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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Israel Hoje


1. Antecedentes

De modo geral, quem lê a Bíblia conhece a história antiga de Israel. Ela começa com a migração de Abraão, que saiu das longínquas terras da Caldéia (antiga Babilônia) para as terras das tribos cananitas, chamada de Canaã, onde habitavam amorreus, heveus, fereseus e outros pequenos povos (Gên. 15:19-21), em forma tribal. Trata-se de uma faixa de terra pequena, de apenas 9.654km quadrados, estendendo-se do Líbano ao norte, até o Egito, no sul, com uma largura média de 64km. A estas terras, devem ser acrescentados 6.436km quadrados ao leste do Rio Jordão, a área geralmente chamada de Transjordânia, no total mais ou menos equivalente ao Estado de Sergipe. Abraão foi para lá mais ou menos no ano 2000 AC, percorreu toda a terra, estabeleceu-se nela, tornou-se rico e poderoso (Gên. 12 e 14) e recebeu de Deus a promessa de ser “pai de uma grande nação” e dono das terras (Gên.12:2; 15:18). De Abraão nasceram Isaque, Ismael e Midiã. Cada um tomou depois o seu destino, por força das circunstâncias históricas, ficando Isaque na Palestina, Ismael como fundador dos povos árabes e Mídiã, de quem vieram os midianitas, também árabes, ao norte da península arábica. Posteriormente, nós temos a história de Jacó, filho de Isaque, e de José, filho de Jacó, que definiram ainda mais a Palestina como se fosse uma propriedade particular desses patriarcas.

2. A formação do povo de Israel

A história de Jacó é principalmente marcada pela sua migração para o Egito, em tempos de crise (fome) e permanência nas terras do norte (Goshen), que lhes foram dadas por Faraó, amigo de José, que governava o Egito. Aí se formou o povo judeu, que nós chamamos de Israel. Passada a fase de José, veio o período de escravidão do povo, sob o domínio de outros Faraós, que queriam construir grandes monumentos. Eles se aproveitaram da presença, no Egito, de um povo não-egípcio, e o usou como mão-de-obra gratuita para escravizá-lo. Deus, então, proveu um líder, judeu mas com formação egípcia, Moisés, para libertar o povo e o trazer de volta à Palestina, sua antiga morada (Gên. 1 a 5). Depois de muitas peripécias (as pragas, a fuga, a travessia do Mar Vermelho, a caminhada pelos desertos durante 40 anos, a conquista da Canaã), Israel finalmente fixou-se novamente na Palestina (Núm. 10 a 22), depois de muitas guerras.

3. Israel – um povo dominado

Aí começou uma nova fase da história. O povo escolheu um novo regime de governo - a monarquia - e teve, sucessivamente, a Saul, Davi e Salomão como primeiros reis. Morto Salomão, o reino se dividiu em duas partes, ficando a do norte com dez tribos, sob o reinado de Jeroboão e seus sucessores, e a parte do sul com a tribo de Judá, sob o reinado dos filhos de Salomão, ou seus descendentes (leia os livros dos Reis). No séc. VIII AC, as coisas mudaram muito: os assírios, na época de Senaqueribe, formaram um grande império. Em 701, eles começaram a invadir Israel, pela parte do norte, conquistando várias das suas cidades, e, depois, levando os nortistas (Israel) em cativeiro (732-722AC). Foi o cativeiro assírio. Cerca de cem anos depois, foi a vez dos sulistas (tribo de Judá) serem invadidos por outro império – dos babilônicos, que conquistou a Assíria, em 733 AC. Em 605 AC, Jerusalém foi dominada e em 586 foi destruída e os judeus foram levados em cativeiro, que durou por 70 anos. Depois, foi a vez dos persas (época de Ciro), que permitiu e promoveu o retorno de Judá do exílio e a reconstrução de Jerusalém. Foi a época de Esdras e Neemias (539 AC). Mas, um terceiro império surgiu mais tarde – o Império Grego. Em 320 AC, o seu rei, Ptolomeu, tomou também Jerusalém. Este foi o período dos Macabeus, de uma família de judeus heróicos que lutou contra a dominação e a tirania grega. No ano 63 AC aconteceu a mesma coisa, agora da parte de Pompeu, imperador romano. No ano 70 DC, já na era cristã, a cidade de Jerusalém foi novamente e totalmente destruída, por Tito, general romano. Resumindo esta parte, nós colocamos os impérios e os períodos históricos:

IMPÉRIOS:

ASSÍRIO
PERÍODOS DA HISTÓRIA
883 a 612 AC

BABILÔNICO
PERÍODOS DA HISTÓRIA 605 a 539 AC
DESTRUIÇÕES DE JERUSALÉM 587 AC
por Nabucodonor

MEDO-PERSA
PERÍODOS DA HISTÓRIA
539 a 331 AC

GREGO 331 a 146 AC

ROMANO
PERÍODOS DA HISTÓRIA
146AC a 476 DC
DESTRUIÇÕES DE JERUSALÉM
Ano 70, por Tito

Vemos, assim, que desde o século VII AC não há paz em Israel, exceto durante pequenos períodos.

3. O Recesso Judaico Passados esses episódios que duraram séculos, Israel entrou como que num recesso político, porque (1)foi submetido a uma diáspora durante a qual ficou espalhado pelos muitos povos da terra, durante pelo menos 1878 anos (do ano 70, quando o templo foi destruído, até o ano de 1948, quando a reorganização foi autorizada pela ONU); e (2)porque durante todo esse período Israel perdeu a sua condição de povo, com representação política em meio aos outros povos do mundo. O território, então, passou de mão-em-mão, como podemos ver:

a) De 660 a 1071 –

Israel ficou sob o domínio árabe, por três dinastias sucessivas, o que explica a presença muçulmana na região:
· dinastia oríada, com capital em Damasco (660 a 750);
· dinastia abássides, com capital em Bagdá (750 a 974, ou 1258); e
· dinastia fatimidas (974 a 1071), descendentes de Fátima, filha do profeta Maomé, e habitantes do norte da África e do Egito.

b) O Mandato Britânico (1920-1947)

Com a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial (ele praticamente havia dominado o mundo oriental todo, até 1922, na forma de califado), a Inglaterra assumiu o controle da Palestina, recebendo para isto mandato da Liga das Nações (antiga ONU), em 1922. A imigração judaica para a região então cresceu, estimulada pelo movimento nacionalista sionista nascido na Europa no século XIX, em reação à perseguição aos judeus no continente europeu. Neste período, desenvolveu-se a filosofia das comunidades judaicas chamadas de kibutz (ou kibutzim no plural), de natureza rural, nos quais ficou organizada e residindo a maior parte desses migrantes. A intenção era estabelecer um "lar nacional" para os judeus na Palestina, baseada em parte nos laços religiosos e históricos com a região, firmando a legitimidade histórica à terra. A proposta teve o apoio do governo britânico na Declaração de Balfour, uma carta escrita pelo Secretário para Assuntos Estrangeiros da Inglaterra, Lord Arthur Balfour, em 02/11/1917, demonstrando a intenção de apoiar a criação da Nação de Israel, caso os otomanos fossem expulsos. Entre 1890 e 1922, a população judaica na Palestina dobrou, de 40 mil para cerca de 85 mil e em 1947 chegou a 600 mil, para 1.300.000 árabes, que defendiam a sua legitimidade natural, por nascimento, ao território. Neste período, a população judaica começou a formar grupos paramilitares e a usar o terrorismo como forma de pressão política. Entre 1936 e 1939, ocorreu a revolta dos árabes da Palestina contra o domínio britânico e uma nova fase da imigração judaica, que abriu disputa por mais terras.
c) Partilha e Guerra (1947-1948)

Em 1947, sob o impacto do Holocausto de seis milhões de judeus pela Alemanha nazista, a ONU, sucessora da Liga das Nações, aprovou a partilha da Palestina. Pelo plano, judeus ficariam com 56% do território e um Estado árabe seria formado no restante. Os árabes, porém, rejeitaram a partilha, sob o justo argumento de que ela não obedecia à proporção entre as populações. Começaram, então, confrontos entre os dois grupos. Em 14/05/1948, Israel declarou sua independência, um dia antes do fim do mandato britânico. Milícias foram transformadas em exército. O novo país foi invadido por tropas das nações árabes vizinhas, mas Israel saiu vitorioso e passou a ocupar 77% do território. No conflito, mais de 600.000 árabes foram expulsos ou tiveram que fugir de Israel, perdendo casas e propriedades; 160.000 permaneceram.

d) Expansão Israelense (1948-1967)

O Egito assumiu o controle de Gaza, no sul, e a Jordânia da Cisjordânia, a oeste. A população dos territórios inchou com os campos de refugiados vindos de Israel, que recebeu no período 700.000 judeus da Europa e de países árabes, boa parte deles expulsos ou em fuga. Palestinos se espalharam também por outros países da região. Em 1957, israelenses, britânicos e franceses invadiram o Egito, tentando retomar o controle do Canal de Suez, nacionalizado pelo governo de Gamal Abdel Nasser, do Egito. A guerra foi interrompida após intervenção dos EUA. Em 1967, alegando invasão iminente capitaneada por Nasser, que mobilizara tropas na fronteira, Israel atacou o Egito. A Jordânia e a Síria entraram na guerra (Guerra dos Seis Dias), ao final da qual Israel ocupou a Península do Sinai, pertencente ao Egito, as colinas de Gola, pertencentes à Síria, ao norte, a faixa de Gaza, a Cisjordânia e o setor oriental de Jerusalém, que estava sob domínio dos árabes. A Resolução 242 da ONU determinou a retirada israelense desses territórios. Em 1964, foi fundada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), coalizão de grupos nacionalistas e marxistas, que não reconhecem o direito de Israel à sua existência no local, pedem o direito de retorno dos palestinos refugiados e a autodeterminação para os palestinos residentes.

e) O recrudescimento do conflito (1967-1988)

Muita coisa aconteceu durante este período, que poderia ter modificado a situação.
·Em setembro de 1970, militantes da OLP foram expulsos da Jordânia e se refugiaram no Líbano.
· Em 1972, 11 atletas israelenses foram mortos pelo grupo Setembro Negro, ligado à OLP, durante as Olimpíadas de Munique.
·Em 6/10/1973, na Guerra do Yom Kippur, a Síria e o Egito atacaram Israel pelo Sinai e por Golã. Depois de 48 horas, Israel reverteu ao ataque obtendo vantagem e lhes impondo derrota.
· Em 1974, o Fatah, facção dominante na OLP, passou a defender a criação de um Estado binacional na Palestina, mas facções radicais romperam com a OLP.
· Em 1979, Israel devolveu a Península do Sinai ao Egito graças ao Acordo de Camp David, mediado pelos EUA.
· Em 1982, Israel invadiu o Líbano para expulsar a OLP. O exército israelense chegou a Beirute, onde permitiu o massacre de refugiados palestinos nos campos de Sabra e Shatila por milícias cristãs aliadas. O comando da OLP se refugiou então na Tunísia.
·Em 1987 eclodiu a primeira Intifada (revolta) contra Israel em Gaza e na Cisjordânia.
·Em 1988 a OLP proclamou a independência Palestina e reconheceu indiretamente Israel, mas nas fronteiras anteriores a 1967.
· No mesmo ano surgiu o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que prega a destruição de Israel e exige o retorno dos milhares de refugiados palestinos em países vizinhos.
·Chegamos assim ao período atual, com Israel fortemente armado de um lado e o Movimento Palestino dividido, tendo na Faixa de Gaza a liderança do Hamas, inimigo radical de Israel, atacando-o ao norte com foguetes fornecidos pelos outros inimigos de Israel, e na Cisjordânia, sob a liderança de Abbas, do Fatah, em parte dominada por Israel, mas com espírito aberto a um acordo que resolva definitivamente o problema. .

f) Esperança e Decepções (1988-2000)

Sob pressão dos EUA, Israel estabeleceu as primeiras negociações diretas com representantes palestinos, na Conferência de Madri (1991). Em 1993, Israel e a OLP firmaram o Acordo de Oslo, que previu um estágio interino de autonomia palestina em Gaza e na Cisjordânia, até negociações finais para criação do Estado Palestino. Foi criada a Autoridade Nacional Palestina (ANP), sob comando de Yasser Arafat, que em 1994 voltou do exílio na Tunísia. Em 1996, Arafat foi eleito presidente da ANP. Áreas de Gaza e da Cisjordânia passaram ao controle palestino, mas Israel manteve a colonização da Cisjordânia, o que não aconteceu na Faixa de Gaza, de onde Israel retirou toda a sua população ali residente. Em 1994, o Hamas promoveu seu primeiro atentado terrorista, após a morte de 29 palestinos por grupo extremista judaico em Hebrom (Cijordânia). Em 1995, o premiê israelense Yitzhak Rabin, que tinha um espírito mais aberto a negociações, foi assassinado por um extremista judeu. Em 1996, o direitista Binyamin Netanyahu foi eleito primeiro ministro. Em 1999, ele foi sucedido pelo trabalhista Ehud Barak. Em julho de 2000, último ano de seu mandato, o americano Bill Clinton reuniu Barak e Arafat novamente em Camp David (EUA) para uma nova cúpula destinada a pôr fim à questão. A cúpula fracassou, apesar de Israel julgar ter apresentado, na sua opinião, sua melhor proposta. Barak oferecia aos palestinos 95% de Gaza e da Cisjordânia (equivalente a menos de 22% da Palestina histórica) e capital em parte da Jerusalém árabe, mas não a soberania sobre Esplanada das Mesquitas (área de Jerusalém que concentra os templos árabes). Também não houve acordo sobre o retorno dos refugiados.

g) Endurecimento da Situação (2000-2008)


Em setembro de 2000, Ariel Sharon, líder do Likud (partido político de Israel, que congrega políticos em geral conservadores, sionistas e nacionalistas), em campanha para primeiro ministro, ousou ir à Esplanada das Mesquitas, no que os palestinos se sentiram insultados. Como conseqüência, teve início a Segunda Intifada. Atentados terroristas (geralmente com homens-bomba), ataques israelenses e confrontos deixaram 5.000 palestinos e 1.000 israelenses mortos em quatro anos. Sharon, eleito premiê em 2001, fundou o Partido Kadima, que prometeu abrir mão da "Grande Israel". Em 2002, ele começou a construção do muro entre Israel e a Cisjordânia, que reduziu a quase zero os atentados em Israel, mas anexou grandes porções do território palestino. Em 2004, Arafat, presidente da ANP, morreu e foi substituído por Mahmoud Abbas, do Fatah, eleito em 2005 Em 2005, Israel retirou soldados e 8.000 colonos da Faixa de Gaza, mas manteve controle sobre as fronteiras marítimas e terrestres do território, dificultando assim o acesso de palestinos a Israel e gerando uma crise de emprego (uma grande quantidade de palestinos trabalha em Israel). Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental são ainda mantidos 400.000 colonos israelenses. Sharon entrou em coma em 2006 (ainda continua) e foi substituído por Ehud Olmert. O Hamas, na Faixa de Gaza, venceu as eleições legislativas palestinas de janeiro de 2006; seu gabinete foi boicotado por Israel e pelo Ocidente, que classificaram o grupo como terrorista e assim inapto para conversações. Em 2007, combates entre o Hamas e o Fatah levaram à expulsão do Fatah de Gaza. A ANP nomeou um novo gabinete, que só tinha voz em parte da Cisjordânia. Israel iniciou, então, um cerco econômico a Gaza. O Hamas passou a usar túneis na fronteira egípcia para contrabandear alimentos, combustível e armas (cerca de 1000 túneis). O grupo e facções ultra-radicais, como a Jihad Islâmica, aumentaram os ataques com foguetes contra Israel. A trégua mediada pelo Egito entre Israel e o Hamas vigorou entre junho e dezembro de 2008, mas nenhum dos dois lados cumpriu estritamente o acordo. A situação só podia piorar.

5. fase atual


O Movimento Palestino está hoje dividido: por um lado, a Cisjordânia continua sob a direção de Mohamoud Abbas, que reconhece o Estado de Israel e não está em guerra com ele. Por outro lado, porém, a Faixa de Gaza está sob o controle do Hamas, não reconhece o Estado de Israel, deseja a sua expulsão da Palestina, e passou a lançar foguetes contra ele a partir do norte, atingindo cidades como Asquelom e Siderot, o que vem acontecendo há anos. Israel se disse cansado de apenas se defender e resolveu atacar a Faixa de Gaza, para destruir as bases de lançamento de foguetes e os túneis de acesso através dos quais os mísseis, outras armas e artigos eram trazidos para dentro do país, mandados pelo Irã, pela Síria e pelo grupo Hesbolah, do Líbano, que na verdade usam ao Hamas como seu instrumento de guerra. Algumas semanas atrás (no dia 27/12/08), Israel começou a bombardear a Faixa de Gaza, provocando intensa destruição e a morte de 1.132 palestinos, 14 israelenses e pelo menos 5.146 feridos (até 16/01/09). Atingidos os seus objetivos militares, Israel resolveu suspender os ataques, unilateralmente, e retirar suas forças da Faixa de Gaza, o que poderia significar o término de um novo período da história local. Os palestinos também declararam uma suspensão dos ataques a Israel. Todavia, como palestinos recomeçaram o lançamento de foguetes sobre Israel e como muitos túneis, não atingidos pelos bombardeios, continuavam sendo utilizados, Israel tem retomado as suas ações, ainda que com menor intensidade. O problema está longe de ser resolvido.

6. Conclusões
a ) Os conflitos entre israelenses e árabes são muito antigos, existindo há mais de 2.000 mil anos. Biblicamente, eles datam dos conflitos de Esaú e Jacó, desde o seu nascimento (Gên. 27:41).

b) Por ser um conflito muito antigo, ele se tornou muito complexo, com difíceis soluções. Todos sabemos que muitos elementos têm entrado no cenário da história. Hoje, a questão declaradamente é territorial, mas outros aspectos estão presentes, como o religioso (Israel é adepto do Judaísmo; os Palestinos são quase todos adeptos do Islamismo); o político (Israel é uma democracia, com igualdade de direitos para todos; os Palestinos, como os árabes, são monárquicos, ou governados por um líder de poder e tradição, sem igualdade de direitos para todos – as mulheres, por exemplo, sofrem grandes restrições); o cultural (Israel é hoje uma sociedade urbana e moderna; os Palestinos, como os árabes, ainda têm os olhos voltados para o passado da época rural, ou das caravanas pelo deserto, proibindo à população o acesso à modernidade).

c) Há também um problema de natureza jurídica: o direito de Israel à terra não pode ser baseado simplesmente na tradição bíblica, ou na história antiga de Abraão, que formam a tradição religiosa do povo. Israel tem direito hoje à terra porque a ONU assim determinou. O Direito Internacional não pode se basear em tradições religiosas, mas em fatos concretos. Isto vale também para os Palestinos, ou para qualquer outro povo sobre a terra. Por outro lado, os palestinos tem direito à terra, porque nasceram nela, o que constitui um direito natural.

d) Na guerra atual (denominada de “Chumbo Derretido”), em que pese o direito de Israel de defender o seu território (isto é legal do ponto de vista do Direito Internacional), ele foi de extremo rigor, não fazendo muito para poupar a população civil, inclusive crianças, e os edifícios.Israel se defende afirmando que os civis e as crianças morreram porque os terroristas as usam como escudo, isto é, porque não se isolam da população civil quando praticam os seus atos. Mesmo assim, Israel destruiu maciçamente as cidades. Reconstruir cidades é lançar mão de verbas vultosas que poderiam ser aplicadas em melhorias sociais. Entendemos, pois, que a desproporção do poder aplicado por Israel poderia ser evitada.

e) O problema vai um dia ser resolvido. Chegará o dia em que “o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e uma criança os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará sob a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Isa. 11:6-9). Israelenses e palestinos farão as pazes e viverão juntos, como dois povos irmãos no mesmo território.