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domingo, 5 de dezembro de 2010

Millard Erickson, H.Thiessen, F. F. Bruce e a Escatologia Bíblica

Estamos no limiar do terceiro milênio. Nestes dias que antecedem os últimos momentos deste sistema dos reinos do mundo, muitas doutrinas e filosofias têm surgido e o esoterismo, misturado com os ensinamentos profusos da chamada Nova Era, tendem a confundir os mais desavisados e os desconhecedores da Bíblia.

É de suma importância que tenhamos um conhecimento mais aprofundado do que a Bíblia ensina a respeito dos acontecimentos mundiais mais importantes, e daquilo que está à nossa espera em breves dias futuros.

Inúmeras pessoas se filiam, a cada dia, às diversas igrejas espalhadas em todo mundo. Entretanto, sabemos, também, que um número razoável dessas pessoas se afastam em razão de interpretações errôneas e falsas das Escrituras Sagradas. Nessas oportunidades, surgem as seitas e religiões fanáticas (Exs. Jim Jones, na Guiana Inglesa e o líder espiritual David Koresh, de uma seita em Waco - Texas, EUA), marcando datas da volta de Jesus, do fim do mundo e outras heresias.

Para essa finalidade, o estudo sério e bíblico da Escatologia, é essencial para dirimir dúvidas e esclarecer muitas questões relacionadas com os eventos presentes e futuros e trazer uma compreensão de importantes temas bíblicos.

Importância do assunto

A Escatologia é um dos temas mais tratados na Bíblia. Sua importância despertava agudo interesse na igreja primitiva. Em toda a Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, o assunto é retratado de forma relevante e intensa.

O foco central, o âmago, o coração da Escatologia é A Segunda Vinda de Cristo. Como o próprio termo denota, a Escatologia não trata de toda a história do homem, mas focaliza e direciona o estudo para os acontecimentos finais da história humana e o estado eterno.

Segundo Henry C. Thiessen, a importância do retorno de Jesus é demonstrado por cinco motivos:
1. sua proeminência nas Escrituras - profusão de textos referindo-se ao assunto. Só no Novo Testamento encontramos mais de 300 referências à vinda de Jesus - Dn 7.13,14; Zc 14.4; Mt 24 e 25; Mc 13; Lc 21; 1 Co 15; 1 Ts; 2 Ts; Ap;
2. é uma chave para as Escrituras. Muitos temas, ordenanças, promessas e simbolismo na Bíblia ficam plenamente claros quando compreendemos bem a doutrina do retorno de Jesus à terra - Sl 2; 22; 24; 45; At 3.19-24; Tg 5.8; Hb 10.37; Ap 1.7; 22.12,20;
3. é a esperança da igreja - Tt 2.13 "... a bendita esperança...";
4. é incentivo para o cristianismo bíblico - induz a auto-purificacao; inspira vigilância e perseverança; 1 Jo 3.3; 2 Pe 3.11; Mt 24.44; Rm 13.11; 2 Ts 1.7-10;
5. tem efeito marcante sobre nosso serviço - Há maior incentivo ao testemunho cristão de vida e verbal do evangelho. Rm 13.11-12.

Por envolver um período futuro e uma série considerável de acontecimentos, vários pontos da Escatologia são controversos. Alguns estudiosos até têm se esquivado de discutir esses temas que geram muitos debates pela dificuldade das questões. Millard J. Erickson, no entanto, diz que "quer concordemos que estas questões são importante, quer não, devemos examiná-las, pois aqueles que as discutem as consideram importantes". "Opções Contemporâneas na Escatologia" - pg. 10.

Etimologia da Palavra
O termo Escatologia tem origem em duas palavras gregas (éschatos = "último", e logos ="estudo"). Portanto, a tradução da palavra seria algo como: "A Doutrina (ou estudo) das Últimas Coisas".

Premissas
1) Houve um início e haverá um fim do atual sistema mundial
2) desfecho da evangelização mundial
3) a justiça divina deve ser implantada
4) o Milênio de paz será estabelecido
5) é necessário iniciar-se o tempo eterno
6) a morte e o mal serão destruídos
7) o bem triunfará
8) o envelhecimento (murchação-deterioração das células) do ser humano cessará
9) o Reino eterno de Jesus será estabelecido
10) o pecado e suas conseqüências terão fim

Esboço Simplificado
A Escatologia pode ser dividida em cinco grandes blocos:
1. fim do mundo;
2. a segunda vinda de Cristo;
3. a ressurreição dos mortos;
4. juízo final;
5. a criação dos novos céus e da nova terra.

Esses cinco blocos envolvem, principalmente, os seguintes tópicos, com relação aos indivíduos e ao mundo, contemplando aspectos redentivos, de julgamentos e uma intervenção pessoal de Deus no mundo humano e físico:
a) acontecimentos importantes na história mundial;
b) o testemunho da igreja a todas as nações - Mt 24;
c) Israel: história, rejeição e salvação do remanescente
d) as duas ressurreições
e) os julgamentos intermediário e final
f) a Parousia de Jesus Cristo
g) o milênio de paz
h) o arrebatamento da igreja
i) a transformação dos salvos
j) morte física e eterna

Aspectos Históricos
Vários aspectos da doutrina cristã têm sido tratados no decorrer dos séculos passados. Desde o estabelecimento da igreja, no século I da Era Cristã, os grandes temas têm recebido atenção e desenvolvidos em períodos diferentes da história da igreja, conforme abaixo:
· século II - a igreja lidava especialmente com a Apologética e os fundamentos do Cristianismo;
· séculos III e IV - com a Doutrina de Deus;
· século V (início) - o homem e o pecado;
· séculos V até o VII - com a pessoa de Cristo;
· séculos XI até XVI - com a Expiação;
· século XVI - aplicação da redenção (fé, justificação, etc);
· século XIX - na metade deste século a Escatologia foi estudada precariamente. Vários erros foram introduzidos na igreja. Houve frustrações das expectativas, até então cridas, quando livros da Bíblia foram desconsiderados, inclusive o Apocalipse. Alguns teólogos chegaram ao absurdo de questionarem a autoridade de Jesus com relação aos eventos futuros, julgando-o, até mesmo, que havia se equivocado, e decidiram que, as predições bíblicas sobre o futuro do mundo eram meras invenções da igreja primitiva;
· século XX - bem no início deste século, entretanto, Albert Schweitzer fez uma revolução com o seu livro A Questão do Jesus Histórico, no qual demonstrou que a erudição crítica estava errada, e que a Escatologia devia ocupar posição central, e não periférica, nos ensinos de Jesus. Nos últimos tempos o assunto tem sido discutido até no governo da maior potência mundial, os EUA, inclusive, em debates presidenciais e televisionado para todos os países do mundo (ex. Reagan). Russell N. Champlin acha que o mundo tem de conhecer o tema e debatê-lo antes que os eventos finais sejam desencadeados em todo mundo (conforme veremos nas últimas lições). Por isso é que surgem místicos, dizendo as maiores heresias, das quais precisamos nos precaver para não sermos ludibriados por nenhuma delas.

A Escatologia no Antigo Testamento
Praticamente, quase todas as passagens do Antigo Testamento sobre a Escatologia está relacionada com a pessoa do Messias (Jesus Cristo) como Profeta, Sacerdote e Rei, em conexão com os diversos eventos.

As profecias referentes a Jesus e a tudo que ele realizaria, em boa parte, foram preditos na sua totalidade, sem fazer clara distinção entre os fatos referentes ao primeiro e segundo advento, por estarem intimamente ligados, parecendo, às vezes, tratar-se de apenas um, o que só se tornou mais compreensível mais tarde, com a concretização de alguns acontecimentos - Sl 2; Is 7.14;9.1-6; 53; Jl 3.9-17; Jó 19.25,26.

Esta foi uma das por que os judeus rejeitaram Jesus. Eles esperavam um Messias político, um rei que livrasse Israel do domínio do império romano pela força e estabelecesse um reino de paz. Quando se depararam com Jesus e seus ensinamentos de amor, ficaram decepcionados e o rejeitaram como o Messias.

As expressões: "tempo do fim" (Dn 11.1-4), "naquele dia" (Is 24.21; 25.9; 27.1), "últimos dias" (Is 2.2; Os 3.5), "dia do Senhor" (Jl 2.28-32; Am 5.18-20; Ml 4.5), "dia da sua vinda" (Ml 3.1,2), são expressões escatológicas para indicar o tempo da segunda vinda de Cristo, com todos os eventos a ela relacionados.

No capítulo 9.24 do livro de Daniel, temos o resumo de alguns acontecimentos escatológicos relacionados com a nação de Israel e à cidade de Jerusalém, dentro da profecia das Setenta Semanas, reveladas a Daniel. São eles:
a) cessar a transgressão;
b) dar fim aos pecados;
c) expiar a iniquidade;
d) trazer a justiça eterna;
e) selar a visão e a profecia;
f) ungir o santo dos santos.

Charles Caldwell Ryrie faz, segundo seu entendimento, um esboço interessante do significado de cada um desses acontecimentos profetizados pelo anjo Gabriel ao profeta Daniel. Mesmo que não haja concordância com toda a interpretação de Ryrie, pelo menos merecem ser cuidadosamente estudados pela importância daqueles eventos.
a. cessar a transgressão - pôr fim à apostasia dos judeus;
b. dar fim aos pecados - expiar os pecados ou selar os pecados, no sentido de julgá-los de modo definitivo;
c. expiar a iniquidade - uma referência à morte de Cristo na cruz, que é uma base para o futuro perdão de Israel;
d. trazer a justiça eterna - no reino milenar do Messias;
e. selar a visão e a profecia - colocar o selo divino de confirmação em todas as profecias concernentes ao povo judeu e Jerusalém;
f. ungir o santo dos santos - consagração do Santo dos Santos no templo, no Milênio.

Desde que tornou-se nação até o tempo dos Macabeus no relato histórico do período intertestamental, Israel inúmeras vezes se viu dominado por outros reinos que o subjugavam. Por isso, então, a idéia e esperança sempre viva na mente dos judeus era a do estabelecimento de um reino definitivo e a libertação do domínio romano.

A Escatologia no Novo Testamento
Mencionamos um pouco atrás, na segunda lição, a posição de alguns intérpretes, que chegaram até a dizer que Jesus teria se enganado a respeito de alguns fatos e acontecimentos aos quais teria se referido.

Escatologia Consistente, ou Radical
Pois bem, no meio de toda uma discussão da Escatologia e a vinda do Reino de Deus, se esse Reino seria literal ou não, onde prevalecia a posição de que o Reino de Deus não era literal na sua natureza mas ético, foi que surgiu Schweitzer com um posicionamento, iniciado por Johannes Weiss, de que o Reino do qual Jesus falou não era ético mas escatológico, isto é, que viria no fim, seria apocalíptico.

Com isso, ele então afunilou o ensino de todo o Novo Testamento para uma visão totalmente futurística. Na sua concepção, a chegada do Reino de Deus seria um clímax dramático, com distúrbios cósmicos, refutando, assim, os conceitos anteriores e não-escatológicos dos teólogos liberais, tendo esta sua posição sido chamada de Escatologia Consistente, ou Radical.

Para melhor compreensão, cabe dizer neste ponto que a Escatologia no sentido mais amplo e com tudo que a envolve, trata da implantação dos Reino de Deus aqui na terra, a começar dos corações humanos, e envolve uma série enorme de ações e acontecimentos previstos para ocorrerem na terra, o sobrenatural, vindo dos céus, entrando no natural e se estabelecendo no planeta.

Na verdade, o Reino de Deus deveria vir a ser estabelecido na terra com todas as características (já que é de Deus e de caráter justo) próprias de sua implantação: é claro, para os inimigos do Reino, o desfazimento do mal e seus agentes, com a aplicação da justiça e do juízo; mas, para os que o buscam e anseiam por ele, o estabelecimento da paz tão almejada e todas os benefícios que ela traz. Por que isso? É a destruição do reino atual, perverso, mal e corrupto, que é o de Satanás, e a implantação do justo e perfeito Reino de Deus.

Por isso, é que F. F. Bruce afirma que a pregação de Jesus, resumida em Mc 1.15 ("O tempo está cumprido e o Reino de Deus está próximo; arrependei e crede no evangelho"), declara o cumprimento da visão de Daniel: "E veio o tempo em que os santos possuíram o Reino" (Dn 7.22).

Diz Bruce que, em certo sentido, o Reino já estava presente no ministério de Jesus: "se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado o Reino de Deus sobre vós" (Lc 11.20; cf Mt 12.28). Mas, em outro sentido, o Reino ainda estava no futuro. Jesus ensinou seus discípulos a orar: "Venha o teu Reino" (Lc 11.2).

Escatologia Realizada
Logo após Schweitzer, veio C. H. Dodd com o que ele chamou de Escatologia Realizada, afirmando que o Reino de Deus não seria escatológico futurístico mas que já havia chegado com a primeira vinda de Jesus, ao contrário da posição de Schweitzer. Ou seja, na época do ministério de Jesus na terra foram cumpridas todas as promessas sobre o fim.

Hoje, sabemos que essas posições não expressam toda a verdade, mas parte dela. Os judeus, na época de Jesus, tinham uma compreensão mais ou menos nessa linha de raciocínio (Lc 19.11). Erickson diz que, segundo Dodd, o conceito do dia do Senhor foi transferido a um evento histórico específico já ocorrido ou a uma série de eventos - o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus. Ou seja, a escatologia foi cumprida, ou "realizada". Esse entendimento de Dodd é falho, visto ser incompleto e desconsiderar todo o quadro futuro.

O Reino de Deus, na verdade, já começou a ser implantado entre os homens, como disse Jesus (Mt. 11.12; 12.28; 13.24,31,33; Mc 10.15; Lc 17.20,21), mas esse enfoque é apenas sob um ponto de vista porque, como parte da Escatologia, era tão somente o início da implantação do Reino de Deus entre os homens, o qual deveria começar dentro de cada pessoa, de maneira individual, para mais tarde ser implantado de forma literal e visível no meio de todos os homens, na terra (Mt. 6.10; 7.21; 8.11; 13.43; 16.28; 25.31-34; Mc 14.25; Lc 13.23, 27-29; 22.16,18,30,42).

Escatologia Inaugurada
George E. Ladd chama a percepção distinta de textos, como os acima, de Escatologia Inaugurada, que guardam coerência com as palavras e ensinos de Jesus e com todo o Novo Testamento. O período da encarnação de Cristo, sua vida, paixão, exaltação, o derramamento do Espírito Santo e o chamado dos gentios para se integrarem ao Novo Israel (o povo de Deus) e o cumprimento das predições proféticas a respeito do fim é, de fato, a Escatologia Bíblica.

O resumo de tudo é que, o "tempo do fim", "os últimos dias" começou com a encarnação de Jesus e vai até o início do estado eterno futuro, e disso falaram todos os profetas. De acordo com Shedd, o Reino de Deus veio na pessoa de Jesus Cristo e seu ministério, de forma legítima, mas não na sua totalidade.

Concluímos finalmente que a questão do estabelecimento do Reino de Deus na terra, no qual existe uma tensão até que tudo se cumpra, é o que alguns chamam de "já", mas "ainda não" da esperança cristã, isto é, já iniciou-se a sua implantação mas ainda não de forma completa.

Tudo que estudaremos a seguir é a exegese, a interpretação pormenorizada desse tema maior que é a Escatologia.

Correntes Teológicas de Interpretação:

1. CONCEITOS MILENISTAS - Estudos acerca do Milênio bíblico:
a. Pós-milenismo - essa linha de raciocínio não especifica uma data para o início do Milênio. Tem a concepção de algo parecido com um milênio já inaugurado e a chegada do Reino de Deus de forma gradual, lentamente;
a. Amilenismo - essa outra corrente nega um milênio terrestre propriamente dito, em que Cristo reinará;
b. Pré-milenismo - aquele que crê em um reino literal de Cristo na face da terra por um período de mil anos, que se iniciará com a sua vinda, inaugurando-o. Ele se entende também como o ponto de vista que situa o arrebatamento e a vinda de Cristo antecedendo o Milênio.

2. CONCEITOS TRIBULACIONAIS - Estudos sobre a natureza, duração e época da grande tribulação:
a. Pré-tribulacionismo - o que defende o arrebatamento da igreja para antes da Grande tribulação, colocando-a fora de cena no período tribulacional;
b. Pós-tribulacionismo - o que mostra a igreja passando necessariamente pela Grande Tribulação e Jesus livrando-a quando de sua vinda para inaugurar o Milênio e o seu Reino eterno;
c. Intermediários - vários pontos de vista, como abaixo:
Mid-tribulacionismo - o que diz que Cristo virá no meio da Grande Tribulação;
Arrebatamento parcial - o que afirma que Cristo arrebatará partes da igreja isoladamente, isto é, em grupos;
d. Pós-tribulacionismo iminente - o que diz que Cristo virá após a Grande Tribulação, porém, nossa espera é iminente.

A PAROUSIA ou SEGUNDA VINDA DE JESUS (O Retorno de Cristo)
Na língua grega, temos três termos técnicos para indicar a vinda de Jesus: Apocalipse, Epifania e Parousia sendo que, destes três, o mais freqüentemente utilizado é Parousia.

Apocalipse: o significado literal dessa palavra é "revelação", como em "a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 1.7). "Revelação de Jesus Cristo" (Ap 1.1). De acordo com 2 Ts 1.6-7 e 1 Pe 4.13, essa revelação parece ser um tempo de alívio das grandes provações que produzirá alegria e regozijo nos salvos.

Epifania: este termo significa "manifestação". Expressa a vinda de Cristo no fim da tribulação e envolve o julgamento do mundo e do Anticristo. A esperança dos crentes é colocada nessa manifestação, quando esperam a recompensa e sem recebidos por Cristo (1 Tm 6.14; 2 Tm 4.8).

Parousia: é um termo grego que significa "Presença", "Aparecimento", "Advento", "Chegada". É a "vinda" de alguém, a fim de "estar presente". Mt 24.3,27,37,39; 1 Co 15.23, 16.17; 2 Co 7.6-7; 10.10; Fp 1.26; 2.12; 1 Ts 2.19; 3.13; 4.15; 5.23; 2 Ts 2.1,8-9; Tg 5.7-8; 2 Pe 1.16; 3.4,12; 1 Jo 2.28.

A Natureza da Parousia
H. C. Thiessen diz que no Novo Testamento temos o testemunho de Jesus, dos "varões vestidos de branco" e dos apóstolos. Jesus declarou que voltaria pessoalmente (Jo 14.3; 21.20-23), inesperadamente (Mt 24.32-51; 25.1-13; Mc 13.33-36), repentinamente (Mt 24.25-28), na glória de seu Pai e seus anjos (Mt 16.27 19.28; 25.31-46), e triunfantemente (Lc 19.11-27). Os "varões de branco" testificaram quando da ascensão de Cristo de que ele viria em pessoa, corporal e visivelmente, e repentinamente (At 1.11).
O testemunho dos apóstolos é bastante intenso. Citaremos apenas parte dele. Pedro testifica que ele virá em pessoa (At 3.19-21; 2 Pe 3.3,4), e inesperadamente (2 Pe 3.8-10). Paulo testifica que ele virá em pessoa (1 Ts 4.16,17; Fp 3.10,21) e repentinamente (1 Co 15.51,52), em glória e acompanhado pelos anjos (Tt 2.13; 2 Ts 1.7-10). A epístola aos Hebreus testifica que ele virá pessoalmente (9.28) e com presteza (10.37). Tiago testifica que ele virá em pessoa (5.7,8). João testifica que ele virá em pessoa (1 Jo 2.28; 3.2,3), repentinamente (Ap 22.12), e publicamente (Ap 1.7). E Judas cita Enoque para demonstrar que ele virá publicamente (v. 14,15).

Alguns entendem a vinda do Senhor como sendo: a vinda do Espírito Santo no Pentecostes, a conversão da alma, a destruição de Jerusalém, a morte física, a conversão do mundo, a ressurreição de Jesus, etc. Tais posições são errôneas. A vinda de Jesus é literal e inconfundível. Ap 1.7 diz que "todo olho O verá".

O Propósito da Parousia
A vida do crente não teria nenhum significado do ponto de vista de sua esperança, se não fosse a promessa e a espera certa e confiante na vinda de Cristo. Por que este assunto é tão enfatizado? Haveria motivos para a tão grande ênfase que o próprio Senhor dá a este assunto e como os apóstolos o trataram? Atentemos para alguns motivos que destacamos como sendo reveladores desse intenso tratamento.
· Trazer a justiça eterna. Dn 9.24; diferença entre justos e injustos. Ml 3.18;
· Vingar dos que não se importaram de conhecer a Deus. 2 Ts 1.8; Rm 1.21;
· Estabelecer, no sentido mais pleno, o Reino de Deus. 1 Co 15.24-28; Fp 2.10-11.
· Destruir a morte que está sobre todos os homens. Hb 2.14; 1 Co 15.26;
· Dar posse no Reino de Deus a todos os salvos. Mt 25.34.

A GRANDE TRIBULAÇÃO
"Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais" (Mt 24.12).

Com essas palavras, Jesus esclarece os discípulos e enfatiza o tempo em que será intensificada a tribulação já sofrida pela igreja durante toda sua história, mencionando vários acontecimentos que estão ocorrendo nos últimos séculos tais como, guerras, rumores de guerra, fomes, perseguições e terremotos, revelados como sinais indicativos do período que ele chamou de "o princípio das dores". Com isso em mente, não podemos nos esquecer que estamos vivendo no "tempo do fim", um período claramente pré-tribulação.

Duração e Natureza da Grande Tribulação
W. H. Baker diz, com muita propriedade, que a Grande tribulação é um período de aflição sem precedentes, de alcance mundial, que introduzirá a Parousia, a volta de Cristo à terra em grande glória. (Paralelos: Mc 13.19; Lc 21.23; Ap 3.10). Acrescento, ainda, que afetará até mesmo os poderes dos céus com eventos catastróficos. No Antigo Testamento é o "tempo de angústia para Jacó" (Jr 30.5-7; ver Dn 12.1).

Há quem atribua uma duração de quarenta (40) anos para esse período, com base em que este número sempre simbolizou provação: o dilúvio; os dois jejuns de Moisés; desafio de Golias a Israel; anúncio de Jonas a Nínive e a tentação de Jesus. Outros, como os pré-tribulacionistas, pensam que a tribulação durará sete (7) anos. De fato, tomando como referência a profecia das setenta semanas de Daniel 9.24-27, resta, ainda, uma semana profética (7 anos) para completar os acontecimentos descritos pelo profeta Daniel.

O Anticristo
"O anticristo, com olhar vazio, tão sem misericórdia quanto o sol, já nasceu, o necessário precursor da Segunda Vinda". (Champlin)

A personagem principal desse tempo será, de fato, o Anticristo, comumente conhecido como A Besta do Apocalipse. Esse personagem, que será a própria personificação do mal, foi descrito pelo apóstolo Paulo como o Homem da Iniquidade, o Filho da Perdição, o Iníquo, o opositor de Deus, o qual o Senhor Jesus matará pelo assopro de sua boca e o aniquilará pelo esplendor de sua vinda (2 Ts 2.3-10).

Eu penso que essa última semana profética começará quando o Homem da Iniquidade (o Anticristo) iniciará ser reinado trazendo soluções fantásticas para os problemas políticos, econômicos e religiosos e, pouco a pouco, ganhando a simpatia do mundo e dos poderosos, adquirindo autoridade e poder, implantará o seu domínio, a ponto de exclamarem: "...quem é semelhante à besta?" (Ap 13.1-8). Já faz algum tempo que as nações poderosas do mundo buscam um líder mundial, que traga soluções para os seus graves problemas. Daniel 9.25-27, fala que o Anticristo ("...um príncipe que há de vir...ele...") fará firme aliança com muitos (provavelmente líderes da nação de Israel) por uma semana, mas na metade da semana fará cessar o sacrifício.

Com a quebra desse pacto na metade da semana, tirará sua máscara e estabelecerá o domínio de terror e perseguição, tanto de Israel quanto da igreja, no restante da semana, e que o sofrimento da igreja, causado pela perseguição satânica, durará um tempo definido de três (3) anos e meio ou quarenta e dois meses, ou um tempo, tempos e metade de um tempo ou 1.260 dias, com essas expressões significando o mesmo lapso de tempo que será, no meu entender, a Grande Tribulação propriamente dita ou o período mais intenso dela.

O período da Grande Tribulação terá como personagem principal o Anticristo e será um dos tempos mais terríveis da história do homem. Cenas indescritíveis na linguagem humana se desenrolarão em todo o planeta. Aquele será o tempo em que Satanás, na pessoa do Anticristo, agirá com maior liberdade e grande ferocidade contra o povo de Deus e tomará as rédeas políticas, religiosas e econômicas, com as quais deverá comandar uma espécie de Império Romano que, provavelmente, ressurgirá naqueles dias, composto de dez nações confederadas (Dn 7.7, 23-26; Ap 17.8-18. Besta de Ap 13 e 19; o Homem da iniquidade de 2 Ts 2).

Naquele tempo, a crueldade de Satanás somente não exterminará a igreja pela intervenção divina e pelo testemunho que ela terá de dar. Foi dado a ele, entronizado na besta, fazer guerra contra os santos e vencê-los (Dn 7.21e Ap 13.7). As duas testemunhas serão martirizadas (Ap 11.3-14). Será um tempo de martírio dos fiéis, até onde for permitido pelo Senhor, justificando plenamente o julgamento de Deus e a ira divina sobre o reino das trevas. Jesus disse que, se o tempo não fosse abreviado nenhuma carne se salvaria, tão grande e apertado será aquele tempo.

Nessa época, quando o Anticristo detiver todo o poder mundial nas suas mãos, deverá controlar todo o sistema mundial do comércio e comunicações. Ninguém poderá comprar ou vender sem a sua marca, nome ou número do seu nome - através do computador?

Após essa tribulação sofrida pela igreja, Jesus, vindo em defesa dos seus escolhidos, descerá dos céus com grande poder e glória (a Parousia, de que falamos), colocando fim na Grande Tribulação, executará o seu juízo na terra, com todos fatos dele decorrentes, tais como os descritos em Zacarias (4.1-7, 12-15, 2 Pe 3.7, 10-13; Ap 19.11-21). Esse dia apanhará muitos de surpresa, porquanto, os ímpios inimigos de Deus se acharão seguros e donos da situação, supondo terem dominado a igreja, quando lhes sobrevirá repentina destruição à qual não haverão de escapar (1 Ts 5.3), de forma semelhante aos dias de Noé, anteriores ao dilúvio (Mt 24.37-39).

Armagedom e Gogue e Magogue
Os acontecimentos, mencionados nessas passagens, que terão lugar naquele tempo, são inenarráveis. Porquanto, serão derramados sobre a terra os ais e as pragas e todos os acontecimentos previstos no livro de Apocalipse, descritos nas narrativas dos seis primeiros selos, das sete trombetas, das sete taças da ira de Deus. Jesus se referiu a essa ocasião como um tempo de catástrofes mundiais, tumultos de toda ordem, sinais nos céus, no sol, nos oceanos, na lua e nas estrelas, grandes terremotos e o abalo as potências dos céus.

A nação de Israel será invadida por Gogue, que alguns estudiosos acham que pode ser a Rússia, nessa época se dará a grande Batalha do Armagedom (Ar Megido) (Ap 16.16; 19.17-21), com a destruição dos exércitos dos inimigos de Israel e do povo de Deus, que o profeta Ezequiel (38.2-39.20) e o apóstolo João (Ap 20.8) chamaram de Gogue e Magogue, nos montes da Palestina.

A Conversão de Israel
Depois do rompimento da aliança com o Anticristo, Israel reconhecerá o Jesus, a quem rejeitaram, como o seu esperado Messias (Zc 12.10,11). Então se cumprirá a palavra de Jesus a respeito de sua aceitação por parte dos filhos de Israel (Mt 23.37-39). De Sião virá o libertador (Rm 11.26) Jesus, e .

Com a conversão de Israel (Ez 39.21-29), entendo que os israelitas, juntamente com a igreja, desencadearão um testemunho poderoso e eficaz, empreendendo uma ação missionária, provavelmente nunca havida até aquele tempo.

As Ações na Grande Tribulação
Os principais fatos, que ocorrerão na Grande Tribulação, podem ser assim resumidos:
a. domínio e revelação de Satanás, através da Besta e do falso profeta;
b. a grande apostasia (rebelião) contra Deus e Jesus;
c. ira da Besta e perseguição contra Israel e os cristãos que testemunharão enfrentando a própria morte (Ap 12.11);
d. juízos de Deus contra a Besta, o falso profeta e os ímpios (nações). Influência na atmosfera: escurecimento do sol e lua, queda das estrelas, estrepitoso estrondo, grande cataclisma no globo terrestre (2 Pe 3.7-13).

AS RESSURREIÇÕES E O ARREBATAMENTO
Esses dois acontecimentos terão lugar quando Jesus descer dos céus para colocar fim à Grande Tribulação e estabelecer seu Reino na terra. Além das referências no Antigo Testamento, acham-se registrados, no Novo, em quatro textos principais, destacados, a seguir: Mt 24.31;1 Co 15.1-55; 1 Ts 4.13-18; Ap 20.4-6.

As Ressurreições
Exemplos de ressurreições na Bíblia:

Antigo Testamento
O filho da viúva de Sarepta (1 Re 17.17-24);
O filho da Sunamita (2 Re 4.18-37);
um morto tocado pelo corpo de Eliseu (2 Re 13.20-21).

Novo Testamento
O filho da viúva de Naim (Lc 7.12-15);
a filha de Jairo (Mt 9.23-25);
Lázaro (Jo 11.1-44);
mortos no dia da morte/ressurreição de Jesus (Mt 27.51-53);
Dorcas (At 9.36-41);
Êutico (At 20.9,10)
e a de Jesus (Mt 28.1-10; Mc 16; Lc 24; Jo 20), diferente e mais poderosa que as demais (Ef 1.18-20).

Primeira ressurreição:
A primeira ressurreição compreende duas fases e uma ordem: a de Jesus, como as primícias (1 Co 15.20-24); a de todos os salvos, mortos em Cristo, tanto os do Antigo Testamento, como os de toda a história da igreja e os que forem mortos durante da Grande Tribulação. Ela é chamada de ressurreição dos justos (Lc 14.14).

Com exceção da de Jesus, que já aconteceu, a primeira ressurreição ocorrerá no momento exato da Parousia (vinda) de Cristo, antes do Milênio de paz (por isso, pré-milenista) Mt 24.29-31; Jo 5,28; Ap 20.4-6.

O caráter da ressurreição: não será simbólica nem espiritual, como alguns afirmam mas, literal e física, ou corpórea. Is 60.8; Dn 12.2; 1 Co 15.; 1 Ts 4.13-18. Ela será uma ressurreição "dentre (ek) os mortos".

Segunda ressurreição:
Essa é denominada de ressurreição do juízo e envolve os ímpios perdidos de todos os séculos. A sua ocasião será após o período de mil anos de paz na terra, o milênio. Dn 12.2; Ap 20.5,11-13.

O Arrebatamento
Alguns exemplos na Bíblia: Enoque (Gn 5.24); Elias (2 Re 2.11); Filipe (At 8.39-40), além de outros.

A palavra "Arrebatamento" não se encontra na Bíblia. A idéia e a certeza desse evento futuro, sim!
O texto principal encontra-se em 1 Ts 4.13-18. Na verdade, esse acontecimento se confunde muito com o evento da ressurreição, porque os fatos são intimamente ligados entre si.

Com efeito, o termo "ressurreição" significa "surgir novamente"; ressurreição é o fato de alguém, ou algo, voltar à vida que já havia sido perdida; o arrebatamento é a ação de algo ou alguém ser transportado de um lugar para outro. Esses dois acontecimento se misturam porque ocorrerão simultaneamente. Até mesmo porque, transformados em corpos incorruptíveis e arrebatados até às nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, serão todos os salvos (1 Co 15.51; 1 Ts 4.17) mas, ressuscitados serão apenas "os que já dormem".

Muitos cristãos, com base nos ensinamentos pré-tribulacionistas, estão aguardando o arrebatamento como o primeiro acontecimento a ter lugar na história a qualquer momento. No entanto, segundo ensina a Bíblia (Mt 24.29-31 e 2 Ts 2.1-3), o que precisamos esperar com vigilância, perseverantes e firmes na fé, como os próximos eventos a ocorrerem em todo o mundo, são: o aparecimento do anticristo e a Grande Tribulação. O arrebatamento será um evento literal, visível, de dimensões mundiais, catastrófico e, juntamente com o retorno de Jesus e todos os fatos que o acompanharão, marcará o fim desta era tenebrosa (2 Pe 3.10-13).

O MILÊNIO DE PAZ E O ESTADO ETERNO
Definição do Milênio
Alguns estudiosos não vêem na Bíblia um milênio (mil anos) literal na terra depois da volta de Jesus. De fato, as Escrituras são escassas com respeito ao tempo de duração desse período. Apesar disso, no curto trecho de Apocalipse 20.1-7 vemos os mil anos sendo mencionados nada menos que 6 (seis) vezes. Entendo que essa quantidade de referências é suficiente como base para a doutrina. A própria didática mostra que a repetição é uma das técnicas utilizadas no ensino. Além disso, um número enorme de textos se identificam com esse período. Eis alguns deles: Is 2.4; 4.2-6; 11.1-10; 65.20; Jl 2.21-27: 3.8-20; Mq 4.1-4; 5.7-8; Zc 14.9; 16-21.

O Caráter do Milênio
Esse período terá um governo teocrático (de Deus) na terra; será caracterizado pela prosperidade, paz, eqüidade, justiça e glória (Is 11.2-5) e sua sede é a Nova Jerusalém que descerá dos céus (Ap 21.1-22.15) e, segundo entendo, se estabelecerá no local da atual Jerusalém, em Israel, na Palestina (Zc 12.6, 8-10).

O Contexto do Milênio
A sucessão de acontecimentos, tão cronológico quanto possível, por ocasião da implantação literal do Reino de Deus aqui na terra, podem ser considerados em três fases: antes, durante e depois do Milênio.

Antes; acontecimentos finais da Grande Tribulação com todos os seus desdobramentos; invasão de Israel por Gogue; ressurreição e arrebatamento dos mortos em Cristo; transformação e arrebatamento dos salvos vivos; a grande batalha do Armagedom; Juízo intermediário e morte dos ímpios; escurecimento do sol, lua e estrelas caindo; destruição do reino da Besta (o Anticristo); Aprisionamento de Satanás e dos todos os demônios; lançamento da Besta e do falso profeta no lago de fogo; purificação e transformação do globo terrestre - vales aterrados e montes nivelados; a Nova Jerusalém desce dos céus; alguns preservados do juízo entram no Milênio;

Durante; Governo de paz na terra, os fiéis reinam com Cristo na Nova Jerusalém; Satanás e os demônios presos; afastamento do mal da terra, resultando na redução de pecados, afastamento de enfermidades e males; prolongamento da vida; mansidão dos animais; banimento das trevas; Bodas do Cordeiro; dádivas trazidas à Nova Jerusalém;

Depois; no fim do Milênio, soltura de Satanás por breve período de tempo, que sairá a enganar as nações; revolta das nações contra o Reino de Jesus e a Nova Jerusalém; manifestação da ira de Deus sobre os homens na terra; lançamento de Satanás no lago de fogo eternamente; destruição do pecado e da morte; segunda ressurreição dos restantes dos mortos para o juízo final; entrada no estado eterno; novos céus e nova terra.

O Estado Eterno
Este estado de eterna glória, em que Deus já terá enxugado as lágrimas de todos os salvos, jamais findará. Jesus Cristo entregará o Reino ao Pai. Haverá um novo céu e uma nova terra onde habitará a justiça. Não haverá mais tristeza, nem ódio nem dor, nem lembranças amargas do passado. Não haverá mais noite e o tempo cronológico provavelmente deixará de existir. Todos os salvos de todas as épocas se reconhecerão e estarão juntos eternamente. O puro e perfeito amor será desfrutado na sua inteireza. Acredito que não haverá mais a possibilidade de pecar. Os salvos serão unidos ao Senhor de maneira perfeita, física (corpo ressurreto e incorruptível) e espiritualmente, nas suas frontes estará gravado o Seu nome.

IMPLICAÇÕES DA ESCATOLOGIA NA OBRA MISSIONÁRIA
No eterno propósito de Deus, os relatos da Bíblia com respeito aos acontecimentos nestes últimos tempos do fim, como não poderia deixar de ser, estão intimamente relacionados com a salvação do ser humano.

O Problema da Interpretação
Segundo aquilo que cremos ou entendemos da Escatologia (segunda vinda de Jesus, existência ou não do milênio, tempo da grande tribulação, perdição dos ímpios, ressurreição dos mortos, vida eterna e castigo eterno, julgamento, arrebatamento, restauração de Israel, etc), é que agiremos com relação a tarefa missionária da evangelização do mundo, ordenada por Jesus, de maneira enfática antes de sua ascensão Mt 28.18-20.

O entendimento da possibilidade de não existir um milênio literal na terra, embute a idéia errônea da conversão gradual de todas as nações, e leva os cristãos à estagnação, desobediência, desmotivação e descompromisso com a tarefa de evangelizar o mundo pois, essa forma, não vê a necessidade das missões, visto que é esperada a conversão em escala mundial, invalidando, assim, a Palavra de Deus. Essa visão torna a igreja apenas expectadora dos acontecimentos, em que tudo ocorreria automaticamente, à parte da atuação da igreja.

A crença em um arrebatamento iminente (a qualquer momento) e secreto antes da Grande Tribulação, a fim de retirar a igreja da terra antes que ela ocorra, dá margem ao que Champlin chamou de "a igreja da fé fácil", ou seja, aquela que não pode sofrer os efeitos da perseguição. Isso resulta numa igreja desinteressada, fraca e sem poder para testemunhar, em meio aos sofrimentos impostos pela oposição ao evangelho de Jesus.

A Esperança
Com relação a Escatologia, temos duas importantíssimas instruções de Jesus a serem por nós observadas, de grande relevância na nossa esperança cristã e padrão de vida.

A primeira é a esperança. É a necessidade de conhecermos o assunto de forma mais aprofundada, de termos consciência da certeza irrefutável da vinda de Jesus e da implantação do Reino de Deus aqui na terra, com todos os seus desdobramentos, e esperarmos o cumprimento dessas promessas, mostradas através dos textos de Mt 24.3-13, 21-22, 29-35, 42-44 e Lc 21.20-28, 34-36. O resumo da promessa é que Ele virá (Ap 22.7,20) e que venceremos com Ele (Ap 12.11; 17.14).

O Compromisso
A segunda, é acerca do nosso compromisso e preocupação com o anúncio do evangelho e não com especulações. O que precisamos Jesus já nos informou na sua Palavra Mt 24.14, 36-39; 25.14-30; Lc 21.6-8, 12-18, 24.46-49; At 1.6-8. O Dr. Russell Shedd diz que a Escatologia não tem a missão principal de responder às perguntas suscitadas pela nossa curiosidade, mas sim de incentivar nossa responsabilidade (Ap 22.7). Quando os discípulos quiseram saber pormenores acerca da Vinda (sobre dia e hora), Jesus concentrou sua atenção sobre a evangelização mundial (At 1.6-8).

De fato, assim como agora nos cabe a tarefa da evangelização, viveremos eternamente para o servir (Ap 22.3), enquanto com Ele reinamos. Por isso, aguardemos os acontecimentos de forma correta, anunciando o evangelho do Reino, conforme ensinou em uma de suas parábolas: "Negociai até que eu volte" (Lc 19.13).

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Russel Shedd, Norman Champlin, e o debate escatológico sobre o Arrebatamento da Igreja

O debate escatológico sobre se o arrebatamento da Igreja dar-se-á antes, no meio ou depois da Grande Tribulação tem rendido muita reflexão teológica por parte dos estudiosos. Muitas linhas têm sido escritas e muitos discursos têm sido proferidos, principalmente quando há uma polarização das teorias pré e pós-tribulacionistas.

Os proponentes das três teorias indicam possuir fundamentos escriturísticos para posicionarem-se como posicionam-se. Contudo, parece-me que nessa dialética o argumento pós-tribulacionista é o que melhor calça-se escrituristicamente falando. Evidentemente não buscarei demonstrar isso aqui de maneira exaustiva. Porém, analisando mais detidamente 2 Tessalonicenses 2:1-3, desejo expor um indicativo cristalino da maior consistência que envolve a tese pós-tribulacionista.

Antes de procedermos a exegese do texto, faz-se necessário informar que a segunda epístola paulina endereçada aos crentes de Tessalônica teve como propósito aclarar questões concernentes à segunda vinda de Cristo. Como haviam alguns crentes que estavam distorcendo os ensinos sobre o assunto, transmitidos na primeira epístola, o apóstolo viu-se forçado a ajustar as coisas doutrinando-os pela instrumentalidade de uma nova epístola.

Russel Champlin supõe que alguns dos crentes daquela comunidade poderiam está afirmando que Cristo já teria retornado, ao passo que outros teimavam por enfatizar em demasia a sua iminência. Independente de quais erros escatológicos estivessem em circulação naquela comunidade, o fato é que aqueles crentes estavam sendo perturbados por uma confusão doutrinal que precisava ser corrigida.

No capítulo 2:1-3 Paulo inicia sua ação pedagógica com vistas a deixar claro que Cristo ainda não tinha vindo e que a Sua vinda deveria ser precedida por alguns eventos. Ele diz:
“Irmãos, no que diz respeito a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos…” (v 1).
Nesse verso encontramos o uso da palavra grega parousia que é traduzida por vinda, chegada. Rienecker e Rogers dizem que ela “era usada como um termo semi-técnico [...] para a aparição de um deus.”[1]

Originalmente, parousia era uma palavra de uso secular que fora incorporada pela Igreja para, tecnicamente, indicar a Segunda Vinda de Cristo.

Indicando como um evento cocomitante à parousia, o teólogo de Tarso faz menção ao arrebatamento da Igreja ao usar a expressão “e à nossa reunião com ele”. No texto grego, encontramos o uso da palavra episunagoge que traduzida significa encontro, reunião, assembléia. [2]

Observando o paralelismo de passagens é possível notarmos que não há, nem por inferência, uma sugestão paulina de diferenciação entre o rapto da Igreja apresentado em 1 Tessalonicenses 4 e a parousia abordada no texto que ora analisamos. Ou seja, a idéia pré-tribulacionista de duas fases da Segunda Vinda de Cristo – a primeira para o arrebatamento e a segunda para o acerto de contas com as nações ímpias – parece não estar presente no pensamento paulino.

Paulo diz mais:
“[...] a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, que por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o dia do Senhor” (v 2).

Como já foi dito anteriormente, havia uma celeuma doutrinária no interior da comunidade quanto ao assunto em foco. Objetivando ordenar as coisas, o apóstolo é enfático no redirecionamento da maneira daqueles crentes pensar. Ele diz: “não vos demovais da vossa mente”. A palavra grega usada aqui é saleuo que significa abalar, mover-se para lá e para cá, titubear[3] e, mover, chacoalhar, perturbar.[4]

O uso dessa palavra no texto indica-nos o estado presente da comunidade local e não a possibilidade dela vir a ficar assim. As coisas não iam bem ali. O estrago não era definitivo, mas era grande, e, assaz ameaçador.

Chamando-os ao equilíbrio mental, com vistas à estabilidade subjetiva e congregacional, Paulo continua pondo a casa em ordem afirmando que dele nada procedera indicando que “tenha chegado o dia do Senhor”. Para alguns, o Senhor já tinha vindo e eles tinham ficado de fora do arrebatamento. A palavra chegado, no grego, é enesthken, o indicativo perfeito de enistemi que traz o sentido de estar presente, ter vindo. [5] Leon L. Morris também diz que “a palavra pode ser traduzida por está agora presente.”[6]

Isso é o que se imaginava. Esse era o ambiente local.

No processo de ir sedimentando a paz e a correção doutrinal, o apóstolo fala de dois eventos que necessariamente hão de anteceder a parousia e que, obviamente, na compreensão escatológica dele, ainda não tinham ocorrido. Ele diz:
“Ninguém de nenhum modo vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição” (v 3).

Não há dúvidas que para Paulo o Segundo Advento de Cristo não se dará sem ser precedido pela apostasia e pela revelação do homem da iniqüidade (o Anticristo). Em Mateus 24:12, 15, encontramos também esse ensino declarado.

A palavra apostasia, segundo Ernest Best, I. Howard Marshall, e A. L. Moore[7] significa, no grego, queda, caída,rebelião, revolta.

A apostasia descrita aqui e em Mateus 24:12 indicada pela expressão “o amor se esfriará de quase todos”, refere-se a um acontecimento do tempo do fim e, portanto, jamais visto (1Tm 4:1-2; 2Tm 3:1-5). Suas características serão a universalidade (dentro e fora da Igreja), a intensificação da iniqüidade e uma profunda e radical malignidade.

Alguns intérpretes pré-tribulacionistas têm sugerido que a palavra apostasia aponta para uma saída da Igreja do mundo via arrebatamento. É evidente que essa compreensão é estranha ao uso comum de tal vocábulo no Novo Testamento.

Posterior à apostasia daqueles dias, há ainda, precedendo o retorno do Messias, um outro evento por acontecer: trata-se da manifestação do Anticristo.

Paulo usa dois hebraísmos para descrever o caráter desse homem: homem da iniqüidade e filho da perdição. A palavra usada no grego para iniqüidade é anomia que “descreve a condição de quem vive de modo contrário à lei.”[8] Já o vocábulo grego usado para perdição é apoleia que indica “aquele que está destinado a ser destruído.” [9] Ele é denominado filho da perdição por causa desse seu destino de ruína, mas, também, não foge a uma boa interpretação, compreendermos, mesmo que secundariamente, que ele levará muitos consigo ao fim que o aguarda. Ambas designações demonstram que o espírito no qual o Anticristo atuará é “segundo a eficácia de satanás” (v 9).

O contexto escatológico no qual o “abominável da desolação” (Mt 24:15) iniciará a implementação do seu reinado terrenal é o da Grande Tribulação (ambos estão entranhavelmente conectados). É nesse período que ele levantará uma perseguição contra os santos (a Igreja) do Senhor jamais experimentada (Ap 7:9, 11:7, 13:7, 10, 14:12, 15:3, 16:6, 17:6, 18:24).

Paulo, nos versículos 6 e 7, fala de um ”restringidor” que impede a revelação do Anticristo. Quem ou o que seria esse restringidor é razão de uma disputa grande entre os intérpretes. Para os teóricos do pré-tribulacionismo é a presença do Espírito Santo na vida da Igreja que não permite que o homem da iniqüidade se manifeste. Com o arrebatamento da Igreja o Espírito Santo seria removido e isso daria ao Anticristo a oportunidade de se mostrar ao mundo e iniciar o seu reinado de ilegalidades. Henry Clarence Thiessen, um pré-tribulacionista, referindo-se a Scofield, Grant, Lincoln, Gray e Ottman[10], diz que estes também “afirmam que o que detém é o Espírito Santo, e que ele será afastado quando Cristo voltar para os Seus.”

Para Russel Shedd,
“Não existe apoio no Novo Testamento para esta sugestão. Parece até insustentável à luz duma comparação entre duas afirmações nas Epístolas aos Tessalonicenses. A primeira indica que haverá crentes até a chegada do Senhor na parousia. Paulo inclui a si mesmo entre os salvos que esperam a vinda de Cristo: “nós os vivos, os que ficarmos até a vinda (parousia) do Senhor” (1Ts 4;15), com 2Ts 2:8 que diz que o iníquo “será destruído pela manifestação da sua (Cristo) vinda (parousia)”. Nós, os vivos, (membros da Igreja na terra), ficaremos até o Anticristo ser afastado do poder [...]“[11]

Champlin esboça a seguinte compreensão sobre a possibilidade desse restringidor ser o Espírito Santo:
“Devemos também meditar na possibilidade que ainda que o Espírito Santo seja aludido, poderia ele remover o poder restringidor do Anticristo, sem que isso significasse que ele teria de deixar sozinha a Igreja de Cristo; e esta poderia ser protegida das perseguições até àquele ponto escolhido pela soberana vontade divina”[12]

Diante do raciocínio de Shedd, que descansa em um paralelismo bíblico livre de suspeições interpretativas, fica difícil, senão impossível, sustentar a opinião pré-tribulacionista. No caso de Champlin, mesmo admitindo a possibilidade desse restringidor ser o Espírito Santo, ele não trabalha com o raciocínio pré-tribulacionista que intenta remover a Igreja do tempo da Grande Tribulação.

Um outro problema da maneira da doutrina pré-tribulacionista conceber a parousia de Cristo é que ela implica na invenção de dois estágios da segunda vinda de Cristo: o primeiro, nos ares, para arrebatar a Igreja e o segundo à terra para trazer juízo. Sobre esse assunto, o já falecido teólogo calvinista Louis Berkhof diz:
“Felizmente, alguns premilenistas não concordam com esta doutrina de uma dupla Segunda Vinda de Cristo, e se referem a ela dizendo que é uma novidade sem fundamento.”[13]

Seguindo à mesma linha de raciocínio,outro teólogo calvinista, Wayne Grudem, diz:
“O Novo Testamento não parece justificar a idéia de duas voltas distintas de Cristo [...] Mais uma vez, tal posição não é ensinada de maneira explícita em nenhuma passagem, sendo uma simples inferência baseada em diferenças entre várias passagens que descrevem a volta de Cristo a partir de perspectivas distintas.”[14]

Bom, voltando à questão do restringidor, o que se pode dizer com segurança é que ele poder ser o Espírito Santo, mas não como “aquele” (v 7 – o gênero é masculino no grego) que sairá da terra com a Igreja em um evento que fraciona a parousia de maneira indevida com implicações antibíblicas.

Concluindo, penso que foi possível deixar claro que o texto de 2 Tessalonicense 2:1-3 nos informa que a nossa reunião com Cristo (arrebatamento) não se dará sem que a apostasia e o surgimento do homem da iniqüidade aconteçam. Também vimos que o período em que o Anticristo será conhecido chama-se de Grande Tribulação. Na junção desses tópicos escatológicos compreendemos que 2 Tessalonicenses 2:1-3 é uma referência objetiva que favorece a teoria pós-tribulacionista. Optar pelo pré-tribulacionismo é optar por ser contrário a essa Escritura e as que se seguem: Mt 24:22; Lc 21:36; 1Tm 4:1-3; 2Tm 3:1-5; Ap 7:14. Todavia, penso ser necessário, a despeito do posicionamento defendido aqui, a continuidade do debate e dos estudos sobre a temática.
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[1] RIENECKER, Fritz, ROGER, Cleon: Chave Lingüística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 442.[2] idem, p. 450.[3] CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo. São Paulo: Millenium, vol. 5, 1985 p. 239.[4] Walter Bauer, W.F. Arndt, Dnker e Zabatiero Gingrich em Rienecker e Rogers, p. 450.[5] Champlin, p. 240.[6] em Rienecker e Rogers, p. 450.[7] idem.[8] George Milligan, idem.[9] A. L. Moore e Ernest Best, idem.[10] THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. São Paulo: Regular, 2000, p. 330.[11] SHEDD, Russel P. A Escatologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1991.[12] Champlin, p. 246.[13] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 642.[14] GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 969

domingo, 4 de abril de 2010

A Invenção do Ensino do Arrebatamento Pré-Tribulacionista


Sempre que o cristão encontra uma doutrina que não foi ensinada por alguém de qualquer ramo da igreja de Cristo durante os dezoito séculos passados, ele deveria ter muita suspeita de tal ensino. Esse fato em e por si mesmo não prova que o novo ensino é falso. Mas, deveria definitivamente levantar suspeitas, pois se algo é ensinado na Escritura, não é absurdo esperar que ao menos uns poucos teólogos e exegetas tenham descoberto isso antes.

O ensino de um arrebatamento secreto pré-tribulacional é uma doutrina que nunca existiu antes de 1830. O arrebatamento pré-tribulacional veio à existência mediante uma exegese cuidadosa da Escritura? Não!

A primeira pessoa a ensinar a doutrina foi uma jovem chamada Margaret Macdonald. Margaret não era teóloga nem expositora bíblica, mas uma profetiza da seita Irvingita (a Igreja Católica Apostólica).

O jornalista cristão Dave MacPherson escreveu um livro sobre o assunto da origem do arrebatamento secreto. Ele escreve: “Temos visto que uma jovem escocesa chamada Margaret Macdonald teve uma revelação particular em Port Glasgow, Escócia, no começo de 1830, de que um grupo seleto de cristãos seria capturado para encontrar Cristo nos ares, antes dos dias do Anticristo.

Uma testemunha ocular, Robert Norton M.D., preservou o relato escrito a mão por ela da sua revelação de um arrebatamento pré-tribulacional em dois de seus livros, e disse que foi a primeira vez que alguém dividiu a segunda vinda em duas partes ou estágios distintos. Seus escritos, juntamente com muitas outras literaturas da Igreja Católica Apostólica, ficaram escondidos por muitas décadas do pensamento evangélico dominante, e apenas recentemente reapareceram.

As visões de Margaret eram bem conhecidas por aqueles que visitavam sua casa, entre eles John Darby dos Irmãos. Dentro de poucos meses sua concepção profética distintiva foi refletida na edição de setembro de 1830 do The Morning Watch e na primeira assembléia dos Irmãos em Plymouth, Inglaterra.

Os primeiros discípulos da interpretação pré-tribulacionista freqüentemente a chamavam de
uma "nova doutrina”.

John Nelson Darby (1800-1882), que foi o líder do movimento Irmãos e “pai do Dispensacionalismo moderno”, tomou o novo ensino de Margaret Macdonald sobre o arrebatamento, fez algumas mudanças (ela ensinava um arrebatamento parcial de crentes, enquanto ele ensinava que todos os crentes seriam arrebatados) e incorporou-o em seu entendimento dispensacionalista da Escritura e profecia. Darby gastaria o resto de sua vida falando, escrevendo e viajando para espalhar a nova teoria do arrebatamento.

Os Irmãos de Plymouth admitiam abertamente e até mesmo se orgulhavam do fato que entre os seus ensinos estavam alguns totalmente novos, que nunca tinham sido ensinados pelos pais da igreja, escolásticos medievais, reformadores protestantes e muitos outros comentaristas.

Porém, o maior responsável pela ampla aceitação do pré-tribulacionismo e dispensacionalismo entre os evangélicos foi Cyrus Ingerson Scofield (1843-1921). C. I. Scofield publicou sua Bíblia de Referência Scofield em 1909. Essa Bíblia, que expunha as doutrinas de Darby em suas notas, se tornou muito popular em círculos fundamentalistas.

Na mente de muitos – professores da Bíblia, pastores fundamentalistas e multidões de cristãos professos – as notas de Scofield eram praticamente igualadas à própria palavra de Deus.

Se uma pessoa não aderia ao esquema dispensacionalista e pré-tribulacional, ele ou ela seria quase que automaticamente rotulado de modernista.

Hoje existe uma abundância de livros advogando a teoria do arrebatamento pré-tribulacional e o entendimento dispensacionalista dos fins dos tempos. Aliado ao fato que entre os cristãos professos o arrebatamento pré-tribulacional é freneticamente popular.

Porém, uma comparação dessa teoria com os argumentos oferecidos pela Bíblia demonstra a falácia dessa falsa doutrina.