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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O Problema do Mal: A questão mais difícil da história da teologia


Talvez você já ouviu falar do “Problema do Mal”. A expressão se refere à mais difícil pergunta da história da teologia cristã: Se Deus é onipotente e bondade, por que ele permite a existência do mal e do sofrimento? Afinal, o que quer a expressão “Problema do Mal”? Antes de tudo, é importante reconhecermos que o mal não é necessariamente um problema no sentido filosófico do termo. O conceito de problema pode ser invertido aqui. Por exemplo, uma perspectiva pessimista e ateísta que afirma a realidade do mal como experiência básica da realidade e nega o divino e o bem, teria de enfrentar o “problema do bem”. Explicando melhor: “se o universo não tem propósito e é absurdo (como sugerem alguns existencialistas ateus, por exemplo), como explicar a experiência do belo, do inefável e do prazer”? Não seria esse um grande problema filosófico? Como disse o famoso biblista autraliano Francis I. Andersen: “A rigor, a desgraça humana, ou o mal em todas as suas formas, é um problema somente para a pessoa que crê num Deus único, onipotente e todo amoroso”. Isso significa que outras religiões e filosofia não enfrentam um dilema, no sentido de terem de explicar a existência do mal. Mesmo assim, o mal ainda permanece um problema para todos os sistemas de pensamento por causa da questão do sofrimento.
A tentativa cristã de lidar com esse tripé “Deus todo-poderoso”, “Deus todo-amoroso” e “existência do mal”, mostrando que a despeito do mal, Deus continua justo, bom e poderoso foi historicamente denominada Teodicéia. A palavra foi cunhada em 1710 pelo filósofo alemão Gottfried Leibnitz (1646-1716). Seu sentido é “justificação de Deus” (do grego theós “Deus” e dikê “justiça”). A dificuldade do problema foi bem definida pelo filósofo escocês David Hume (1711-1776) numa retomada do antigo filósofo grego Epicuro (341-270 a.C.). Conforme escreveu David Hume: “As antigas perguntas de Epicuro permanecem sem resposta. Quer ele (Deus) impedir o mal, mas não é capaz de fazê-lo? Então ele é impotente (i.e, não é onipotente). Pode ele fazê-lo, mas não o deseja? Então ele é malévolo. Não é ele tanto poderoso como o deseja fazê-lo? De onde, pois, procede o mal?
O problema do mal também é discutido e compartilhado pelo judaísmo e islamismo. A importância da discussão na tradição judaica foi expressa por Nachmânides quando se referiu ao problema do mal como “a questão mais difícil que se encontra tanto na raiz da fé quanto da apostasia, com a qual estudiosos de todas as épocas, povos e línguas têm lutado”.
Historicamente, na tentativa de construir-se essa explicação que procura manter a justiça de Deus diante do mal, vários tipos básicos de teodicéia foram elaborados. Os principais tipos respondem ao problema assim:

A Teoria do Livre-arbítrio

É a posição clássica das religiões monoteístas. Ela afirma que Deus permite o mal e o utiliza para fins bons. Deus permite o mal para produzir um bem maior. Nunca foi elaborada solução mais razoável e esperançosa do que a judaico-cristã.
Para explicar a origem do mal, afirma-se que o mal sempre seria uma possibilidade, visto que Deus criou seres dotados de vontade livre. E para que fossem de fato livres, e não máquinas, tais seres sempre teriam a possibilidade de optar contra a vontade de Deus, dando assim origem ao mal. Portanto, a única saída para a impossibilidade plena do mal seria a inexistência de seres pessoais livres, o que nos daria um universo mecanicista, composto de seres impessoais, destituídos de arbítrio. Os defensores dessa posição ainda argumentam que Deus apenas permite o mal, o que é diferente de ser autor direto do mal, por razões e finalidades boas que não compreendemos plenamente agora. Evidentemente, a força desses argumentos depende de suas pressuposições. O argumento teísta clássico afirma que o mal pode ter início no bem, embora isto nunca seja de modo essencial. Não há derivação essencial do bem para o mal. Isso é compreensível, pois segundo o teísmo clássico o mal não existe enquanto substância, conforme mostrou Agostinho, ou seja, o mal não possui existência plena. É como a ferrugem que atinge o ferro. Não existe um ferro totalmente enferrujado, pois esse deixaria de existir. Assim como a ferrugem existe em função do ferro como elemento parasita e destruidor, também o mal só existe em função do bem.

A Teoria Pedagógica

Numa teodicéia pedagógica o enfoque é deslocado da origem do mal e é colocado principalmente nos possíveis bons resultados da experiência do sofrimento. A idéia é que a experiência do sofrimento (mal) é um benefício indispensável para o desenvolvimento das capacidades humanas, do contrário a humanidade permaneceria eternamente na infância. Argumenta-se, por exemplo, que um pouco de sofrimento aumenta a nossa própria satisfação com a vida e que um sofrimento maior e mais intenso desenvolve em nós uma maior profundidade de caráter e de compaixão. Além disso esta posição enfatiza a realidade de que vivemos em um mundo regulado por leis naturais e que boa parte do mal existente no mundo decorre da atuação destas leis. Deveria Deus ter criado um mundo desprovido de ordem natural para satisfazer a vontade de cada um? Isso seria bom? Todavia, há duas grandes dificuldades aqui: 1) nem sempre o sofrimento produz maturidade e aprendizado. Muitas vezes o que fica é ódio e amargura; 2) em alguns casos não há muito o que aprender e o preço pago é muito alto. Quando milhares de pessoas morrem em uma guerra, devemos perguntar: que tipo de pedagogia é essa que mata seus próprios alunos?

A Teoria Escatológica

Uma teodicéia escatológica diz que há esperança para o problema, pois ela está baseada na convicção de que a vida transcende a morte e que justiça e injustiça receberão sua devida recompensa. As perspectivas variam desde uma esperança entre o inaugurar de uma nova história humana por meio da ressurreição ou ainda como uma vida em um reino celestial após a morte. O futuro tem a resposta e a solução do que acontece no presente. Apesar de essa ser uma das esperanças mais enfatizadas pelas religiões monoteístas, muitos descartam esta possibilidade e questionam que tipo de reparação pode haver pela desgraça atual. Alguém que teve sua família arruinada e assassinada repentinamente pode de fato ter tal sofrimento “reparado”? Será possível isso?

A Teoria da Teodicéia Protelada

É uma postura de expectativa e fé em Deus a despeito do mal. A fé na soberania e bondade finais de Deus espera a compreensão de todas as questões. A diferença entre essa teodicéia e a teodicéia escatológica é a seguinte: na teodicéia protelada espera-se mais uma compreensão do que uma compensação final do mal. Argumenta-se que as limitações humanas e a tremenda distância que separa Deus do homem não nos permitem conhecer as razões da permissão do mal agora. Deve-se destacar ainda que tal posição também é diferente da idéia que sugere ser impossível avaliar o comportamento de Deus.

A Teoria da Teodicéia de Comunhão

Para muitos, a experiência do sofrimento leva o homem a encontrar motivos para romper com o divino. Essa é, por exemplo, a fonte do ateísmo, do agnosticismo e do antagonismo religioso. A Teodicéia de Comunhão enfatiza que Deus é principalmente percebido e conhecido no sofrimento. O Deus verdadeiro é aquele que se compadece. É o Deus que sofre com suas criaturas e que, de certa forma, é vítima do mal, juntamente com elas. Esta teodicéia não explica o sofrimento imerecido. Todavia, transforma a visão sobre o sofrimento, pois o sofrer por um propósito justo é fazer a vontade de Deus e torná-lo conhecido. O sofrimento é a grande oportunidade para Deus e o homem entrarem em comunhão e colaboração. O sofrimento é transcendido e aquilo que parecia ser o pior é visto como a ocasião da mais intensa experiência religiosa.
A Rejeição da Resposta Cristã
No panorama da história, muitas correntes de pensamento apresentaram soluções alternativas para o problema, sem a intenção de justificar a Deus. Vamos apresentar um resumo daquelas posições filosóficas que tratam o problema do mal com um enfoque distinto do teísmo ou da teodicéia. As diversas propostas de resolução das relações entre o divino e o mal serão delineadas, destacando os seus principais representantes.

Alguns Negam a Existência do Mal

O Mal é visto como ilusão. Essa perspectiva é encontrada em conceitos monistas e panteístas. A tensão entre Deus e o mal é resolvida pela negação do mal. A cosmovisão hindu (ensinos Vedanta), Zenão (336-274 a.C.) e Spinoza (1632-1677) são exemplos desta perspectiva. Spinoza, por exemplo, chega a afirmar que o mundo parece cheio de mal apenas porque é visto de uma perspectiva humana estreita e errônea. Da perspectiva divina, porém, o mundo forma um todo necessário e perfeito. A dificuldade dessa posição é provar que os sentidos não merecem confiança alguma, visto que eles apontam para a realidade objetiva do mal. Além disso, os defensores dessa perspectiva precisam responder por que tal “ilusão” é tão comum e se mostra persistente na história humana? Que conhecimentos nos levam a tal conclusão? Seria tal conclusão uma ilusão também?
Alguns Negam a Existência de Deus
Essa é a perspectiva do ateísmo. É a negação da realidade de Deus. Os ateus opõem-se diretamente aos “ilusionistas”. Afirmam a realidade do mal com base nos sentidos e negam a realidade de Deus, cuja existência é incompatível com o mal. O pensamento ateísta sistematizado desenvolveu-se nos últimos dois séculos de história da filosofia ocidental, fruto do racionalismo. Os principais argumentos ateístas são: 1) Deus e o mal são mutuamente excludentes: se o mal existe, logo Deus não pode existir; 2) Se Deus existisse, ele não seria Deus propriamente dito, pois carece de bondade por permitir o mal; 3) Se Deus existisse ele não seria Deus propriamente dito, pois carece de poder visto que permite o mal.
Essa perspectiva é encontrada no budismo que pressupõe uma alienação entre o homem e o universo. O universo é impessoal e opera por causa e efeito. Não existe a figura de Deus, o sofrimento decorre da vontade humana e a sua solução se dá de maneira individual e existencial. Por isso o budista anseia pelo estado impessoal no nirvana. Esse pessimismo também encontra exemplos no pensamento grego clássico. Hegesias de Cirenaica ensinava ser a vida sem valor e que o único bem, que nunca seria alcançado, seria o prazer. Todavia esse pessimismo não marca o pensamento helênico propriamente dito que, de modo geral, acreditava na vitória sobre o mal por meio da virtude e da sabedoria.
É no pensamento europeu contemporâneo que encontraremos um exemplos dessa posição: Arthur Schopenhauer (1788-1860). Há também filósofos existencialistas ateus que enfatizam o absurdo da realidade, vendo o homem como um ser sem saída. Os principais são Jean Paul Sartre (1905-1980) e Albert Camus (1913-1960), famoso por sua obra “A Peste”. Schopenhauer cria que a realidade última é a cega vontade irracional de viver que a todos impulsiona. Tal vontade transcendental é essencialmente má, particularmente pelo fato de haver criado o nosso corpo com desejos que não podem ser satisfeitos. O sofrimento é causado pelo desejo incessante que nunca pode ser plenamente atendido. A dor e a ilusão são inevitáveis. A maior tragédia humana é o fato de ter o homem nascido.
Entre o pensamento judaico-cristão e as alegações ateístas têm surgido propostas problemáticas e incompletes que merecem ser mencionadas.
  1. Negação da bondade de Deus. Deus pode ser poderoso, mas é visto como mau e comprometido com a desgraça e o sofrimento.
  2. Negação do poder de intervenção de Deus. O bem não tem poder infinito sobre o mal. Essa é a posição deísta, da teologia do processo e do teísmo aberto. Fundamenta-se na realidade da persistência do mal. O bem parece não ter poder para destruí-lo.
  3. Negação do poder original de Deus. Deus foi obrigado a criar um mundo mau. Deus, sendo limitado, tinha necessidade de criar um mundo e não pode impedir que este fosse mau.
  4. Negação da onisciência divina. Deus não podia prever o mal. Deus é criador, e justo, mas não é plenamente onisciente.
  5. Negação da imanência divina. Deus não pode ser avaliado pelos nossos padrões morais. Desse modo não é necessário defender sua conduta. Suas ações estão numa esfera de atuação que não podemos julgar.
A verdade é que o Problema do Mal permanece como a questão mais difícil da história da teologia. As outras tentativas de resolve-lo parecem apenas tê-lo complicado ainda mais. A esperança cristã continua afirmando uma mistura das teodicéias aqui apresentadas. Mas a sua essência ecoa por toda a história: Deus permite o mal e o utiliza para fins bons, e Deus permite o mal para produzir um bem maior. Por isso, vivemos pela fé e sempre na esperança.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Os Profetas de Jó



“Por que não morri ao nascer?
Por que não expirei ao sair do ventre?” OS
PROFETAS
DE

Por que dar nome a um texto de “Os profetas de Jó”, quando em parte alguma do livro ele é chamado de profeta? Quais revelações apocalípticas ou proféticas saíram da boca de Jó? O que poderia caracterizar Jó como um profeta?

De fato, em momento algum ele é apresentado como profeta ou se considera como tal, assim como, jamais anunciou um fim catastrófico ou vaticínio vindouro. Tinha apenas a certeza de que era homem justo e que estava sendo punido covardemente. Todavia, Jó poderia ser considerado “Voz profética” contra a injustiça, a miséria, a angústia; “Voz profética” em favor do pobre, do humilhado, do necessitado, do errante e do enfermo; “Voz profética” ao confrontar o insondável, o misterioso, e o ambíguo caráter de Deus. A verdade é que Jó, após o seu martírio, foi o primeiro justo a comprovar que todos os homens estão sujeitos aos caprichos de YHWH.

Uma sincera leitura da Bíblia sobre a criação do Homem, o pecado de Adão, o dilúvio universal, os descendentes de Noé, a maldição dos filhos de Cão e a primeira guerra entre irmãos, o chamado de Abrão, o nascimento de Ismael e Isaque e a segunda guerra entre irmãos, o Êxodo do Egito e a expulsão das nações de suas terras, as leis morais e capitais do Pentateuco, e a evolução da religião de Israel, podem ajudar muito na compreensão do duvidoso caráter do Deus de Israel “olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe”.

Para que haja luz sobre este esboço, adianto que tudo é um terrível equívoco, a começar pela frustrada criação do Homem e a enigmática entrada do Mal no mundo. Só existe uma maneira de compreender a irracionalidade deste mundo nefasto, é compreendendo de que tudo não passa de um grande equívoco. Um ato de criação de um Ser ou vários que num determinado ou prévio momento decidiu criar e promover o caos. Um palco armado com personagens estabelecidos como numa tragicomédia Dantesca. Deus o criador, o Homem a criatura, e o Diabo o destruidor, elementos fundamentais para um cenário de injustiça, medo, catástrofe, morte, miséria. Deus cria o mundo, forma o Homem, e paralelamente surge um ser supostamente criado, de nome incerto: serpente, dragão, diabo, acusador, Satanás, trabalhando em oposição a tudo o que é perfeito. E com esses personagens ativos, o palco para a tragédia humana está formado.

Num primeiro ato Deus cria o Mundo e o Homem e vê que tudo é perfeito, num segundo ato se arrepende e amaldiçoa o mundo e o Homem, e num terceiro ato torna anátema a enigmática serpente. E assim, é dado o pontapé inicial de um quebra-cabeça imperfeito.

O que se desenvolve neste longa-metragem de terror de péssima qualidade é o desejo de um Deus ciumento, vingativo, obsessivo, que a todo custo tenta conseguir adoração e exclusividade da sua criatura. Como não obtém sucesso, então, ataca com violência, atrocidade, e extermínio. Porém, nem enviando peste, fome, seca, praga, guerra, exílio, canibalismo, anjo destruidor, YHWH consegue seu intento.

Quando o mais verdadeiro seria reconhecer o erro da criação do Homem ou admitir prazer e sadismo na destruição. Mas devemos avançar e falar sobre o personagem Jó figura central desta mensagem polêmica. Ele clama contra o que acontece de mais perverso, injusto e, vergonhoso ao Homem. Jó representa o choro de uma mãe que perdeu seu amado filho para o motorista imprudente, para a doença fatal, para os assassinos à espreita, para a bala perdida, para o bêbado ao volante, para o traficante violento, para o médico irresponsável, para os governantes malignos. Jó representa o clamor das crianças aidéticas, desnutridas, apodrecidas, malcheirosas, amaldiçoadas sem causa, da África. Jó representa o pranto sem fim das famílias enlutadas pelas guerras do poder. Jó representa todo o homem íntegro e reto que se desvia do mal, mas que inexplicavelmente torna-se seu alvo das desgraças da vida.

O pobre Jó não entendia seu sofrimento, assim, como milhões e milhões que no momento em que escrevo estão sendo tragadas pela tragédia. Então vem a pergunta: A quem clamar por justiça? Somos doutrinados a reconhecer YHWH como Deus Poderoso, Aquele que livra o aflito, o necessitado, O que faz o morto ressuscitar, que ampara o órfão e a viúva, que alimenta o faminto, que sacia o sedento, O que não toma o culpado por inocente e nem o inocente por culpado, O que abate o soberbo e exalta o humilde, Aquele que julga com retidão. Enfim, poderia ficar horas citando todas as supostas virtudes e bondades de Jeová. Por que então o Mal prevalece? Por que temos de nos contentar com as injustiças e retardar o tempo da justiça para uma época futura e incerta? Por que se conformar com a destruição dos justos e o triunfo dos ímpios? Por que ignorar as promessas de Deus de vida em abundância? Por que se ocultar numa religião para não enxergar as aberrações da vida? Por que eximir Deus da culpa pelo caos da sua criação e culpar o Homem por toda a dor?

Jó homem íntegro e reto que se desviava do Mal e temente a Deus sentiu na própria carne o absurdo de Deus. Clamou por um árbitro, um juiz que fosse colocado para que seu litígio fosse apreciado. Jó tinha convicção, por isso clamou: “Ainda que Ele me mate, eu não negarei a minha justiça”. Ah meus irmãos! Como é fácil dizer que adoramos a Deus, que vivemos para servi-lo, que o amamos de todo o coração, quando tudo vai bem. Ah meus irmãos! Como é fácil ficar quieto sem querer chamar a atenção de Deus quando o problema não é nosso. Ah meus irmãos! Como somos massa de manobra nas mãos de um livro que tem a pretensão de revelar um Deus Soberano que mata, ataca, destrói, extermina, e impede a piedade em favor de crianças e mulheres amamentando.

Alguns dias atrás me perguntaram: Crês em Deus e na Bíblia? E disse: Sim, creio em Deus, porém não creio que a Bíblia possa revelar Deus. Como muito bem disse São Jerônimo em um dos poucos momentos de sobriedade “A verdade não pode existir em coisas que divergem”. Como disse também Norman Champlin “Em algumas passagens da Bíblia, o melhor que se faz é ignorá-las para que não seja envergonhado o nome de Deus”. Como disse o papa Paulo V no séc. XV “Não sabeis como a leitura das Escrituras estraga a religião Católica”. Meus irmãos, este também tem sido o discurso dos protestantes radicais que condenam a Crítica Textual, a Arqueologia, a Ciência, a História do Cristianismo Primitivo, a História das Religiões. Tudo isso por que basta apenas um olhar racional para que toda farsa da Bíblia desapareça.

Mas eu, creio num Deus que um dia irá revelar toda a Verdade; creio num Deus que irá punir aqueles que fraudaram os seus atos e palavras, quer seja apóstolo, discípulo, santo ou pecador; creio num Deus que condenará todos os covardes que duvidando da mentira, ainda assim, resolveram se unir a ela; creio num Deus que isentará de culpa todos os que ousaram questionar levando-o em juízo pelos seus supostos atos e omissões, creio num Deus que tomará como culpado todo aquele que incitou os homens a falarem o que não era reto sobre Ele.

AMÉM!

Quem Irá Julgar os Atos de Deus?


Ah! Quem me dera alguém que me ouvisse!
Eis a minha defesa, que o Todo Poderoso me responda;
que o meu adversário (Deus)escreva a sua acusação. (Jó. 31.35)

Em primeiro lugar, gostaria de enfatizar que meu propósito com este esboço, que na verdade se parece mais com um grito por justiça, não tem a intenção de confundir, desfazer ou inibir a fé de nenhum dos meus destinatários. Tenho alguns projetos, e sei que Deus irá me abençoar, (parece até uma contradição) de escrever futuramente literaturas que abordem o problema do sofrimento humano, pelo menos três livros, o primeiro sobre Jó, o segundo sobre Eclesiastes, e o terceiro sobre “Os Absurdos de Deus e as contradições da Bíblia”.

Jó e Eclesiastes são dois livros do Antigo Testamento que em minha opinião são Universais, ou seja, servem de manuais para a vida prática. Representam as vicissitudes da vida e fazem eco ao grito por justiça dado por Asafe: Sl. 73; Habacuque: 1:2; Jeremias: 12.1:6, e tantos outros profetas e homens que se sentiram enganados, humilhados, injustiçados por Deus.

O grande conflito entre teólogos e cristãos leigos reside justamente na fé cega. Costumo dizer que “a ignorância é a mãe da devoção”. E um aspecto interessante acontece quando as ciências: arqueologia, física, biologia, antropologia, corroboram com algumas afirmações da Bíblia, e aí, os cristãos de plantão se apressam em dizer: Estão vendo! A Bíblia sempre precede a Ciência, a Bíblia nunca falha! Porém, quando as próprias ciências acadêmicas que compõem o estudo das Escrituras se opõem a Inerrância bíblica; negam a cronologia dos acontecimentos; desfazem afirmações bíblicas sobre ciência, biologia, física, antropologia, dinastias; desacreditam a autoria dos escritos, jogam por terra a infalibilidade da Escrituras, confirmam a interpolação e supressão de textos, revelam que muitas profecias foram escritas posteriormente aos acontecimentos, caracterizam alguns textos como espúrios. Aí, a coisa já muda de figura, e todos que não comungam da “Inerrância das Escrituras” estes são chamados de filhos do diabo, não convertidos, inimigos de Deus, agentes de Satanás.

Agora, falando em particular, acredito e sempre acreditarei na existência de Deus “Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis. Pois tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças antes seus raciocínios se tornaram fúteis, e seus corações insensatos se obscureceram”. Romanos 1. 20.21. Como disse o apóstolo Paulo somente a dureza do coração do homem pode negar a existência de um Ser Criador de todas essas coisas.

Agora, o outro lado do problema.

Desde que ingressei no seminário e passei a estudar a Bíblia, eu disse estudar e não apenas ler e fazer de contas que tudo aquilo soaria como verdades universais, comecei a verificar que muitas coisas não se encaixavam, porém como era um recém convertido e um aluno novo no seminário, creditei tudo como sendo minha falta de conhecimento ou a falta de “revelação do Espírito Santo”, á propósito um jargão muito usado contra todos que se mostram críticos (estudiosos) das Escrituras Sagradas.

E, embora, nunca tendo sido um cristão ortodoxo, ou seja, um cristão tradicional que aceita tudo como sendo inspirado por Deus, ainda assim, hoje me arrependo de ter acreditado em dogmas, doutrinas, arranjos teológicos, profecias incompatíveis, que tinham apenas a intenção de dar sentido a um macabro enredo de mortes, assassinatos, traições, homicídios, infanticídios, incestos, invasões, estupros, ciúmes, violência, racismo, acepções, discriminações, pragas, maldições, invejas, aberrações e mentiras, tudo em nome do Deus Santo de Israel.

Ditados populares são criados dentro de suas respectivas “culturas” e a maioria deles longe de representarem verdades incontestáveis apresentam certa coerência. Entre os ditados populares existe um que acho pertinente com o assunto proposto: “O pior cego é aquele que não quer enxergar”. Digo isto porque, sempre me destaquei nos seminários onde estudei não que fosse o mais competente, mas por ser o mais ousado, praticamente o único a me levantar contra as incoerências, absurdos, injustiças e atrocidades cometidas por Deus ao longo das narrativas da Bíblia. Não é por acaso que Jó se constitui no Antigo Testamento o meu “herói preferido”, ele é um justo que foi, injustiçado, violentado, alijado, ultrajado, desmoralizado, escarnecido, por capricho do Deus de Israel que travava uma batalha de vaidades contra Satanás e, diga-se de passagem, Satanás venceu, pois nada do que Deus acrescentou a Jó poderia curá-lo de seus traumas e terrores.

Qualquer homem sensato, provido de razão ou humanidade, livre de uma religiosidade que escraviza consegue tranquilamente identificar o absurdo cometido contra Jó, homem que era integro e reto; temia a Deus e se desviava do mal. Com certeza depois da experiência infernal que Jó teve com Deus o seu “temor” antes, com uma conotação de respeito, passou a ser de medo, vulnerabilidade, inconstância e pavor, pois se o próprio Deus que testemunhou em favor dele o castigou impiedosamente o que não faria adiante.

Basta ler e querer enxergar, e não querer se enganar ou tentar representar o advogado de Deus ou do Diabo. Se ainda assim, persistir alguma dúvida sobre a injustiça praticada por Deus, leia-se as palavras do pobre Jó:

“Quando penso que a minha cama me consolará, e o meu leito aliviará a minha queixa, (leia-se dor excruciante) então me espantas (Deus) com sonhos, e com visões me assombras”. 7.13:14;

“Não existe árbitro entre nós que ponha a mão sobre nós ambos, alguém que tire a sua vara (Deus) de cima de mim, para que não me amedronte o seu terror”. 9.33:34;
“Se fosse uma questão de forças, ele é poderoso! “Se fosse uma questão de justiça, quem o citará? Se eu me justificar, a minha boca me condenará, (medo) se reto me disser, então ele me declarará perverso. Embora eu seja inocente, não levo em conta a minha alma, desprezo a minha vida. Tudo é o mesmo, portanto digo: Ele consome ao reto e ao ímpio. “Quando o açoite mata de repente, ele ri do desespero dos inocentes”. 9.19:23.

Poucos dias atrás conversava ao telefone um irmão em Cristo, este com certeza cristão de verdade, homem de muita fé, que não tenta contender com Deus e, falava que o palco da tragédia humana se iniciou no Éden evoluindo, para um contexto de guerras, vejamos: Por quais motivos os descendentes de Sem (Gn. 10.12) da árvore genealógica de Abraão, pai de todos os hebreus, foi escolhido para habitar nas terras dos cananeus, descendentes de Cão, erradamente amaldiçoado por Noé, logo após, uma embriagues de vinho. A partir dessa “apartheid racial” entre irmãos promovidos pelo Deus de Israel, o que se desenrola a seguir, é uma série de barbáries, mortes, homicídios, usurpações, estupros, violência sem fim, etc. Muita coisa ainda deveria ser comentada, isso representa apenas, a ponta de um Iceberg de erros, contradições, maldições.

Lembro-me quando certa vez no curso de Mestrado Bíblico indaguei o professor com duas “pedradas”: “Será que Deus é realmente bom? Deus sempre fez acepções de pessoas e sempre utilizou de critérios diferentes para atitudes semelhantes e citei nomes de alguns personagens da Bíblia que foram favorecidos enquanto outros preteridos: Saul (coitado do Saul esperou os dias necessários, três dias, pelo profeta Samuel e mesmo assim foi punido por oferecer sacrifício) Davi e Salomão (não eram sacerdotes e cansaram de oferecer sacrifícios sem terem autoridade para tal coisa, e nem por isso foram punidos); Moisés (coitado do Moisés, segurou uma responsabilidade que não era sua, bem que ele tentou devolver para Javé, mas este disse: Segura Moisés que esse povo é teu. E covardemente foi impedido de entrar em Canaã. Que coisa!) e Raabe (grande mulher trabalhadora e de grande fé); Isaque e a filha de Jefté (coitada da menina, pagou pela loucura de seu pai, e Deus não interveio. Sorte do Isaque), Pedro (Se safou em Pedrão, pois a bola da vez era você) e Judas (o Judas, coitado, entrou de bucha); e muitos outros.

Queridos irmãos, analisem e sejam honestos consigo mesmo.

Alguns dos autores bíblicos acreditavam que o sofrimento tinha um fim redentor, e é verdade que com freqüência pode haver benefícios nas dificuldades que encontramos. Mas eu simplesmente não vejo nada de redentor quando bebês etíopes morrem de subnutrição, quando milhares de pessoas morrem de epidemias ou quando um jovem, um pai de família, uma criança é brutalmente assassinado por violentos assassinos.

Alguns pensam no sofrimento como um teste de fé. Mas eu me recuso a acreditar que Deus assassinou (ou permitiu que Satanás assassinasse) os dez filhos de Jó para ver se Jó iria amaldiçoá-lo, e perdeu, porque Jó o xingou de tudo de ruim: algoz, covarde, injusto, insensível, opressor, zombador,etc., pena que no final, quando Deus aparece bancando o ofendido, Jó botou a viola no saco e disse “Eu sei que tudo podes, nenhum dos teus planos pode ser impedido (sentiu na carne). Certamente falei do que não entendia, coisas maravilhosas demais para mim, (só desgraça) e que eu não compreendia. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza.
Coitado do Jó, quando Deus apareceu a sua frente, Jó devia ter pensado “Já era. Agora o que de pior poderá Ele me fazer ainda. Acho melhor dizer que eu estava errado”.

Responda amados irmãos, se alguém matasse seus dez filhos, você não teria o direito de amaldiçoá-lo? E pensar Deus que podia compensar Jó dando a ele outros dez filhos é desonesto, imoral, indigno, indecoroso.

Alguns acham que o sofrimento no mundo é provocado por forças que se opõem a Deus, forças que oprimem seu povo quando tenta obedecer a Ele. Essa visão pelo menos leva a sério o fato de que o mal existe e é disseminado. Mas no fim ela é baseada em visões mitológicas deste mundo (um universo de três andares, demônios). Também fica baseada em uma fé cega, levando a acreditar que no final tudo o que está errado será consertado.

Certos autores sustentam que o mal é um mistério. Eu encontro eco nessa visão, mas não tenho grande apreço por ela uma vez que não podemos pedir uma resposta para o mistério do sofrimento (Jó), pois Deus é o Todo Poderoso e não temos base para chamá-lo às falas pelo que fez: assassinatos de bebês, crianças, mulheres amamentando, mulheres grávidas, velhos, jovens.

Meus amados irmãos: Se Deus nos fez, se somos feitos a sua imagem e semelhança (Gn. 1.27 ), então supostamente nossa noção de certo e errado vem Dele. Se este é o caso, não há outra noção de certo e errado que não a Dele. Se Ele fez algo errado, então é culpado pelos seus próprios princípios de julgamento que Ele nos deu como seres humanos conscientes. E assassinar bebês, matar multidões de fome causando canibalismo e permitir ou causar genocídio é errado.
Observem as duras palavras de Rubem Alves “A teologia cristã ortodoxa, católica e protestante – excetuada a dos místicos e hereges – é uma descrição dos complicados mecanismos inventados por Deus para salvar alguns do inferno, o mais extraordinário desses mecanismos sendo o ato de um Pai implacável que, incapaz de simplesmente perdoar gratuitamente (como todo pai humano que ama sabe fazer), mata o seu próprio Filho na cruz para satisfazer o equilíbrio de sua contabilidade cósmica. É claro que quem imaginou isso nunca foi pai. Na ordem do amor são sempre os pais que morrem para que o filho viva”.

Irmãos, não é por causa de Rubem Alves, Karl Barth, Paul Tillich, Karl Rahner, Rudolf Bultmann, Platão, Hegel, Espinoza, Kierkegaard ,Immanuel Kant, David Hume, Bart D. Ehrman, Elaine Pagels, não é por nenhum desses homens, é simplesmente por mim. Não posso mais acreditar em tudo o que está escrito na Bíblia.

Tempos atrás, não conseguiria me ver como um adepto Parcial do Deísmo que se caracteriza pela crença na existência de Deus, porém acreditando que Deus não intervém nos eventos desse mundo.

Acredito que posso afirmar que Deus existe, porém Ele não é mais ou o mesmo Deus que acreditava. Um Deus de batalhas, muitas vezes cruéis e sem finalidades no Antigo Testamento, mas um Deus de vitórias, provimentos e livramentos, Um Deus pessoal que tinha o poder final sobre este mundo e interferia nos assuntos humanos de modo a impor sua vontade sobre o seu povo.

Velhas dúvidas que remetem a velhos tempos, e velhas perguntas feitas como fez Epicuro e que ainda e nunca serão respondidas:

Deus quer impedir o mal, mas não consegue? Então ele é impotente.
Ele é capaz, mas não quer? Então ele é malévolo.
Ele é capaz e quer? Donde, então, provêm o mal?

E colocar a culpa no livre-arbítrio dado por Deus ao Homem, além de não ter base bíblica, também, não responde em nada as questões do mal. Por que juntamente do livre-arbítrio Deus não concedeu sabedoria ao Homem para fazer uso?

Então, se Deus pode curar o câncer, porque milhões de pessoas morrem dessa doença? Se Deus alimenta os famintos, por que há pessoas com fome? Se Deus cuida dos seus filhos, por que milhares de crianças morrem de epidemias? Se Deus cuida de seus filhos, por que há milhares de pessoas destruídas? Se Deus cuida dos seus filhos, por que milhares de pessoas morrem por catástrofes naturais todo ano? Se Deus cuida dos seus filhos, por que muitos cristãos são alvo de balas perdidas, estupros, roubos, assassinatos, acidentes e muitas vezes a caminho ou voltando de um culto oferecido a Ele?

Se a resposta é que isso é um mistério é o mesmo que dizer que não sabemos o que Deus faz ou como ele age. Então, por que fingir que sabemos?

Não posso mais acreditar num Deus que se envolve ativamente com os problemas deste mundo. E o que eu poderia fazer, a não ser continuar fingindo, quando fui confrontado com os fatos que contradizem a minha antiga fé?

E se fosse solicitado para resumir a Bíblia, diria: Antigo Testamento um amontoado de guerras e atrocidades sem razão e por nada. Novo Testamento a presença Maravilhosa de Jesus, O Cristo, mas que em nada modificou a malignidade do coração do homem nem melhorou a vida dos seus filhos, dos pobres e dos oprimidos.

Devo admitir que hoje, compreendo, ou melhor, sempre compreendi a confusão na mente de Marcião, pois conciliar as ações do Deus do Antigo Testamento e as ações de Jesus no Novo Testamento é impossível, mas isso é outro assunto polêmico.

Devo admitir que no final das contas, ainda tenho uma visão bíblica sobre o sofrimento. É a visão apresentada nos livros de Eclesiastes e Jó: “Existem muitas coisas que não podemos saber sobre este mundo. Muitas situações desse mundo não fazem sentido. E na maioria das vezes não existe justiça”. E a síntese de tudo isso!

Queridos do meu coração fiquem com A Paz, A Consolação, A Humildade, A Mansidão, O Amor de Pai, O Amor de Irmão, do Nosso Mestre, Senhor e Salvador Jesus Cristo, O Justo.



O Senhor de Todas as Vontades: Agradecendo ou Disfarçando nossa Decepção com Deus?

Estava com o assunto já selecionado abordaria Romanos 9.11:23 que trata da Soberania de Deus em preparar os vasos de honra e de desonra e em se compadecer e endurecer o coração de quem Ele quer. Contudo, decidi abordar um tema que há muito tempo vem chamando minha atenção e de contínuo me incomoda “As Ações Do Senhor De Todas As Vontades (Agradecendo Ou Disfarçando Nossa Decepção Com Deus?)”.

Todos os dias, alguns, se antecipando ao romper do sol, acordam em suas camas espaçosas, caminham até o banheiro e despertam com uma maravilhosa ducha de água fria, ou morna, seguem, após isso, para uma mesa já posta onde encontram o que lhes servirá de sustento para o período matinal, depois se acomodam em seus veículos e tranquilamente se dirigem para as salas de aula ou escritórios. E este círculo se completa com a tarde e noite.

Temos o pão, a água, a cama, o emprego, o veículo, a saúde, nossos pais, os filhos que nos rodeiam, e por tudo isto agradecemos a Deus pela sua misericórdia. Mas, é quase impossível que, em algum momento recebamos essas benesses concedidas por Deus como um ato de Sua injustiça. É óbvio que não! Afinal de contas, achamo-nos Bem-Aventurados e que a Graça de Deus (favor imerecido) está sobre nossas vidas. Aleluia!

Mas, segundo uma organização conhecida como Global Walter há no mundo mais de 1bilhão de homens, mulheres e crianças (algo como um em cada cinco seres humanos vivos) que não têm água potável para beber. A situação que essas pessoas enfrentam é terrível. Para começar, muitas delas são subnutridas, e a água contaminada que bebem é infestada de parasitas que continuam a se multiplicar nos seus corpos enfraquecidos, tirando delas os nutrientes e a energia de que necessitam para manter a saúde. O Global Walter diz que 80% das doenças infantis fatais em todo o mundo são causadas não por falta de alimentos e remédios, mas pelo consumo de água contaminada. Algo como 40 mil homens, mulheres e crianças morrem todos os dias de doenças diretamente relacionadas à falta de água potável. Outro dado assustador é sobre a malária, uma doença horrível com efeitos devastadores e disseminados, e que teoricamente pode ser prevenida. Segundo os médicos, o grau de infelicidade que ela produz é de tirar o fôlego. O Instituto Nacional de Alergia e doenças Infecciosas dos Estados Unidos estima que entre 400 e 900 milhões de crianças, quase que todas da África, contraem um caso agudo de malária todos os anos. Em média 2,7 milhões de pessoas morrem da doença todos os anos. São mais de 7 mil por dia, trezentas pessoas por hora, cinco a cada minuto. Algo que a maioria de nós nunca deu um segundo de atenção. Quase todos os mortos são crianças. Faltam ainda os registros diários dos óbitos por escassez de alimentos, saneamento básico, falta de vacinas, remédios, infecções, guerras, suicídios, homicídios, rituais de magia, e muitas outras mais.

Os teólogos judeus sempre procuraram entender o motivo de haver sofrimento no mundo. A teologia judaica se baseou primeiramente no Êxodo do Egito sob a liderança de Moisés, conforme relatado na Bíblia. Ela demonstrava em termos gerais que Deus havia escolhido Israel para ser seu povo e que interviria em seu favor quando Israel estivesse em dificuldades. E de fato foi o que aconteceu.

Porém, o que deveriam pensar os teólogos, quando em tempos posteriores o povo de Israel sofreu, sem a interferência de Deus? Muito da Bíblia hebraica tem a ver com essa questão.

A resposta padrão vem de escritos dos profetas hebreus, como Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias e Amós. Para esses escritores, Israel sofre reveses militares, políticos, econômicos e sociais porque o povo pecou contra Deus e está sendo punido por isso. Quando, porém, eles retornassem aos caminhos de Deus teriam novamente uma vida próspera e feliz.

Mas o que acontece quando as pessoas realmente se voltam a Deus, tentando verdadeiramente seguir seu caminho e, mesmo assim, ainda sofrem? A grande dificuldade da clássica visão profética do sofrimento é que ela não explica por que os perversos prosperam e os justos sofrem. Essa falha resultou em algumas teologias variantes em Israel na Antiguidade, incluindo as dos livros de Jó e Eclesiastes (ambos direcionados contra essa visão profética) e a de um grupo de pensadores judeus que os estudiosos modernos chamam de “apocalípticos”. O termo vem da palavra latina apocalypsis, que significa “desvendamento” ou “revelação”, e é usado para definir essas pessoas, porque elas acreditavam que Deus lhes havia “revelado” os derradeiros segredos do mundo, o que explicava por que o mundo contém tanto mal e sofrimento.

Então, deveria haver alguma outra razão para o sofrimento, e assim, algum outro agente responsável por ele. Apocalípticos judeus desenvolveram, então, a idéia de que Deus tinha um adversário pessoal, o Diabo e, este de fato, era o responsável pelo sofrimento. Além disso, havia forças cósmicas no mundo, forças malignas com o Diabo à frente, que estavam afligindo o povo de Deus. De acordo com essa perspectiva, Deus ainda era o Criador deste mundo e seria seu Redentor final. Mas, no momento, as forças do mal haviam sido libertadas (por quem?) e estavam lançando a devastação sobre o povo de Deus.

Os apocalípticos judaicos, porém, sustentavam que Deus logo interviria e derrotaria essas forças do mal em uma demonstração cataclísmica de poder, destruindo todos os que se lhe opusessem, incluindo os reinos que estavam causando o sofrimento de seu povo. Mas, quando seria esse “logo”? “Em verdade vos digo que, dos que aqui estão alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegando o Reino de Deus com poder”. Essas são palavras de Jesus (Mc 9.11), provavelmente o apocalíptico judeu mais famoso da Antiguidade. Ou, como ele diz mais tarde: “Em verdade vos digo, não passará esta geração sem que todas essas coisas aconteçam” (Mc 13.30).

Jesus e seus primeiros seguidores eram judeus apocalípticos, esperavam a iminente intervenção de Deus para derrotar as forças do mal. Jesus parecia pensar que Deus logo enviaria do céu o Filho do Homem como um juiz contra todos aqueles que se aliam contra Ele. No entanto, após a morte de Jesus, seus seguidores começaram a pensar que era o próprio Jesus que logo retornaria do céu sobre as nuvens como um juiz cósmico da terra. O apóstolo Paulo acreditava que ainda em vida veria Jesus retornar para o julgamento (1 Ts 4.14-18; 1 Cor 15.51-52). Mas os dias de espera se transformaram em semanas, depois em meses, em anos, e então em décadas. E o fim não chegou. E agora! O que aconteceria a uma crença que é radicalmente desmentida pelos acontecimentos da história?

Como o fim não veio do modo esperado, alguns dos seguidores de Jesus transformaram este dualismo temporal em um dualismo espacial, entre o mundo abaixo e o mundo acima. Os cristãos começaram a pensar que o julgamento era algo que não se daria aqui, neste plano terreno, em algum futuro evento cataclísmico. Aconteceria na vida após a morte, depois que cada um morre. O dia do juízo não seria algo que aconteceria daqui a pouco. É algo que acontece o tempo todo. Na morte, aqueles que se aliaram ao Diabo irão receber sua recompensa eterna sendo enviados para viver para sempre com o Diabo, nas chamas do inferno. Aqueles que se aliaram a Deus terão sua recompensa eterna com a garantia de vida eterna com Deus, para sempre desfrutando das bem-aventuranças do céu.
Nessa visão transformada, o Reino de Deus já não é imaginado como um Reino futuro aqui na terra; é, agora, o Reino que Deus já comanda, no céu.

Sei que este é um pensamento reconfortante para muitas pessoas, uma espécie de reafirmação de que Deus realmente está no controle e sabe o que está fazendo. Contudo, não me convence!

Além do que tenho uma convicção de que, o sofrimento de crianças inocentes não pode ser explicado. Para mim, se torna difícil, porém, não impossível, que possa haver uma solução divina que torne todo o sofrimento destes infantes “merecido”, uma resposta que justificará a crueldade feita às crianças. Acredito que, se todos devem sofrer de modo a comprar a Vida Eterna com seu sofrimento, o que as crianças têm a ver com isso? E repito: Que mesmo uma resposta de Deus seria difícil fazer compreender por que as crianças sofrem?

Há alguns anos atrás li um livro chamado Quando coisas ruins acontecem a pessoas boas, escrito pelo rabino Harold Kushner. Para Kushner, não é Deus que causa nossas tragédias pessoais. Nem mesmo ele as “permite”. Simplesmente há algumas coisas que Deus não pode fazer. Ele não pode interferir para impedir que soframos. Mas o que ele pode fazer é igualmente importante. Ele pode nos dar força para lidar com o nosso sofrimento quando passamos por ele. Deus é um pai amoroso que está aqui por causa de seu povo; não para garantir miraculosamente que nunca terá dificuldades, mas para dar a ele a paz e a força necessárias para enfrentar a adversidade.

Mas, a afirmação do rabino Kushner revela um sério problema. Para a maioria dos autores da Bíblia, o poder de Deus é ilimitado. Além do que, acreditar que um Deus Todo-Poderoso se comporta ao lado dos que sofrem como um mero espectador impotente é totalmente cruel.

Alguns dos autores bíblicos acreditavam que o sofrimento tinha um fim redentor, e é verdade que com freqüência pode haver benefícios nas dificuldades que encontramos. Mas eu simplesmente não vejo nada de redentor quando bebês etíopes, indianos, ou africanos morrem de subnutrição, quando milhares de pessoas morrem hoje (e ontem, e no dia anterior) de malária, ou quando toda uma família é brutalizada por marginais drogados que invadem sua casa no meio da noite, ou quando um tiro põe fim à vida de pessoas honestas.

Devo admitir considerar uma única visão bíblica do sofrimento, é a visão apresentada nos livros de Jó e Eclesiastes “Existem muitas coisas que não podemos saber sobre este mundo. Existem muitas coisas que não acontecem como o planejado ou como deveriam. Existem muitas coisas que atribuímos a Deus, todavia, não passam de simples casualidade”.

Pense! Pense com sinceridade todas as noites a respeito de tudo o que você têm, e veja se é “Justo” diante dos que nada possuem, e depois, responda se estamos Agradecendo ou disfarçando nossa decepção com Deus? O Senhor de todas as vontades.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Quando Tudo Dá Errado: O Exemplo de Jó


Imagine um dia que começa como qualquer outro. Você se levanta para ir ao serviço e, chegando na firma, encontra as portas lacradas. A firma fechou, sem aviso. Você, inesperadamente, ficou desempregado. Tendo obrigações para cumprir, você decide ir ao banco para sacar dinheiro e pagar algumas contas que estão vencendo. Mas, chegando ao banco, eles dizem que sua conta foi fechada, sem explicação, e que você não tem nenhum centavo. O dia já está piorando. Você resolve voltar para casa, ainda tentando entender o que está acontecendo. Chegando perto de sua rua, você percebe vários bombeiros e ambulâncias correndo por todos os lados. Suas vizinhas estão na rua, chorando inconsolavelmente. Antes de você chegar até sua casa, um dos vizinhos chama você e fala palavras que jamais esquecerá: "Aconteceu tão rápido", ele diz, "que não foi possível salvar ninguém. A casa, de repente, explodiu. Todos que estavam dentro morreram. Eu sinto muito. Todos os seus filhos estão mortos."

Alguns dias passam. Você acorda num lugar estranho. Olhando para seu redor, percebe que está num hospital. Você está sentindo dores terríveis, e uma coceira constante. Depois de algumas horas de sofrimento, a enfermeira avisa que está na hora de visita. No seu caso, várias pessoas serão permitidas entrar para visitá-lo. A primeira pessoa que entra no quarto é sua esposa. Precisando muito de uma palavra de consolo e de explicação, você olha para ela com tanta esperança, nunca imaginando o que ela vai falar. Ela chega perto da sua cama e começa a gritar: "Eu não entendo a sua atitude", ela diz. "Sua fé não vale nada. Você confia num Deus que fez tudo isso? Amaldiçoe o nome de Deus e morra!" Com essas palavras, ela sai do quarto.

Enquanto você procura entender tudo isso, chegam alguns amigos seus. São velhos amigos, sempre prontos para ajudar. Agora será consolado! Mas, eles entram no quarto, vêem seu estado crítico e seu corpo desfigurado pela doença, e não falam nada. Ficam com a boca aberta, olhando, mas não acreditam. Depois de um longo período de silêncio, um deles fala: "Você mereceu isso. Você deve ter feito alguma maldade muito grande, e Deus está te castigando. Ele tirou todos os seu bens e matou seus filhos. Ele causou esta sua doença. Ele fez tudo isso porque você é mau!" Você começa discutir quando um dos outros concorda com o primeiro, e depois outro também concorda com eles. Não adianta discutir. Para eles, você é um detestável pecador que deve sofrer mais ainda.

De repente, algumas crianças passam no corredor. Você se anima, porque crianças sempre trazem alegria e amor. Mas, estas crianças param na porta, vêem a feiura do seu rosto e corpo, e saem correndo. "Nunca vi nada tão feio", uma delas comenta.

Tudo ficção? Jamais aconteceria uma coisa tão terrível? Modifiquei os detalhes para ajudar você, o leitor moderno, sentir na pele o que aconteceu na vida de Jó. O livro de Jó é, possivelmente, o primeiro livro bíblico escrito. Um homem fiel e abençoado por Deus perdeu, num dia só, todas as suas posses e todos os seus filhos. Logo depois, foi atacado por uma terrível enfermidade. A própria esposa foi contra este homem de Deus, e disse: "Amaldiçoa a Deus e morre" (Jó 2:9). Os amigos o condenaram e discutiram com ele para provar a sua culpa (a maior parte do livro relata essas discussões, começando no 2:11 e continuando até 37:24). Todos os conhecidos dele, até as crianças, o desprezaram (19:13-19).

O livro de Jó trata de um dos assuntos mais difíceis na experiência humana: como entender e lidar com o sofrimento. É um livro rico e cativante que todos os servos de Deus precisam estudar. Um dia, mais cedo ou mais tarde, ele será útil na sua vida. Neste artigo, vamos considerar algumas lições claras e importantes desse livro.

Pessoas boas sofrem

Talvez o ponto principal do livro é o simples fato que pessoas fiéis a Deus ainda sofrem nesta vida. O primeiro versículo do livro já define, do ponto de vista de Deus (veja, também, Jó 1:8) o caráter de Jó: "Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal." Enquanto entendemos que o sofrimento entrou no mundo por causa do pecado (Gênesis 3:16-19), aprendemos em vários trechos bíblicos que a dor e a tristeza atingem as pessoas boas e dedicadas. Jó, um homem íntegro, sofreu imensamente. Paulo, um servo dedicado ao Senhor, sofreu muito mais do que a grande maioria dos ímpios (2 Coríntios 11:23-27). Mesmo quando ele pediu a Deus, querendo alívio de algum problema, Deus recusou seu pedido (2 Coríntios 12:7-9). Mas, não devemos estranhar com isso, pois o próprio Filho de Deus sofreu na carne (Hebreus 2:9-10,18). Os que servem a ele sofrem, também.

O diabo quer nos derrubar com nosso sofrimento

O propósito de Satanás fica bem claro nos primeiros dois capítulos de Jó. Ele vê o sofrimento como uma grande oportunidade para derrubar a fé dos servos de Deus. Ele aceitou o desafio de tentar destruir a fé de um dos homens mais idôneos do mundo. Depois, ele foi tão ousado que desafiou o próprio Jesus, usando todas as tentações imagináveis para o vencer (Mateus 4:1-11). O diabo entende muito sobre a natureza humana. Ele sabe que pessoas que servem a Deus fielmente quando tudo vai bem na vida podem ser tentadas por meio de alguma calamidade pessoal. Problemas financeiros, a morte de um ente querido, alguma doença grave -- tais sofrimentos na vida são, freqüentemente, o motivo de abandonar a Cristo. Enquanto a mulher de Jó não prevaleceu na vida do próprio marido, o conselho dela (Jó 2:9) vem derrubando a fé de muitas outras pessoas que enfrentam dificuldades na vida. Jó não sabia a fonte de seu sofrimento (capítulos 1 e 2 contam a história para nós, mas ele não sabia de tudo que estava acontecendo entre Deus e Satanás). Às vezes, nós não temos noção da fonte das nossas dificuldades. Mas, podemos ter certeza que o diabo está torcendo para que tropecemos e afastemos de Deus.

Amigos nem sempre ajudam

Três amigos de Jó ficaram sabendo de seu sofrimento, "e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo" (Jó 2:11). Mas as palavras deles não ajudaram. Ofereceram explicações baseadas nas opiniões deles, e não na verdade que vem de Deus. Onde Deus não tinha falado, eles ousaram de falar. O resultado não foi consolo e ajuda, e sim perturbação e desânimo. A mesma coisa acontece hoje. Quando alguém sofre de um problema de saúde, outras pessoas tendem falar sobre algum caso triste de alguém que teve a mesma doença e morreu. Quando uma pessoa amada morre, muitas pessoas procuram confortar a família com palavras insensatas e até mentirosas. É melhor falar umas poucas palavras com compaixão do que falar muito e entristecer a pessoa mais ainda. Quando sofremos perda, é melhor procurar conselho na palavra de Deus e da boca de pessoas que a conhecem e que vivem segundo a vontade do Senhor.

Deus não explica tudo

Quando sofremos, é natural perguntar: "Por quê?". Jó fez isso (Jó 3:24). Habacuque fez a mesma coisa (Habacuque 1:3). Milhões de outras pessoas têm feito a mesma pergunta. É interessante e importante observar que Deus não responde a todas as nossas perguntas. Pode ler o livro de Jó do começo ao fim, e não encontrará uma resposta completa de Deus à pergunta do sofredor. Durante a boa parte da história, Deus deixou Jó e seus amigos a ponderar o problema. Quando o Senhor falou no fim do livro, ele não explicou o porquê. A partir do capítulo 38, Deus afrima que o homem, como mera criatura, não é capaz de entender muitas das coisas de Deus, e não é digno de questionar a sabedoria divina. Jó entendeu a correção de Deus, e respondeu humildemente:"Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei" (Jó 40:4-5). Jó pediu desculpas a Deus por ter duvidado da justiça e da bondade do Criador: "Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia....Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:3,6).

Depois do sofrimento, vêm as bênçãos

O sofrimento desta vida é temporário. O sofrimento de Jó foi intenso, mas não durou para sempre. É bem provável que ele lembrou, durante o resto da vida, daquelas experiências doloridas. Mas a crise passou, e a vida continuou. Deus restaurou as posses dele em porções dobradas. A mesma coisa acontece conosco. Enfrentamos alguns dias muito difíceis, mas as tempestades passam e a vida continua. Vivendo na época da nova aliança de Cristo, nós temos uma grande vantagem. Temos uma esperança bem definida de uma recompensa eterna no céu (Hebreus 11:13-16,39-40; 12:1-3; 13:14). Qualquer sofrimento é pequeno quando o colocamos no contexto da eternidade.

Fiéis no sofrimento

Nós vamos sofrer nesta vida. Pessoas que dizem que os filhos de Deus não sofrem são falsos mestres que ou não conhecem ou não aceitam a palavra do Senhor. Jó perdeu tudo. Jeremias foi preso. João Batista foi decapitado. Jesus foi crucificado. Estêvão foi apedrejado. Paulo sofreu naufrágio e prisões. Você, também, vai sofrer. Os problemas da vida não sugerem falta de fé, e não são provas de algum terrível pecado na sua vida. Às vezes, as provações vêm como disciplina de Deus (Hebreus 12:6-13); às vezes, não. Mas sempre são oportunidades para crescer (Tiago 1:2-4), e convites para adorar a Deus (Tiago 5:13; Jó 1:20).