos (Êxodo 10:13). e a das trevas (Êxodo 10:22). Portanto quatro pragas. Arão, por sua vez, concitou três pragas. Isto soma sete pragas. E as outras três?

As outras três foram realizadas diretamente por Deus, sem qualquer um dos dois varões - Moisés ou Arão - levantarem a mão ou utilizarem a vara. Estas foram: a praga das moscas, a da peste nos animais e a da morte dos primogênitos.


quinta-feira, 4 de março de 2010

E, após tudo isto, se fez assim...

Final de batalha, momento de recolher a bandeira, de abandonar os mortos, de contar os vivos, de entoar um cântico de choro ou riso.

No caminho de volta se vê uma trilha de sangue e suor marcado de pólvoras e dor. O que resta agora é pôr as medalhas no que sobrou, onde cada membro arrancado vale uma medalha, menos um membro uma medalha a menos, dois membros duas medalhas.

O campo de batalha já virou passado estará apenas na memória dos vivos à lembrança dos mortos.

Se houve algum enterro é pouco provável, se existe algum ressentimento é quase impossível, pois, na memória de cada sobrevivente só existe a certeza do dever cumprido. E, para que está voz de comando seja executada não há nada ou ninguém que possa impedir, ainda que pereçam vidas, mesmo que desabem sonhos, por mais que rolem as lágrimas.

Estes são os dominadores deste mundo, todos com o mesmo perfil, desde, o início dos tempos, autoritários, soberbos, bárbaros, algozes de crianças, velhos e jovens, pessoas ingratas, mentirosas, e insensíveis.

É, assim, como nos sentimos em nossas batalhas interiores, o campo de batalha é a nossa mente, nossas bandeiras são os nossos ideais, os mortos são as nossas decepções, os vivos são as nossas conquistas.

E ao final de cada conflito que travamos com o nosso maior inimigo, um ser invisível, silencioso, chamado “consciência”, seremos contados entre os mortos ou vivos. Receberemos medalhas por nossas vitórias ou seremos abandonados com os nossos fracassos. É a luta diária de o Homem ter de matar ou morrer.

Então, certo dia, Alguém alertou para que não ajuntássemos tesouros neste mundo, onde a traça, a ferrugem e o ladrão se apossam, mas, para que ajuntássemos nosso tesouro num lugar onde a traça, a ferrugem e o ladrão não podem roubar. Todavia, este lugar seguro continua sendo rejeitado, e poucos são os que têm guardado lá o seu depósito.

E, se aproxima o tempo onde Aquele que julgará este mundo virá. E aquele Grande Dia virá como um ladrão. E terrível coisa será se o nosso depósito não estiver bem guardado nas mãos Daquele que têm as chaves da Vida e da Morte.

Então, guardemos o nosso depósito nas mãos do Único que pode guardá-lo, até o Grande Dia, a saber, Jesus Cristo.


Amém!








Rio 03/03/2010
23h21min
4° Feira.

segunda-feira, 1 de março de 2010

A Impaciência de Jó

"Porque não morri ao nascer? Por que não expirei ao sair do ventre? [...] ou por que não fui oculto no chão como um aborto, como uma criança que nunca viu a luz?" (3:11, 16)

Pobre Jó! O homem cuja paciência é tão citada e admirada, na verdade, por muitas vezes a perdeu completamente. É tola a tentativa moderna de querer transformar Jó num sofredor resignado. Ele nunca o foi. É verdade que em um momento declarou: "O Senhor deu e o Senhor o to­mou; bendito seja o nome do Senhor" (1:21), mas também é verdade que em outros momentos ele reclamou de Deus: "Clamo a Ti, ó Deus, mas não me respondes; ponho de pé, mas para mim não atentas. Tomas-te Cruel para comigo; com a força da tua mão me atacas" (30:20, 21).

Jó não compreendia o que estava acontecendo, afinal tudo aquilo não tinha lógica. "Porque estou sofrendo?". Era o seu conflito. O homem de Uz que no passado considerava-se protegido e guiado por Deus, que era farto e próspero e cuja vida fora respeitada por jovens, anciãos, príncipes, pobres, viúvas, órfãos, necessitados, estrangeiros, além de ser temido pelos inimigos (29: 1­-25).Ora, este homem que outrora tão importante e destacado fora, no presente amarga o desprezo de muitos que o conhecia (30:1-31).Jó, que estava sendo provado por Deus, não suportando seu sofrimento amaldiçoa o próprio nascimento: "Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!" (3:3).

Jó sentia-se afligido por Deus, sentia-se entrincheirado sem ter por onde escapar. Vejamos a sua agonia:

"Sabei que Deus é quem me oprimiu, e com sua rede me cercou. Embora eu clame: Violência! Não sou ouvido; embora grite por socorro, não há justiça. O meu caminho Ele entrincheirou, e não posso passar; nas minhas veredas pôs trevas. Da minha honra me despojou, e tirou da minha cabeça a coroa; quebra-me de todas os lados e eu me vou; arranca a minha esperança, como a uma árvore. Faz inflamar contra mim a sua ira, e me considera como um de seus inimigos.

Juntas vêm as suas tropas; preparam contra mim os seus caminhos, e se acampam ao redor da minha tenda. Pôs longe de mim a meus irmãos; os que me conhecem torna­ram-se estranhos para mim. Os meus parentes me aban­donaram; os conhecidos se esqueceram de mim. Os meus domésticos e as minhas servas me têm por estranho; vim a ser estrangeiro aos seus olhos. Chamo a meu criado, e ele não me responde; tenho de suplicar com a minha boca. O meu hálito é intolerável à minha mulher; sou repugnante a meus próprios irmãos. Até os pequeninos me desprezam; levantando -me eu falam contra mim. Todos os que eu amava se tornaram contra mim" (19:6-19). Estas não são palavras de um homem equilibrado, paciente e resignado, e sim de alguém totalmente furioso e esgotado, à beira do precipício emocional. Ele sentia-se injustiçado por Deus, abandonado pelos amigos e parentes, incompreendido por Elifaz, Bildade e Zofar que não fizeram outra coisa senão acusá-lo. O rancor tomou conta de seu coração: " Por que não morri?"Sua pergunta reflete a sua ira, sua inconformidade e seu deses­pero.

Gosto desse Jó! Pois seu drama é semelhante aos nossos no que diz respeito à incapacidade de reagir com serenidade aos conflitos da vida, principalmente quando sua causa é sem sentido e misteriosa.

Gosto de Jó porque ele não finge um estado de contentamento; gosto de Jó porque ele não tem medo de expor sua raiva e discordância quanto aos eventos trágicos que lhe sobrevieram; gosto de Jó porque ele não é um holograma, uma miragem, uma abstração; gosto de Jó porque ele é humano; gosto de Jó porque ele sabe chorar e sentir dor; gosto de Jó porque ele se revolta; gosto de Jó porque ele não passa um verniz espiritual em seu rosto; gosto de Jó porque ele é sincero com Deus e Deus o entende; gosto de Jó porque ele se parece comigo; gosto de Jó não por causa de sua paciência e sim pela sua impaciência, sua luta com Deus, seu desabafo e seus desaforos. Jó esperava "grandes coisas" da parte de Deus e, quando, ao invés dessas grandes coisas, o que veio foi derrota, morte, luta, prostração e dor, ele se fere, assim como acontece também conosco. Gosto de Jó porque me identifico com ele, pois sua reação é parecida com a de milhares de crentes que também choram e sangram machucados com as provações que encaram no caminho da fé.

Jó é um belo e clássico exemplo de que as Escrituras Sagradas não omitem a fragilidade dos eleitos de Deus. A Palavra de Deus expõe tanto a virtude como a fraqueza dos homens de fé. Se as Escrituras apresentassem apenas um Jó concentrado, calmo, paciente e esperançoso, ele seria inatingível do ponto de vista humano. Ele seria inaccessível à maioria dos mortais e, com certeza, seu testemunho nos envergonharia, pois ficaríamos decepcionados conosco por não conseguirmos reproduzir sua reação heróica.

Precisamos aprender a lidar com a nossa humanidade, pois é a nossa natureza; com os nossos erros, pois os come­temos; com as nossas dúvidas, pois as temos, afinal como disse Philip Yancey, "onde não houver espaço para dúvida, também não haverá espaço para fé". Precisamos entender que Deus não retira o seu favor quando não alcanço o ideal cristão de comportamento (se é que existe algum).A nossa forma de olhar para os nossos irmãos, infelizmente, ainda é católico-romana e não ju­daico-protestante. O catoli­cismo romano insiste na idéia de santos que viveram uma vida sem pecado enquanto estiveram na terra. A tradição judaico-protestante, no entanto, à luz das Escrituras, reconhece os modelos de fé sem, contudo, lhes tirar a humanidade, a fraqueza e a dúvida. O autor de Hebreus, por exemplo, no capítulo 11, não titubeia em apresentar um bêbado, um mentiroso, um trapaceiro, um covarde, um lascivo, um adúltero e assas­sino, uma prostituta (entre outros), como homens e mulheres de fé grandiosa, mas que em algum momento de suas vidas, por circunstâncias diversas, fracassaram na conduta moral, e, ainda assim, Deus os amava.

As Escrituras poderiam apresentar muito bem um Jó distante do sofrimento e imune a própria revolta, porém sendo "O Livro de Deus", o apre­senta como realmente é: santo e pecador; paciente e impa­ciente; resignado e descontro­lado; cheio de fé e esvaziado dela.

A vida de Jó mais do que um exemplo é um consolo, pois revela um Deus amigo e miseri­cordioso que compreende o destempero humano. É digno de nota que Deus, quando enfim entra no debate com Jó, não o acusa (38:2-41:34). Deus o repreende, mas não o con­dena. Apesar da explosão de ira e das acusações feitas por Jó, Deus não o maltrata, pois conhecia o seu servo querido, sabia que as duras palavras proferidas partiam de um coração cansado por tanta dor e desprezo. Deus conhece a nossa estrutura (Salmos 103:14).

Jó tentou, mas não conseguiu reagir com fé e temperança todo o período da crise. Ele falhou, mas Deus não se importou com suas falhas. A opinião de Deus a nosso respeito não muda quando fracassamos. É claro que a proposta de Deus para nós é uma vida de retidão; Deus não se agrada do pecado. Entretanto, quando erramos Ele está no mesmo lugar onde sempre esteve oferecendo perdão e a chance para recomeçar. Ele nos ama e o que nos basta é a sua graça (2 Co. 12:9). Fiquemos com o sábio conselho do jovem Eliú quando insistiu com Jó a confiar na maravilhosa graça e no perdão de Deus:

"Pequei e perverti o direito, mas não fui punido como merecia. Deus livrou minha alma de ir para a cova, e viverei para ver a sua luz. Tudo isto é obra de Deus, duas a três vezes para o homem, para desviar a sua alma da perdição para que a luz da vida brilhe sobre ele" (33:27-30).

Jó saiu de sua provação com uma nova impressão de Deus; o Senhor agora lhe era real: "com os ouvidos ouvira falar de Ti, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza" (42:5-6). Jó compreendeu pela experiência que Deus é a fortaleza dos fracos, o refúgio dos cansados; aprendeu que até os retos e íntegros também sofrem; aprendeu que mesmo que sejamos infiéis Ele permanece fiel; aprendeu que na nossa impaciência, Ele mantém sua paciência conosco; aprendeu que mesmo na dor podemos encontrar a Deus; aprendeu que é na escuridão que a luz de Deus mais faz sentido para nós e aprendeu que Deus propõe um caminho para o homem e que Ele não recua enquanto os seus não chegam do outro lado (42:2).

Tudo isto Deus faz com homens que nada mais são do que vasos de barro; podem ser de honra, como Jó, mais ainda assim, são de barro; que são de valor, como Jó, mas podem se quebrar, se rachar, se ferir, como Jó. Sim, vasos de barro. Sempre vasos de barro, "para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa" (2Co. 4:7).

Amém!!!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A Vida de Jesus nas pesquisas de John P. Meier

"Jesus de Nazaré nasceu - mais provavelmente em Nazaré, e não em Belém - por volta de 7 ou 6 a.C., alguns anos antes da morte do Rei Herodes, o Grande (4 a.C.). Após ter sido educado de forma convencional numa família devota de camponeses judeus da Baixa Galiléia, ele foi atraído para o movimento de João Batista, cujo ministério começou na região do Vale do Jordão, entre o final de 27 ou começo de 28 d.C.; batizado por João, logo Jesus seguiu seu próprio caminho, iniciando seu ministério ainda em 28, com a idade de 33 ou 34 anos. Regularmente ele dividiu sua atividade entre a região da Galiléia e Jerusalém (incluindo a área adjacente da Judéia), dirigindo-se para a cidade santa para as grandes festas, quando as grandes multidões de peregrinos lhe proporcionariam um público que, de outra forma, ele não conseguiria atingir. Seu ministério se prolongou por dois anos e alguns meses.

Em 30 A.D., estando em Jerusalém para a festa da Páscoa que se avizinhava, Jesus aparentemente sentiu que a crescente hostilidade entre as autoridades do templo e ele estava prestes a alcançar seu clímax. Jesus celebrou uma solene ceia de despedida com seu círculo mais íntimo de discípulos, ao anoitecer da quinta-feira, 6 de abril (pela nossa contagem atual), quando começava o décimo quarto dia de Nisan, o dia de preparação para a Páscoa (de acordo com a contagem litúrgica judaica). Preso em Getsêmani na noite de 6 para 7 de abril, ele foi primeiro inquirido por alguns funcionários judeus (pouco provavelmente por todo o Sinédrio) e depois entregue a Pilatos na madrugada de sexta-feira, 7 de abril. Pilatos prontamente o condenou à morte na cruz. Depois de flagelado e humilhado, Jesus foi crucificado no mesmo dia, nos arredores de Jerusalém. Morreu na sexta-feira, 7 de abril de 30, com a idade de 36 anos aproximadamente" (MEIER, J. P., Um Judeu Marginal. Repensando o Jesus Histórico. Volume Um: As Raízes do Problema e da Pessoa, Rio de Janeiro, Imago, 1993, pp. 401-402).

Os Magos

Segundo o historiador grego Heródoto (ap. 480-ap. 425 a.C.), os magos eram originariamente uma tribo dos medos que atuavam como sacerdotes e adivinhos sob os reis aquemênidas (séculos VI-IV a.C.). Diz Heródoto: "As tribos dos medos são as seguintes: os busos, os paretacenos, os estrúcatos, os arizantos, os búdios e os magos" (História I,101)... "Astiages relatou a visão que tivera em sonho aos intérpretes magos, e ficou apavorado ao ouvir as suas palavras" (História I,107)... "Astiages (...) para decidir a sorte de Ciros, mandou chamar os mesmos magos que, como dissemos, tinham interpretado seu sonho; quando eles chegaram Astiages lhes perguntou qual havia sido a sua interpretação da visão. Os magos lhe deram a mesma resposta anterior: disseram que o menino teria fatalmente reinado" (História I, 120)... "Dizendo essas palavras ele [Astiages] mandou primeiro empalar os magos intérpretes de sonhos, que o haviam convencido a deixar Ciros viver" (História I, 128)... "Sua maneira de sacrificar aos deuses é a seguinte (...) Depois de a carne ser arrumada dessa maneira um mago se aproxima e canta por cima dela uma teogonia (dizem que esse é o assunto de seu canto); ninguém tem o direito de oferecer um sacrifício sem a presença de um mago" (História I, 132).

O geógrafo grego Estrabão (ap. 64 a.C.-19 d.C.) diz que os magos oferecem libações e sacrifícios diante do altar do fogo: "Na Capadócia (pois ali a seita dos Magos, que são também chamados Pýraithoi ['acendedores de fogo'], é grande e neste país há também muitos templos dos deuses persas) o povo..." (Geografia 15.3.15). O escritor ateniense Xenofonte (ap. 430- ap.355 a.C.), em sua obra Ciropedia 4.5.14, faz a mesma afirmação sobre as libações.

Quando Cambises estava no Egito, lutando para conquistá-lo em 525 a.C., um mago chamado Bardiya/Smerdis, fazendo-se passar por irmão de Cambises, tomou o poder na Pérsia, sendo, em seguida, derrotado por Dario I. Na famosa inscrição no rochedo de Behistun, o impostor, também conhecido como Gaumata, é chamado por Dario, em Persa Antigo, de magush. Aliás, palavra de sentido incerto. Sugeriu-se que possa vir do Proto-Indo-Europeu magh- = "ser capaz de".

Os persas continuaram a usar derivações da palavra magush como uma palavra para "sacerdote" até o fim da era sassânida, por volta de 650 d.C. Um sacerdote comum era chamado mog e o sacerdote chefe era magupat, "senhor dos magos".

A relação dos magos com Zaratustra é controvertida, assim como a religião dos magos sob os aquemênidas. É possível que os magos medos tenham sido substituídos por Dario I pelos magos persas - que aceitavam o zoroastrismo - após a revolta de Gaumata. De qualquer maneira, em muitos escritos antigos, os magos aparecem associados ao zoroastrismo e a Zaratustra. Na época helenística os magos aparecem também cada vez mais associados à astrologia. E Zaratustra com eles.

Três reis magos: Melquior, Baltazar e Gaspar?

Os presentes dos magos em Mt 2,11 - ouro, incenso e mirra - representam para o evangelista as riquezas orientais. É possível que Mateus não visse aqui nenhum simbolismo especial na escolha de cada um deles.

Is 60,6 diz a propósito do esplendor de Jerusalém, glorificada por Iahweh, que recebe as riquezas vindas das nações pelas mãos de seus reis e de seus povos:

"Uma horda de camelos te inundará
os camelinhos de Madiã e Efa;
todos virão de Sabá
trazendo ouro e incenso
e proclamando os louvores de Iahweh".

O Sl 72,10-11 diz:

"Os reis de Társis e das ilhas vão trazer-lhe ofertas.
Os reis de Sabá e Seba vão pagar-lhe tributo;
todos os reis se prostrarão diante dele,
as nações todas o servirão".

Os presentes são, assim, também lidos à luz da Escritura por Mateus, embora indiretamente. O ouro de Ofir (algum ponto no sudoeste da Arábia), o incenso e a mirra do Iêmen (Sabá, na Bíblia) e da Somália eram muito apreciados na época bíblica.

Mas a tradição posterior desenvolveu toda uma estória sobre os magos a partir dos presentes.

Os Padres da Igreja, por exemplo: Tertuliano os chama de reis, Justino Mártir, Tertuliano e Epifânio, sabedores da origem dos presentes, dizem que eles vêm da Arábia... (embora outros Padres achem que eles vêm da Pérsia, como Clemente de Alexandria, Cirilo de Alexandria, São João Crisóstomo, Orígenes...).

Os Evangelhos Apócrifos expandem muito a tradição sobre os magos.

O Proto-evangelho de Tiago, o mais antigo deles (ca. 150) diz em 21,1-4:

1.Em Belém da Judéia houve uma confusão, porque vieram magos, dizendo: 'Onde está o nascido rei dos Judeus? Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo'.

2. Ouvindo isso, Herodes se perturbou e enviou ministros aos magos; mandou também chamar os sumos sacerdotes e os interrogou, dizendo: "Como está escrito a respeito do Cristo, onde deve ele nascer?" Eles responderam: "Em Belém da Judéia, porque assim está escrito". Depois ele os dispensou. Interrogou também os magos dizendo: "Que sinal vistes a respeito do rei que nasceu?" Os magos responderam: "Vimos uma estrela grandíssima brilhando entre essas estrelas e obscurecendo-as, tanto que as estrelas não apareciam mais. Foi assim que ficamos sabendo que tinha nascido um rei em Israel e viemos adorá-lo". "Ide e procurai", disse Herodes, "e se o encontrardes, fazei-me sabê-lo, para que também eu vá adorá-lo". Em seguida, os magos partiram.

3. E eis, a estrela que tinham visto no Oriente precedia-os até que chegaram à gruta, e parou em cima da gruta. Os magos, vendo o menino com Maria, sua mãe, tiraram presentes de suas sacolas: ouro, incenso e mirra.

4. Tendo sido avisados por um anjo para não entrarem na Judéia, voltaram ao seu país por outro caminho.

Um texto siríaco do século VI, chamado A Caverna dos Tesouros, nomeia os magos como Hormizdah, rei da Pérsia, Yazdegerd, rei de Sabá e Perozadh, rei de Seba.

O Excerpta Latina Barbari, um manuscrito latino traduzido do grego, do século VI, conservado na Biblioteca Nacional de Paris, nomeia os magos como Bithisarea, Meliquior e Gathaspa.

Um tratado atribuído a Beda, O Venerável (monge do mosteiro de Jarrow, Inglaterra, ca. 673-735), chamado Excerpta et Collectanea chama os magos de Melquior, Gaspar e Baltazar. E foram estes os nomes que prevaleceram. Diz o texto:

Melquior, um homem velho com cabelos brancos e longa barba... ofereceu ouro para o Senhor como a um rei. O segundo, de nome Gaspar, jovem, imberbe e de pele avermelhada... honrou-o como Deus com seu presente de incenso, oferenda digna da divindade. O terceiro, de pele negra e de barba cerrada, chamado Baltazar... com o seu presente de mirra testemunhou o Filho do Homem que deveria morrer.

O Evangelho Armênio da Infância diz em V,10:

Um anjo do Senhor foi apressadamente ao país dos persas para avisar os reis magos que fossem adorar o menino recém-nascido. Eles, guiados durante nove meses pela estrela, chegaram no momento em que a Virgem acabava de dar à luz. Porque, nesse tempo, o reino dos persas dominava, por seu poder e suas vitórias, todos os reis que existiam nos países do Oriente. Os reis dos magos eram três irmãos: o primeiro Melquior (Melcon), reinava sobre os persas; o segundo, Baltazar, reinava na Índia; o terceiro, Gaspar, reinava no país dos árabes. Tendo-se reunido, por ordem de Deus, chegaram no momento em que a Virgem se tornava mãe. Eles tinham apressado a viagem e encontram-se lá no momento exato do nascimento de Jesus (...)

O Evangelho Siro-Árabe da Infância diz:

Nesta mesma noite, um anjo da guarda foi mandado à Pérsia e apareceu às pessoas do país na forma de uma estrela muito brilhante, a qual iluminou toda a terra dos persas. Ora, como no dia 25 do primeiro kanun - festa da natividade de Cristo - celebrava-se uma grande festa na casa de todos os persas adoradores do fogo e das estrelas, os magos, com grande pompa, celebravam magnificamente sua solenidade, quando, de repente, uma luz viva brilhou por cima de suas cabeças. Deixando seus reis, suas festas, todos os seus divertimentos e suas casas, saíram para apreciar o espetáculo. Viram no céu uma estrela brilhante em cima da Pérsia. Pelo seu brilho, ela se assemelhava a um grande sol.

E seus reis disseram aos sacerdotes em sua língua: "Que sinal é este que estamos vendo?" E eles, como por adivinhação, disseram: "Nasceu o rei dos reis, o deus dos deuses, a luz emanada da luz. Eis que um dos deuses veio anunciar-nos seu nascimento para irmos oferecer-lhe presentes e adorá-lo".

Levantaram-se então todos, chefes, magistrados, generais, e disseram aos seus sacerdotes: "Que presentes convém levarmos?" E os sacerdotes lhes disseram: "Ouro, mirra e incenso".

Então os três reis, filhos dos reis da Pérsia, tomaram, como que por uma disposição misteriosa, um, três libras de mirra, o outro, três libras de ouro, e o terceiro, três libras de incenso. Estavam revestidos de seus preciosos indumentos, a tiara na cabeça e seu tesouro nas mãos. Ao canto do galo, deixaram seu país, com nove homens que os acompanhavam, e partiram, precedidos da estrela que lhes tinha aparecido.

Nas pinturas, em alguns momentos os magos foram representados pelos cristãos como sendo doze, em outros quatro, em outros ainda dois... Acabaram tornando-se santos, como no famoso mosaico do século VI da igreja de Santo Apolinário Novo em Ravenna, na Itália, onde acima de suas figuras se lê SCS. (=Sanctus) Baltazar, SCS. Melquior, SCS. Gaspar.

Quando o veneziano Marco Polo (ca.1254-ca.1324) viajou para a Pérsia, as tumbas dos magos lhe foram mostradas, com seus corpos perfeitamente conservados...

Competindo com esta tradição, diz outra que o Imperador Zeno recuperou as relíquias dos magos em 490, em Hadramaut, na Arábia do sul. De Constantinopla elas foram para Milão. Quando o Imperador alemão Frederico I Barba-Ruiva (1152-1190) conquistou Milão, seu chanceler Reinald von Dassel, conseguiu levar as relíquias dos magos para sua cidade natal, Colônia. Assim, os magos, depois de tantas andanças, descansam em paz na famosa catedral gótica de Colônia, Alemanha, desde 1164.



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma Breve Investigação Sobre o Jesus Histórico

A “Primeira Investigação”
Antes do XVIII século era opinião comum que os quatro Evangelhos narravam de forma história e quase literal a vida e palavras de Jesus. A cristologia de então partia de uma abordagem “alta, descendente”, da consideração de Jesus como o Cristo, o Filho de Deus, e a partir daí chegar à sua humanidade. Ao final desse século o protestantismo alemão se viu obrigado a responder ao racionalismo liberal iluminista. Os teólogos então começam a aplicar o método da crítica histórica aos textos bíblicos.

O primeiro foi Reimarus, que teve sua obra publicada por seu discípulo Lessing. Faziam uma distinção entre o projeto de Jesus e a intenção dos discípulos. Jesus pregou o reino dos céus e a conversão. Foi um messias político que visava libertar os judeus do jugo romano. Diante do fracasso de Jesus, os seus discípulos inventaram a ressurreição, apresentando-o como um messias apocalíptico que haveria de voltar.

Fazem parte desse “primeiro” racionalismo: Hess, Reinhard, Herder, Bahrdt e Venturini. Para Bahrdt, por exemplo, Jesus não foi mais do que um instrumento nas mãos dos essênios para minar o poder dos sacerdotes e dos fariseus. Seus milagres foram inventos desta seita. Para Venturini, Jesus foi um curandeiro.

Logo surge um período chamado “racionalismo clássico”. Paulus, seu principal expoente, apresenta em 1828 Jesus como um grande mestre de moral. Seus milagres são todos explicados de modo racional.

Scheilermacher faz distinção entre o Jesus da história e o Cristo da fé. Este, se vê no Evangelho de João; aquele, nos três sinóticos. Os milagres que não podem ser explicados racionalmente devem ser negados.

Para David Strauss os evangelhos são relatos míticos. Não são relatos frutos do engano, como dizia Reimarus, mas frutos de imaginação mítica que cria uma narração para transmitir uma idéia. Isso não afeta o núcleo da fé cristã: a humanidade de Deus, segundo ele. Os evangelhos são, portanto, dirigidos para a fé e não possuem fiabilidade histórica; é impossível reconstruir a vida de Jesus de Nazaré.

Surge nos anos seguintes a “questão sinótica”. A investigação passa do âmbito teológico para a crítica literária. Até então Mateus era considerado o evangelho mais antigo. Weisse, discípulo de Strauss, e Wilke propuseram a hipótese das “duas fontes” em 1838. Marcos não seria um resumo mas sim uma fonte, pois Mateus e Lucas coincidem entre si em ordem somente quando coincidem com Marcos. Há ainda uma fonte de ditos comuns (fonte “Q”, Quelle = fonte) a Mateus e Lucas, hoje perdida. Esta teoria determina o estudo dos evangelhos até hoje.

Ao mesmo tempo se desenvolve a escola liberal protestante (“Libertemo-nos do dogma e voltemos ao homem Jesus”, proclamavam) que confiam nos evangelhos como fontes históricas, principalmente as duas fontes, ao contrário da escola racionalista. Sobressaem Weiss, Harnack e Renan. Pretendiam traçar o itinerário psicológico de Jesus e libertar sua imagem dos retoques do kerigma (primeiro anúncio para a conversão). Jesus teria pregado uma religião interna, moralista e espiritualizante; morreu como mártir.Em 1901 Wrede vai contra a historicidade de Marcos dizendo que o segredo messiânico (Jesus proibia os curados de divulgar sua pessoa) era uma construção da comunidade primitiva, não de Jesus, que não tinha consciência messiânica.

Karl Schmidt demonstrou o caráter fragmentário e descontínuo dos evangelhos. Juntos, Wrede e Schmidt desbancam a escola liberal, levando toda a investigação sobre a pessoa de Jesus a um impasse.

Em 1892, Martin Kähler faz a distinção, que marcaria toda a pesquisa posterior, entre o Jesus histórico e o Cristo da fé. Jesus é o homem de Nazaré descrito pela crítica e Cristo é o salvador pregado pela Igreja. Este é o único real, pois do Jesus histórico pouco podemos saber.

Neste mesmo contexto de separação entre história e kerigma, surge Bultmann, teólogo protestante que radicaliza o programa de Strauss, Kähler e Wrede de separar Jesus do Cristo. Surgem também dois fatores importantes: a investigação baseada na história das religiões e a aplicação da história ou crítica das formas aos sinóticos.

Reitzenstein e Bousset traçam paralelos entre o cristianismo e as antigas religiões orientais, considerando que o helenismo e o gnosticismo influenciaram a teologia do Novo Testamento. Wellhausen, pelo mesmo caminho, conclui que os evangelhos tem valor histórico somente enquanto testemunho de fé da comunidade primitiva.

Schmidt havia descoberto a composição em unidades independentes nos evangelhos e que o marco narrativo foi criado secundariamente pelos evangelistas. Passou-se dos estudos das fontes para o estudo das tradições. Para a escola bultmaniana estas unidades de tradição oral não se originaram durante a vida de Jesus. A história das formas então conclui que os evangelhos não são biografias, mas testemunhos de fé; não são devidos a uma pessoa mas são compilações.

A “Nova Investigação”
A posição de Bultmann instiga o estudo do problema por parte de seus alunos e dos teólogos católicos. Käsemann, discípulo direto de Bultmann, dá novo rumo à pesquisa a partir de 1953, afirmando que o Jesus terreno e o Ressuscitado é o mesmo. Constata a continuidade entre a pregação de Jesus e dos Apóstolos.

A partir desta década, vários trabalhos são publicados no sentido de que a pessoa de Jesus é o fundamento do kerigma; não é possível afirmar nada em perspectiva cristológica que não se baseie no Jesus histórico. A cristologia deve se basear nas autênticas palavras e atos de Jesus, segundo J. Jeremias. O começo da fé não está no kerigma, mas na pessoa mesma de Jesus.

Neste momento da investigação, com a ajuda da crítica redacional, se vão fixando os “critérios de autenticidade histórica”. São quatro os fundamentais:
1. Critério de testemunho múltiplo.

2. Critério de descontinuidade ou dessemelhança. Quando não se pode reduzir a concepções do judaísmo ou mesmo da Igreja primitiva. Mostra a originalidade de Jesus.

3. Critério de dificuldade. Considera autêntico um texto que tenha gerado dificuldade de interpretação ou embaraço à Igreja primitiva.

4. Critério de coerência com os demais critérios.A “Nova Investigação” chegou às seguintes conclusões: é impossível e desnecessário fazer uma biografia de Jesus; os evangelhos são as únicas fontes de acesso a Jesus e neles estão unidos história e fé, acontecimento e interpretação; há continuidade entre a história e o kerigma; não se busca mera informação sobre Jesus, mas sua significação existencial para a compreensão do mistério humano.

A “Terceira Investigação”
A partir de 1980 se inicia um novo processo investigativo sobre Jesus marcado pelo deslocamento do mundo alemão, pelo caráter interdisciplinar, interconfessional e interreligioso e pelo grande volume de obras sobre o tema. Se tem chegado a alguns consensos:

- os Evangelhos, sobretudo os sinóticos, são as principais fontes históricas sobre Jesus.

- a importância da fonte “Q” e da literatura apócrifa, e das descobertas de Qumran e Nag Hammadi.

- a colocação de Jesus no ambiente e contexto sócio-histórico judeu de sua época, sobretudo da Galiléia.

As principais questões discutidas nessa investigação:
- a situação sócio-política da Galiléia do tempo de Jesus. Alguns pensam num momento conflitivo em que Jesus se apresenta como reformador social (Borg, Crossan, Horsley). Outros pensam numa situação tranqüila e Jesus como um profeta escatológico (Sanders, Meier).

- a compreensão de Reino de Deus. Muitos pensam os ditos sobre o Reino como criação da comunidade. Parece que a proximidade de tal Reino pertence à pregação de Jesus, mas resta esclarecer se se trata do fim da história (Sanders, Meier) ou uma transformação social do presente (Crossan, Mack).

Conclusão:
É possível reconhecer algo de certo através da evolução da crítica sobre o Jesus histórico. Pode-se dizer que a fé não nasce dela mesma. Por trás da pregação primitiva e da fé pós-pascal está um acontecimento histórico: Jesus de Nazaré.

É inegável a autenticidade do material evangélico. Recorrendo a esse abundante material se pode reconhecer alguns traços da personalidade de Jesus.

Toda a história da investigação sobre Jesus trata, e continuará tratando, de como conciliar fé e história.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Quando Tudo Dá Errado: O Exemplo de Jó


Imagine um dia que começa como qualquer outro. Você se levanta para ir ao serviço e, chegando na firma, encontra as portas lacradas. A firma fechou, sem aviso. Você, inesperadamente, ficou desempregado. Tendo obrigações para cumprir, você decide ir ao banco para sacar dinheiro e pagar algumas contas que estão vencendo. Mas, chegando ao banco, eles dizem que sua conta foi fechada, sem explicação, e que você não tem nenhum centavo. O dia já está piorando. Você resolve voltar para casa, ainda tentando entender o que está acontecendo. Chegando perto de sua rua, você percebe vários bombeiros e ambulâncias correndo por todos os lados. Suas vizinhas estão na rua, chorando inconsolavelmente. Antes de você chegar até sua casa, um dos vizinhos chama você e fala palavras que jamais esquecerá: "Aconteceu tão rápido", ele diz, "que não foi possível salvar ninguém. A casa, de repente, explodiu. Todos que estavam dentro morreram. Eu sinto muito. Todos os seus filhos estão mortos."

Alguns dias passam. Você acorda num lugar estranho. Olhando para seu redor, percebe que está num hospital. Você está sentindo dores terríveis, e uma coceira constante. Depois de algumas horas de sofrimento, a enfermeira avisa que está na hora de visita. No seu caso, várias pessoas serão permitidas entrar para visitá-lo. A primeira pessoa que entra no quarto é sua esposa. Precisando muito de uma palavra de consolo e de explicação, você olha para ela com tanta esperança, nunca imaginando o que ela vai falar. Ela chega perto da sua cama e começa a gritar: "Eu não entendo a sua atitude", ela diz. "Sua fé não vale nada. Você confia num Deus que fez tudo isso? Amaldiçoe o nome de Deus e morra!" Com essas palavras, ela sai do quarto.

Enquanto você procura entender tudo isso, chegam alguns amigos seus. São velhos amigos, sempre prontos para ajudar. Agora será consolado! Mas, eles entram no quarto, vêem seu estado crítico e seu corpo desfigurado pela doença, e não falam nada. Ficam com a boca aberta, olhando, mas não acreditam. Depois de um longo período de silêncio, um deles fala: "Você mereceu isso. Você deve ter feito alguma maldade muito grande, e Deus está te castigando. Ele tirou todos os seu bens e matou seus filhos. Ele causou esta sua doença. Ele fez tudo isso porque você é mau!" Você começa discutir quando um dos outros concorda com o primeiro, e depois outro também concorda com eles. Não adianta discutir. Para eles, você é um detestável pecador que deve sofrer mais ainda.

De repente, algumas crianças passam no corredor. Você se anima, porque crianças sempre trazem alegria e amor. Mas, estas crianças param na porta, vêem a feiura do seu rosto e corpo, e saem correndo. "Nunca vi nada tão feio", uma delas comenta.

Tudo ficção? Jamais aconteceria uma coisa tão terrível? Modifiquei os detalhes para ajudar você, o leitor moderno, sentir na pele o que aconteceu na vida de Jó. O livro de Jó é, possivelmente, o primeiro livro bíblico escrito. Um homem fiel e abençoado por Deus perdeu, num dia só, todas as suas posses e todos os seus filhos. Logo depois, foi atacado por uma terrível enfermidade. A própria esposa foi contra este homem de Deus, e disse: "Amaldiçoa a Deus e morre" (Jó 2:9). Os amigos o condenaram e discutiram com ele para provar a sua culpa (a maior parte do livro relata essas discussões, começando no 2:11 e continuando até 37:24). Todos os conhecidos dele, até as crianças, o desprezaram (19:13-19).

O livro de Jó trata de um dos assuntos mais difíceis na experiência humana: como entender e lidar com o sofrimento. É um livro rico e cativante que todos os servos de Deus precisam estudar. Um dia, mais cedo ou mais tarde, ele será útil na sua vida. Neste artigo, vamos considerar algumas lições claras e importantes desse livro.

Pessoas boas sofrem

Talvez o ponto principal do livro é o simples fato que pessoas fiéis a Deus ainda sofrem nesta vida. O primeiro versículo do livro já define, do ponto de vista de Deus (veja, também, Jó 1:8) o caráter de Jó: "Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal." Enquanto entendemos que o sofrimento entrou no mundo por causa do pecado (Gênesis 3:16-19), aprendemos em vários trechos bíblicos que a dor e a tristeza atingem as pessoas boas e dedicadas. Jó, um homem íntegro, sofreu imensamente. Paulo, um servo dedicado ao Senhor, sofreu muito mais do que a grande maioria dos ímpios (2 Coríntios 11:23-27). Mesmo quando ele pediu a Deus, querendo alívio de algum problema, Deus recusou seu pedido (2 Coríntios 12:7-9). Mas, não devemos estranhar com isso, pois o próprio Filho de Deus sofreu na carne (Hebreus 2:9-10,18). Os que servem a ele sofrem, também.

O diabo quer nos derrubar com nosso sofrimento

O propósito de Satanás fica bem claro nos primeiros dois capítulos de Jó. Ele vê o sofrimento como uma grande oportunidade para derrubar a fé dos servos de Deus. Ele aceitou o desafio de tentar destruir a fé de um dos homens mais idôneos do mundo. Depois, ele foi tão ousado que desafiou o próprio Jesus, usando todas as tentações imagináveis para o vencer (Mateus 4:1-11). O diabo entende muito sobre a natureza humana. Ele sabe que pessoas que servem a Deus fielmente quando tudo vai bem na vida podem ser tentadas por meio de alguma calamidade pessoal. Problemas financeiros, a morte de um ente querido, alguma doença grave -- tais sofrimentos na vida são, freqüentemente, o motivo de abandonar a Cristo. Enquanto a mulher de Jó não prevaleceu na vida do próprio marido, o conselho dela (Jó 2:9) vem derrubando a fé de muitas outras pessoas que enfrentam dificuldades na vida. Jó não sabia a fonte de seu sofrimento (capítulos 1 e 2 contam a história para nós, mas ele não sabia de tudo que estava acontecendo entre Deus e Satanás). Às vezes, nós não temos noção da fonte das nossas dificuldades. Mas, podemos ter certeza que o diabo está torcendo para que tropecemos e afastemos de Deus.

Amigos nem sempre ajudam

Três amigos de Jó ficaram sabendo de seu sofrimento, "e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo" (Jó 2:11). Mas as palavras deles não ajudaram. Ofereceram explicações baseadas nas opiniões deles, e não na verdade que vem de Deus. Onde Deus não tinha falado, eles ousaram de falar. O resultado não foi consolo e ajuda, e sim perturbação e desânimo. A mesma coisa acontece hoje. Quando alguém sofre de um problema de saúde, outras pessoas tendem falar sobre algum caso triste de alguém que teve a mesma doença e morreu. Quando uma pessoa amada morre, muitas pessoas procuram confortar a família com palavras insensatas e até mentirosas. É melhor falar umas poucas palavras com compaixão do que falar muito e entristecer a pessoa mais ainda. Quando sofremos perda, é melhor procurar conselho na palavra de Deus e da boca de pessoas que a conhecem e que vivem segundo a vontade do Senhor.

Deus não explica tudo

Quando sofremos, é natural perguntar: "Por quê?". Jó fez isso (Jó 3:24). Habacuque fez a mesma coisa (Habacuque 1:3). Milhões de outras pessoas têm feito a mesma pergunta. É interessante e importante observar que Deus não responde a todas as nossas perguntas. Pode ler o livro de Jó do começo ao fim, e não encontrará uma resposta completa de Deus à pergunta do sofredor. Durante a boa parte da história, Deus deixou Jó e seus amigos a ponderar o problema. Quando o Senhor falou no fim do livro, ele não explicou o porquê. A partir do capítulo 38, Deus afrima que o homem, como mera criatura, não é capaz de entender muitas das coisas de Deus, e não é digno de questionar a sabedoria divina. Jó entendeu a correção de Deus, e respondeu humildemente:"Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei" (Jó 40:4-5). Jó pediu desculpas a Deus por ter duvidado da justiça e da bondade do Criador: "Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia....Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:3,6).

Depois do sofrimento, vêm as bênçãos

O sofrimento desta vida é temporário. O sofrimento de Jó foi intenso, mas não durou para sempre. É bem provável que ele lembrou, durante o resto da vida, daquelas experiências doloridas. Mas a crise passou, e a vida continuou. Deus restaurou as posses dele em porções dobradas. A mesma coisa acontece conosco. Enfrentamos alguns dias muito difíceis, mas as tempestades passam e a vida continua. Vivendo na época da nova aliança de Cristo, nós temos uma grande vantagem. Temos uma esperança bem definida de uma recompensa eterna no céu (Hebreus 11:13-16,39-40; 12:1-3; 13:14). Qualquer sofrimento é pequeno quando o colocamos no contexto da eternidade.

Fiéis no sofrimento

Nós vamos sofrer nesta vida. Pessoas que dizem que os filhos de Deus não sofrem são falsos mestres que ou não conhecem ou não aceitam a palavra do Senhor. Jó perdeu tudo. Jeremias foi preso. João Batista foi decapitado. Jesus foi crucificado. Estêvão foi apedrejado. Paulo sofreu naufrágio e prisões. Você, também, vai sofrer. Os problemas da vida não sugerem falta de fé, e não são provas de algum terrível pecado na sua vida. Às vezes, as provações vêm como disciplina de Deus (Hebreus 12:6-13); às vezes, não. Mas sempre são oportunidades para crescer (Tiago 1:2-4), e convites para adorar a Deus (Tiago 5:13; Jó 1:20).

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Melhor Presente

Certo jovem ia muito mal na escola. Suas notas e seu comportamento eram uma decepção para seus pais que, como bons cristãos, sonhavam em vê-lo formado e bem sucedido.

Um dia, seu pai lhe fez uma proposta:
"Se você, meu filho, se dedicar aos estudos e conseguir ser aprovado no vestibular para a Faculdade de Medicina, lhe darei então um carro de presente."

Por causa do carro, o rapaz mudou completamente; passou a estudar como nunca e a ter um comportamento exemplar. O pai estava feliz, mas sabia que no fundo a mudança do filho não era fruto de uma conversão sincera, mas apenas do interesse em obter o carro, e isto não era satisfatório! O rapaz seguia os estudos e aguardava o resultado de seus esforços.

Assim, o grande dia chegou ! Fora aprovado para o curso de Medicina. Como havia prometido, o pai convidou a família e os amigos para uma festa de comemoração. O rapaz tinha por certo que na festa o pai lhe daria o automóvel. Quando pediu a palavra, o pai elogiou o resultado obtido pelo filho e lhe passou às mãos uma caixa de presente.

Crendo que ali estavam as chaves do carro, o rapaz abriu emocionado o pacote. Para sua surpresa era uma BÍBLIA. O rapaz ficou visivelmente decepcionado e nada disse.

A partir daquele dia, o silêncio e distância separavam pai e filho. O jovem se sentia traído e, agora, lutava para ser independente. Deixou a casa dos pais e foi morar no Campus da Universidade. Raramente mandava notícias à família.

O tempo passou, ele se formou conseguiu um emprego em um bom hospital e se esqueceu completamente do pai. Todas as tentativas do pai para reatar os laços foram em vão. Até que um dia o velho, muito triste com a situação, adoeceu e não resistiu. FALECEU...No enterro, a mãe entregou ao filho, indiferente, a BÍBLIA que tinha sido o último presente do pai e que havia sido deixada para trás.

De volta à sua casa, o rapaz, que nunca perdoara o pai, quando colocou o livro numa estante, notou que havia um envelope dentro Dele. Ao abri-lo, encontrou uma carta e um cheque. A CARTA DIZIA:
"Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Eu prometi e aqui está o cheque para que você escolha aquele que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor: A BÍBLIA SAGRADA. Nela aprenderás o AMOR A DEUS e a fazer o bem, não pelo prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência".

Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto. E A CARTA FINALIZAVA ASSIM:
"Como é triste a vida dos que não sabem perdoar. Isso leva a erros terríveis e a um fim ainda pior. Antes que seja tarde, perdoe aquele a quem você pensa ter lhe feito mal. Talvez se olhar com cuidado, vai ver que há também um cheque escondido".

I Corintios 13: "Eu poderia falar todas as línguas que são faladas na terra e até no céu, mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o som de um gongo ou como o barulho de um sino.
Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter tanta fé, que até poderia tirar as montanhas dos seus lugares, mas, se não tivesse amor, eu não seria nada.
Poderia dar tudo o que tenho e até mesmo entregar o meu corpo para ser queimado, mas, se eu não tivesse amor, isso não me adiantaria nada.Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso.Quem ama não é grosseiro nem egoísta; não fica irritado, nem guarda mágoas.Quem ama não fica alegre quando alguém faz uma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo.Quem ama nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência.O amor é eterno.
Existem mensagens espirituais, porém elas durarão pouco. Existe o dom de falar em línguas estranhas, mas acabará logo. Existe o conhecimento, mas também terminará. Pois os nossos dons de conhecimento e as nossas mensagens espirituais são imperfeitos.
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Agora que sou adulto, parei de agir como criança. O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face.Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus.
Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor."