terça-feira, 28 de março de 2017

O Poder da Língua - Pe. José Augusto (15/03/17)

Não sejais um cristão hipócrita - Pe. José Augusto (14/03/17)

Em que se baseia a sua Fé? - Pe. José Augusto (27/03/17)

Programa Ecclesia - O Problema da Nova Ordem Mundial - 26/03/2017

domingo, 26 de março de 2017

Em Busca do Jesus Histórico: A expansão da fé no Brasil

Em Busca do Jesus Histórico: A expansão da fé no Brasil: Desde 2010, uma nova organização religiosa surge por hora A expansão da fé no Brasil acontece em ritmo intenso: uma nova organização...

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Em Busca do Jesus Histórico: Onde começam e onde terminam os deuses?: "o alfa e...: https://Onde começam e Onde Terminam os deuses? "o alfa e o ômega" - Mediterrâneo e as Interações Culturais Helenísticas - André Chevitarese

Onde começam e onde terminam os deuses?: "o alfa e o Ômega" - Mediterrâneo e as interações culturais helenísticas - André Chevitarese

A expansão da fé no Brasil

Desde 2010, uma nova organização religiosa surge por hora

A expansão da fé no Brasil acontece em ritmo intenso: uma nova organização religiosa surge por hora no país. A facilidade para a abertura de novas igrejas a burocracia é pequena, ao contrário do que acontece em outras atividades, o fortalecimento do movimento neopentecostal e até mesmo os efeitos da situação econômica são apontados como motivos que podem explicar o fenômeno.

De janeiro de 2010 a fevereiro deste ano, 67.951 entidades se registraram na Receita Federal sob a rubrica de “organizações religiosas ou filosóficas”, uma média de 25 por dia. Ao levar em conta apenas os grupos novos, que não são filiais daqueles já existentes, o número é de 20 por dia. O processo é simples: primeiro, obtém-se o registro em cartório, com a ata de fundação, o estatuto social e a composição da diretoria; depois, os dados são apresentados à Receita, para que o órgão conceda o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), item obrigatório para o funcionamento legal das instituições.

Com o CNPJ em mãos, basta procurar a prefeitura e o governo estadual para solicitar, caso necessário, o alvará de funcionamento e garantir também a imunidade tributária — a Constituição proíbe a cobrança de impostos de “templos de qualquer culto”. Igrejas não pagam IPTU, Imposto de Renda (IR) sobre as doações recebidas, ISS, além de IPVA sobre os veículos adquiridos. Aplicações financeiras em nome das organizações também estão livres do IR. Em alguns estados, há ainda isenção sobre o recolhimento de tributos indiretos, como o ICMS.

— A vedação se estende a todo tributo que incide sobre a atividade religiosa, desde que o recurso arrecadado seja utilizado naquela finalidade. Caso a instituição não utilize o recurso para promover sua crença, ela pode ser autuada para pagar o imposto devido — explica o advogado Levy Reis, especialista em Direito Tributário, apresentando um exemplo. — Caso uma igreja tenha um estacionamento, não incide qualquer imposto sobre os ganhos, desde que ele seja usado para sua atividade em si. Mas se esta instituição arrecada o recurso e aplica numa viagem de um pregador a passeio para Las Vegas, fica descaracterizada a imunidade tributária. E aí sim pode ser aplicado o imposto com multa.

Migração de fiéis

O texto constitucional estabelece a imunidade fiscal e a liberdade de culto — o direito é classificado como “inviolável”. Não há, portanto, a necessidade de apresentar requisitos teológicos ou doutrinários para abrir uma igreja. A facilidade faz com que muitas organizações sequer tenham um lugar, próprio ou alugado, para receber os fiéis, informando o endereço de imóveis residenciais ou de outras empresas como sendo seus.
Números mostram a quantidade de organizações criadas - Receita Federal

A teóloga Maria Clara Bingemer, professora da PUC-Rio, aponta que a migração de fiéis também é um ponto que possibilita o surgimento de novas entidades. Um relato comum é o de integrantes de igrejas que, ao adquirir o domínio da doutrina e das pregações, resolvem abrir sua própria igreja.

— Os fiéis dessas igrejas neopentecostais, muitas vezes, são ex-católicos, ex-protestantes, estavam em outras religiões e migraram. Mas não permanecem: elas são lugar de trânsito — analisa a teóloga.

Do ponto de vista tributário, a fiscalização sobre os impostos da União cabe à Receita Federal, enquanto as secretarias estaduais e municipais de Fazenda devem supervisionar os tributos a cargo dos estados e cidades. O Ministério Público também tem o dever de averiguar possíveis irregularidades e desvios provocados pela blindagem fiscal.

No Rio, dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), mostram que há 21.333 CNPJs ativos de organizações religiosas. De janeiro de 2010 a fevereiro deste ano, houve 9.670 registros. O estado campeão no período foi São Paulo, com 17.052. Não há um cadastro único que apresente todas as igrejas em atividade no país, portanto a verificação da abertura do CNPJ é o caminho mais seguro. Mas, como o processo é autodeclaratório, a Receita ressalva não ser possível assegurar que todos os cadastros são de organizações religiosas.

Entre as denominações que surgiram, estão movimentos como a “Associação Ministerial Homens Corajosos”. O grupo não tem um templo próprio e percorre diversas igrejas evangélicas com palestras sobre os valores da vida em família. Eles direcionam as pregações para grupos de homens por acreditar que, sem a presença das mulheres, eles se sentirão mais à vontade para “revelar os pecados” e, a partir daí, mudar de postura. As reuniões de preparação para as palestras acontecem em uma sala cedida em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense — é onde funciona a funerária de Marcos de Jesus, um dos integrantes. Há ainda, no estado, organizações chamadas “Associação Missionária Boneka”, “Igreja Missionária As Portas do Inferno Não Prevalecerão” e a “Associação Ministerial Chris Duran”, criada pelo cantor, hoje também pastor, que fez sucesso nos anos 1990. Já a Igreja Protestante Escatológica, que estuda um ramo do cristianismo, funciona na casa de seu fundador, na Tijuca, Zona Norte do Rio.

— Todos nós temos nossos trabalhos, ninguém vive da atividade pastoral. Não há cobrança de dízimo, as igrejas que nos convidam pagam apenas os kits que entregamos e, em alguns casos, nosso deslocamento — afirma Marcos de Jesus, integrante da associação dos Homens Corajosos.

O advogado Gilberto Luiz do Amaral, presidente do Conselho Superior do IBPT, defende a imunidade fiscal para os templos:

— Não se pode atacar o todo com a premissa de que alguns usam a religião como atividade econômica. Partidos políticos também têm imunidade. Uma revisão constitucional não deveria servir só para os templos.

Blindagem fiscal é tratada com muita cautela

Igrejas elegem deputados, senadores e, assim como outros atores políticos, fazem lobby no Congresso. A influência vem da força de um eleitorado capaz de decidir eleições — não à toa, mesmo os candidatos pouco habituados aos ritos religiosos frequentam templos e rezam de acordo com o calendário eleitoral. O fim da blindagem fiscal é um tema explosivo e cercado de cuidados em Brasília. Já uma possível expansão dos benefícios tributários tornou-se um assunto incômodo em uma agenda econômica protagonizada pela crise.

Dois projetos antagônicos tramitam no Congresso. Uma Proposta de Emenda Constitucional do então senador Marcelo Crivella, hoje prefeito do Rio, defende a extensão da isenção de IPTU aos imóveis alugados pelas igrejas. O projeto foi aprovado no Senado e está pronto para ser votado na Câmara. Mas, num ambiente dominado por cortes orçamentários e Reforma da Previdência, a pauta não deverá deixar a gaveta tão cedo. Por ironia, o Rio seria prejudicado com as perdas no IPTU, segunda maior fonte de receita.

Já o projeto de iniciativa popular que defende o fim da imunidade tributária para as igrejas aguarda o parecer do relator, senador José Medeiros, na Comissão de Direitos Humanos. Um assunto espinhoso, que traria gastos enormes a organizações pouco acostumadas ao rigor fiscal.

Um episódio de 2015 resume bem o tema. Ao texto de uma medida provisória que elevava impostos, parte do pacote de ajuste fiscal da época, inseriu-se um artigo que anistiava multas a organizações religiosas. O acordo envolveu Dilma Rousseff e Eduardo Cunha. O texto virou lei, livrando poderosas igrejas de multas pesadas.

MPF investiga venda de horários para igrejas nas emissoras de TV

A presença maciça de programas produzidos por igrejas evangélicas nas grades das emissoras abertas de televisão despertou a atenção do Ministério Público Federal (MPF), que apura possíveis irregularidades na prática. Duas hipóteses sustentam as investigações, que acontecem no Rio e em São Paulo: a subconcessão, que é proibida por lei; e o desrespeito ao limite estipulado para a propaganda, hoje em 25% — como as organizações religiosas pagam aos canais, há o entendimento de que se trata de uma negociação publicitária.

De acordo com um estudo da Agência Nacional do Cinema (Ancine), o caso mais expressivo é o da CNT, que tem quase 90% da programação vendida para a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Em São Paulo, o MPF já impetrou uma ação civil pública contra a CNT e a Iurd. No Rio, o inquérito verifica, além da CNT, as situações de Record, Bandeirantes, RedeTV e Gazeta.

O procurador da República Pedro Machado, à frente do processo em São Paulo, afirma que a prática configura uma “transferência indireta” da concessão:

— É o desvirtuamento de um serviço público concedido pela União. E dá para equiparar essa transferência a um espaço publicitário, porque a emissora é remunerada por isso — afirma.

Já o procurador da República Sérgio Suiama, responsável pela investigação no Rio, acrescenta outro elemento ao debate: a desigualdade no uso do espaço de uma concessão pública.

— Na praça, qualquer um pode pregar, mas na TV, que também é um espaço público, só quem paga pode fazer a pregação. Só as igrejas mais poderosas e com mais dinheiro podem financiar isso. Ou autoriza todo mundo a ocupar o espaço, ou proíbe todo mundo — opina.

Além da Iurd, Assembleia de Deus, Igreja Mundial do Poder de Deus, entre outras entidades, também alugam horários para a transmissão de seus cultos. O tema, no entanto, divide opiniões. O Ministério das Comunicações já manifestou, nos autos do inquérito do Rio, o entendimento de que não vê irregularidades no caso da CNT. As regras para radiodifusão não estabelecem limites para a produção de programas por terceiros, o que, de acordo com esta interpretação, seria o caso, e não uma relação publicitária. A segunda instância da Justiça Federal de São Paulo, na análise de uma liminar, negou o pedido para que a programação da CNT fosse suspensa.

Nos documentos que constam do inquérito, as emissoras negam irregularidades, sustentam que são responsáveis pelos conteúdos veiculados e garantem que respeitam os limites determinados para a exibição de publicidade.

Organizações religiosas no Rio:

Associação Ministerial Homens Corajosos

Associação Ministério Chris Duran

Associação Missionária Boneka — Semeando

Comunidade de Aliança Maria Rosa Mística

Comunidade Evangélica Alfa e Ômega

Assembleia de Deus Derrubando Muralhas em Irajá

Igreja Evangélica Pentecostal Porta Estreita

Igreja As Portas do Inferno Não Prevalecerão

Igreja Pentecostal Geração Eleita

Igreja Protestante Escatológica

Ministério Para Que Ele Cresça

Ministério Pentecostal Labareda de Fogo

Assembleia de Deus Geração Eleita em Cristo

Assembleia de Deus Garagem da Vitória

Ministério Itinerante o Querer de Deus

Igreja Missão Global a Voz do Senhor

Igreja Ministério Fonte Água Cristalina

Igreja Missão Evangélica Porta Para o Céu

Igreja Missionária a Fonte do Que Clama

Igreja Missionária Aliança, Promessa e Exaltação

Igreja Missionária Alto Refúgio Restaurando Vidas

Evangelho Pleno do Poder de Deus em Jacarepaguá

Igreja na Obra da Restauração de Tudo em Itaguaí

Igreja Pavilhão da Benção

Igreja Pentecostal a Descida do Espírito Santo

Igreja Pentecostal a Marca do Sangue

Igreja Promessa dos Escolhidos de Deus

Igreja Renovação Cristã Ministério Portas Abertas

Igreja Sinos de Belém Missão das Primícias

Igreja Sinais e Maravilhas de Deus

Igreja Só o Senhor Jesus Cristo Reina




sábado, 25 de março de 2017

Enigma - O Jogo da Imitação (Filme Completo PT)

Acesse o Link
Um filme sobre como o pensamento pode auxiliar na compreensão de códigos, enigmas, que ele mesmo cria.

Dicionário Hebraico

Dicionário Escolar de Filosofia - Aires Almeida (Lisboa: Plátano Editora)

O começo do Cristianismo - Marilia Fiorillo


Os primeiros séculos do cristianismo foram marcados pela disputa entre diversos grupos com interpretações diferentes sobre o significado dos ensinamentos de Jesus. Com o crescimento na religião, o racha nas interpretações logo virou uma briga por poder. No recém-lançado "O Deus exilado" (Civilização Brasileira), a professora da USP Marilia Fiorillo conta a história dos perdedores dessa briga, os chamados grupos gnósticos. Como ela explica nesta entrevista ao blog, são grupos que tinham em comum a valorização do conhecimento como caminho para a salvação, e assim, em contraste com os extremismos atuais, procuravam "conciliar o ímpeto pelo sagrado com a autonomia e liberdade de cada indivíduo".

Quando e em que circunstâncias surgem os primeiros movimentos gnósticos? 

Falar em gnosticismo é o mesmo que falar em cristianismo primitivo, pois os cristãos gnósticos surgem com os primeiros grupos de seguidores de Jesus, já em finais do século I , e são praticamente os primeiros e únicos no Egito e na Síria oriental (que, com Antioquia e Roma, eram as metrópoles da nova religião), até o século IV. Isto ficou comprovado pela descoberta recente dos manuscritos de Nag Hammadi, e dos Evangelhos de Maria e de Judas, que, apesar de encontrados em locais diferentes, fazem parte de uma mesma "biblioteca" gnóstica, isto é, trazem uma versão própria e diferente do que as comunidades então acreditavam ter sido a mensagem do fundador Jesus. 

Pode-se dizer que este livro trata de uma revisão histórica, ao dar voz aos perdedores da primeira batalha dentro do cristianismo, revelando fatos e ideários que não foram registrados na história oficial da Igreja. Esta, aliás, os combateu desde o princípio, e os derrotou de vez assim que a facção de Roma -a dos futuros católicos- ganhou a simpatia do imperador Constantino e se tornou a religião oficial do império romano. 

A descoberta de um rico e vasto material sobre as comunidades gnósticas permitiu a divulgação, e reinterpretação, de uma outra versão sobre os primórdios do cristianismo. È interessante como esta questão das versões é atualíssima, e está em pauta, por exemplo, no principal episódio de política internacional que ocupou as manchetes nos últimos dias: os acontecimentos dramáticos que têm ocorrido na Faixa de Gaza. A versão oficial de Israel é a da legítima defesa; a versão de vários governos tem sido a de que se trata de um ataque desproporcional; já a versão do comissariado de direitos humanos da ONU, da Cruz Vermelha, da Anistia Internacional, da Human Rights Watch e de outras organizações humanitárias , após a divulgação dos últimos acontecimentos, é a de que se trata de um crime de guerra. A perseguição aos gnósticos foi brandíssima, mesmo tímida, se comparada ao atual massacre da população civil palestina. Mas em ambos os casos a história acaba se tornando a versão daquele que vence, daquele que ficou, ou ficará, para contá-la com autoridade ou legitimidade. 

Quais são as principais questões que mobilizam seus integrantes, e quais os principais ramos que se desenvolvem? 

Uma das principais características do gnosticismo é sua pluralidade. Eles divergem dos ortodoxos - aqui entendidos como os futuros católicos, "futuros" pois, até o século IV, ninguém poderia dizer ao certo quem era "orto", isto é, "reto", e quem era "hetero", isto é "diferente", pois as doxas (isto é, opiniões, no caso sobre o cristianismo) se equilibravam em número de adesões, importância e popularidade. Isto fica claro quando lembramos que dois dos expoentes gnósticos do século II, Valentino e Marcion, concorreram ao mais alto cargo de bispo inclusive em terreno alheio, isto é, Roma. 

Assim, os gnósticos divergem mesmo entre si, e muito: há os que acham que a ressurreição foi só simbólica (os docéticos) e os que crêem que foi real, material; há aqueles simpáticos a certas passagens da Torá hebraica e os que a repudiam veementemente; os que acham que Jesus era um sábio, ou um anjo, ou um mestre ou a própria divindade. 

Neste oceano de divergências compartilhadas eles têm, porém, três princípios em comum: 1) o de que o caminho para a salvação se faz pela gnose, ou conhecimento direto e individual de Deus, e não pela fé em algo transmitido por terceiros; 2) a idéia de que conhecer Deus é se conhecer, isto é, que cada pessoa possui uma faísca do divino em si; e 3) uma certa insolência ou arrogância que se revela tanto no estilo de seus evangelhos como no menosprezo que devotam aos opositores ortodoxos, para eles uns "tolos" e "falsos cristãos". 

Como se dá o diálogo entre esses pensadores e o cristianismo? 

Na verdade esses pensadores –pregadores, lideranças ou escritores- são tão cristãos quanto os que ficaram com o título. O diálogo e debate é intenso e feroz, eles se acusam mutuamente (de ímpios ou tolos) e há mesmo autores que dizem ser impossível imaginar a Igreja sem eles, pois eram a sombra uns dos outros, tamanha a competição, e em pé de igualdade. Dois padres da Igreja escreveram profusamente sobre eles no segundo século, Irineu de Lyon e Tertuliano de Cartago –este último foi tão zeloso em sua campanha que seu purismo acabou levando-o a ser excomungado pela própria Igreja. 

Quando Irineu e Tertuliano acusam os gnósticos de "serpentes, escorpiões, devassos", o que lhes incomoda são principalmente dois traços de seus adversários: a imaginação (muitas vezes desenfreada ), e a audácia. 

A principal acusação de Irineu era a de que os gnósticos não possuíam "o medo de Deus em seus corações". Para este primeiro teólogo da Igreja, o medo da punição divina era o que forjava um bom cristão, e como os gnósticos não pareciam movidos a medo, sugeriu que o melhor método para tratar estes adversários internos era "ferir fundo a besta". A principal crítica de Tertuliano -além de seu horror ao "despudor" das mulheres que participavam como iguais dos cultos gnósticos- era que estes "dissidentes" misturavam platonismo, isto é, filosofia, com cristianismo, e se permitiam a veleidade de pensar como bem entendiam. A "humanidade" (sic) com que os gnósticos se tratavam, assim como o "atrevimento" de suas mulheres , além da mania petulante deles de "perguntar sobre tudo" eram, segundo Tertuliano, vícios imperdoáveis. 

Mas o mais interessante, agora que se pode ler na íntegra as idéias contidas nos manuscritos gnósticos, é notar o quanto a teologia dita ortodoxa nasceu, na verdade, de um empréstimo das idéias gnósticas, viradas do avesso. Por mais que Irineu e Tertuliano abominassem a imaginação gnóstica, foi nela que beberam. A teologia ortodoxa nasce como uma teologia da refutação, em que os éons dos gnósticos foram transformados em anjos, a ignorância (para os gnósticos, fonte de todo mal) virou pecado e a questão do sofrimento humano foi equacionada no livre-arbítrio. 

Em que o gnosticismo pode ser importante para as reflexões contemporâneas? 

Em uma palavra: no amor à liberdade. Os gnósticos eram ridicularizados e atacados por seus oponentes tanto por seu "excesso de imaginação" , isto é, pela livre interpretação que faziam da mensagem cristã (um de seus críticos dizia que eles empilhavam doutrinas como quartos de aluguel, e que havia tantos gnosticismos quanto membros de uma congregação), quanto por sua excessiva tolerância –eles admitiam que mulheres virassem bispos, adotavam o sistema de funções em rodízio, e achavam que o contato com Deus era direto e não precisava da intermediação de uma casta sacerdotal. A principal lição destes anarquistas espirituais é o elogio da convivência, o gosto pela diferença, e uma profunda antipatia por dogmas e autoridades auto-proclamadas. Numa época como a nossa, em que os fundamentalismos religiosos de todos os matizes ganham terreno, o gnosticismo é uma rara e feliz mostra de que, certa vez, foi possível conciliar o ímpeto pelo sagrado com a autonomia e liberdade de cada indivíduo, deixando os assuntos de Deus a cargo e competência de cada um, em vez de excluir, perseguir e matar coletivamente em Seu nome.

Páginas Difíceis da Bíblia - 25/03/2017 - O livro de Hebreus - parte VII

quinta-feira, 23 de março de 2017

V Encontro Nacional de Estudos Egiptológicos

Grupo de Estudos Kemet (GEKemet) é responsável pela coordenação dos estudos acadêmicos sobre o Egito Antigo na Universidade Federal Fluminense (UFF) desde 2014, tendo iniciado nossa trajetória na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2013, com apoio do Laboratório de História Antiga (LHIA-UFRJ).
Adentramos na UFF com o intuito de suprir o espaço deixado pelo nosso excelentíssimo Prof. Dr. Ciro Flamarion Cardoso, possibilitado pela filiação ao Centro de Estudos Interdisciplinares da Antiguidade (CEIA-UFF). A partir dessa premissa, realizamos reuniões quinzenais com o objetivo de discutir livros acadêmicos com os interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre a sociedade egípcia antiga.
Nos últimos anos temos recebido o apoio dos principais especialistas brasileiros da área, grande parte deles ex-orientandos do Prof. Ciro Flamarion. Assim, o diálogo e aliança institucional é uma das nossas pretensões mais sagradas. Com isso, a nossa consolidação enquanto grupo de estudos é gradativamente crescente. E após realizarmos inúmeras reuniões e cursos de extensões, decidimos por dar continuidade a um evento acadêmico que já fora organizado por nosso patrono juntamente com o Prof. Dr. Moacir Elias Santos.
Nos dias 28, 29 e 30 de Março de 2017, acontecerá o “V Encontro Nacional de Estudos Egiptológicos: Ciro Flamarion Cardoso” na Universidade Federal Fluminense, em homenagem ao Prof. Ciro. Para que o nosso evento seja um sucesso e para que consigamos consolidar o diálogo e a divulgação inter e intracomunidade acadêmica, esperamos contar a sua presença e divulgação.
Cordialmente,
Comissão Organizadora

quarta-feira, 15 de março de 2017

Páginas Difíceis da Bíblia - 11/03/2017 - O livro de Hebreus - parte VI

Páginas Difíceis da Bíblia - 04/03/2017 - O livro de Hebreus - parte V

Programa Ecclesia: Os Quatro fins da Santa Missa – Ecclesia – 12/03/2017

Programa Ecclesia – 05/03/2017 – É Possível Conciliar Catolicismo e Espiritismo?

Programa Ecclesia – 26/02/2017 – A sacralidade da liturgia - parte 2

Conversando com John Dominic Crossan / Conversation with John Dominic Crossan


Conversando com John Dominic Crossan / Conversation with John Dominic Crossan (Edição Bilíngue / Bilingual Edition)
Organizadores: Daniel Brasil Justi & Lair Amaro dos Santos Faria

“Um pesquisador que declara, a respeito de seu trabalho, ter o propósito de, um dia encontrando o Jesus histórico, poder ouvir dele: “li seu livro, Dominic, e é muito bom. (...) Obrigado, (...), por não falsificar a mensagem para adaptá-la à sua própria incapacidade. Isto pelo menos é alguma coisa”, não poderia esperar tranquilamente, da parte dos círculos acadêmicos, teológicos, religiosos e leigos, somente aplausos.
As controvérsias suscitadas pelos resultados heurísticos obtidos por Crossan, via de regra, coincidem com aspectos nucleares da fé cristã. Isso talvez explique tamanha repercussão de suas ideias. Há os que avaliem essa repercussão com ceticismo, aqueles que a veem como algo positivo e tantos outros que a tomam como objeto de reflexão e crítica dialógica. É precisamente essa questão, ou seja, a enorme repercussão de suas ideias, que motivou o presente livro. Formulada de outra maneira, a questão poderia ser: o que torna Crossan leitura obrigatória para estudantes dos paleocristianismos, no particular, e os cristianismos como um todo, no geral?" - Os organizadores, 
Daniel Brasil Justi & Lair Amaro dos Santos Faria.

Livro de Bolso: 
12 cm por 18 cm Preço
R$30,00 + FRETE

quarta-feira, 1 de março de 2017

Programa Ecclesia – 29/03/16 – Estado Laico e Liberdade Religiosa

Programa Ecclesia – 21/06/16 – O que acontece após a morte?

Programa Ecclesia – 06/09/2016 – O Pentateuco